Rali de dois anos dos emergentes foi apenas o começo, apontam maiores gestoras do mundo

Firmas como Franklin Templeton e BlackRock apostam que as ações e títulos de nações em desenvolvimento continuarão se apreciando nos próximos meses e anos, à medida que compensam mais de meia década de desempenho inferior ao dos EUA

Bloomberg

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(Bloomberg) — Estes dois anos de valorização dos ativos de países emergentes foram só o começo, na opinião de algumas das maiores gestoras de recursos do mundo.

Firmas como Franklin Templeton e BlackRock apostam que as ações e títulos de nações em desenvolvimento continuarão se apreciando nos próximos meses e anos, à medida que compensam mais de meia década de desempenho inferior ao dos EUA.

O otimismo prevalece em um ambiente de preços esticados dos ativos globalmente e temores de que não são sustentáveis — especialmente com o banco central americano reduzindo os estímulos que alimentaram os ganhos passados. Mesmo neste contexto, os mercados emergentes vão se beneficiar de preços estáveis das commodities, aceleração do crescimento econômico e melhora nos balanços patrimoniais desde que um período de ansiedade em relação aos juros dos EUA em meados de 2013 desencadeou um amplo movimento de perdas (que ficou conhecido como taper tantrum), na avaliação de Michael Gomez, que supervisiona US$ 40 bilhões em dívidas de países emergentes na Pacific Investment Management Co (Pimco).

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“Ainda achamos os preços dos ativos de mercados emergentes justos ou baratos”, afirmou Gomez, que trabalha em Newport Beach, na Califórnia, administrando um fundo de títulos denominados em moeda local que superou 72 por cento de seus pares no último ano. Qualquer eventual queda de preços “seria um movimento relativamente breve e temos munição para tirar vantagem disso”.

Os fluxos para fundos mostram os investidores reticentes no retorno aos mercados emergentes desde o taper tantrum, mas isso está mudando. Segundo dados compilados pela Bloomberg, durante quatro semanas consecutivas, entrou dinheiro nos fundos negociados em bolsa (ETFs) que compram ativos de países em desenvolvimento, sendo que os maiores fluxos foram para Brasil, China, Hong Kong e Taiwan.

Outro sinal de que as bolsas de nações emergentes ainda têm espaço de sobra para subir é que a quantia dedicada aos mesmos pelos gestores de carteiras ainda é menor do que se observava antes da crise financeira de 2008, explicou Stephen Dover, que supervisiona US$ 416 bilhões na Franklin Templeton. Ele tem alocação de maior peso em ações do Brasil e Argentina, apostando na continuidade das reformas políticas, e também em ações do Vietnã e Indonésia, devido à perspectiva de crescimento econômico robusto.

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“O mercado acionário está batendo recordes porque não há alternativa”, disse Dover, diretor de investimentos para a divisão de mercados emergentes, falando de Ho Chi Minh. “Os EUA tiveram um desempenho tão desproporcionalmente superior nestes últimos anos que é preciso haver algum equilíbrio. Em termos relativos, os mercados emergentes tendem a superar os EUA nos próximos três a cinco anos.”

As bolsas de países em desenvolvimento se aproximam de seus maiores níveis em registro, após salto de 28 por cento neste ano, e caminham para o maior avanço anual desde 2009. Títulos soberanos denominados em dólares diispararam 8,8 por cento e bateram recordes neste mês, enquanto os títulos de nações desenvolvidas proporcionaram retorno médio de 7,1 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. As moedas de nações emergentes estão no maior nível em relação ao dólar desde outubro de 2014.

Tombos no curto prazo não estão descartados. Em 20 de setembro, o Federal Reserve anunciou que começará a reduzir seu balanço patrimonial a partir de outubro, efetivamente revertendo a política de dinheiro fácil que ajudou a embalar os valores substanciais de ativos financeiros ao redor do mundo.

A reação de Wall Street aos planos do Fed até o momento foi silenciosa. O dólar fraco alimenta o otimismo em relação aos ativos dos países em desenvolvimento. Os déficits em conta corrente – a métrica abrangente de comércio internacional que preocupava em 2013 – têm menos da metade do tamanho observado quatro anos atrás em países como África do Sul e Turquia.

Versão em português: Taís Fuoco em São Paulo, tfuoco1@bloomberg.net.

Repórteres da matéria original: Ben Bartenstein em Lima, bbartenstei3@bloomberg.net, Daniela Guzman em N York, dguzman26@bloomberg.net.

Para entrar em contato com os editores responsáveis: Rita Nazareth, rnazareth@bloomberg.net, Jeremy Herron, jherron8@bloomberg.net, Brendan Walsh

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