Raízen (RAIZ4) crê em queda no preço “altíssimo” do etanol; valorização do petróleo impacta combustível

Os preços da gasolina no Brasil estão atrás dos preços internacionais; no etanol, os valores avançam devido à valorização do petróleo bruto

Augusto Diniz

Raízen (Foto: Divulgação)

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O preço do etanol “altíssimo” e o foco no mix alcoólico não devem ocorrer nesse início de ano na Raízen (RAIZ4), como aparecem no balanço do terceiro trimestre do ano safra 2021/2022 da empresa, apresentado nesta terça-feira (15).

Ricardo Musa, CEO, Guilherme Cerqueira, CFO e DRI e Phillipe Casale, Head RI, expuseram a analistas o desempenho da Raízen e já indicam queda no preço do etanol no primeiro trimestre desse ano. Há vários pontos apresentados por eles sobre a questão.

“Os preços da gasolina no Brasil estão atrás dos preços internacionais. Mesmo acontece com o diesel. Mas no etanol, os preços estão altíssimos devido ao petróleo bruto. Em algum momento, a Petrobras (PETR3;PETR4) vai ter que fazer alguma coisa com relação à gasolina. Isso não é sustentável. O Brasil não é autossustentável em relação à gasolina.”

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Na teleconferência, a Raízen informou que a queda no segmento de açúcar ocorreu devido ao foco maior no mix alcooleiro, demanda estável global de açúcar e no nível de preço em dólar que não incentiva expansão da capacidade de produção.

A companhia concentrará a venda de açúcar na entressafra, agora em curso, onde os preços são mais favoráveis.

A Raízen apresentou queda de 20,5% no Ebitda ajustado no segmento de açúcar, por conta do menor volume vendido no período (-17,8%), compensado parcialmente pelo aumento nos preços (+36,1%), em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o Ebitda ajustado no segmento de etanol, na mesma comparação, foi de +62,2%.

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Maior seca dos últimos 90 anos

A empresa informou em seu balanço que o terceiro trimestre marcou o encerramento do período de moagem da safra. Como apresentado nos últimos trimestres, os efeitos da maior seca dos últimos 90 anos e as geadas que afetaram o centro-sul do país, prejudicaram o rendimento dos canaviais. Esse fator, que representou em todo mercado queda de 13% na safra, fizeram os preços da cana-de-açúcar subirem.

O Bradesco BBI, nesse ponto, destacou que a Raízen apresentou resultados sólidos nas divisões de açúcar e renováveis (etanol e energia elétrica), impulsionados por preços muito fortes de açúcar e etanol que compensaram os fracos volumes de moagem.

Índia deve indicar direção do mercado

Os executivos da Raízen apontaram que o principal indicador do preço do açúcar daqui para frente vai ter forte influencia da Índia, que autorizou ano passado o uso do etanol como combustível e deve impactar todo o mercado global de açúcar.

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Executivos da Raízen citaram ainda o programa RenovaBio, que direciona políticas de incentivo para os biocombustíveis, que a cada ano entra em fase mais avançada: “Isso vai criar mais estabilidade ao etanol no Brasil”.

Sobre o projeto de etanol de segunda geração da empresa, que visa à produção mais eficiente do produto, a empresa ressaltou que os dois projetos em construção (um já está em operação) enfrenta gargalo de construção.

“Esse é o nosso principal desafio. Esses gargalos são falta de mão-de-obra e falta de equipamentos. Questão de patente (também). Não é o lado da demanda. Estamos trabalhando para não prometer o que não conseguimos entregar.”

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Os executivos ressaltaram que as especificidades dos equipamentos para atenderem a Raízen são uma questão complexa.

Petrobras (PETR3;PETR4) diminuiu volume de distribuição

Questionados sobre cortes da Petrobras no volume de distribuição de combustível (área também de atuação da Raízen dentro do chapéu marketing e serviços da empresa), executivos da empresa apontam mudança na dinâmica do mercado.

“Vimos no último trimestre que a Petrobras não fez nenhuma importação e mostrou alteração na dinâmica do mercado. A privatização da Rlam (refinaria na Bahia) também levou mudança no cenário e isso foi muito positivo. Essa é uma dinâmica que ia acontecer e está acontecendo. Mercado vai ter que se concentrar na garantia de suprimento. A Raízen não deixou de entregar nenhum volume solicitado.”

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O corte de volume de distribuição de combustível atende uma nova política da Petrobras em função dos desinvestimentos realizados pela empresa.

Os executivos, em outra vertente, disseram que os projetos existentes no Congresso Nacional de redução do custo da gasolina, com taxação menor, são positivos, alegando que “os negócios (do setor) sofrem muito com a sonegação de impostos, então tudo que reduza os tributos vai reduzir a sonegação”.

Negócios da Raízen de distribuição e comercialização cresceram

A Raízen teve crescimento também no segmento de marketing e serviços, que envolve distribuição e comercialização de combustíveis para postos, aeroportos e para clientes no mercado B2B. O Ebitda ajustado neste segmento foi de +90,1%.

Nesse item, a empresa explica que foi “alavancado pela melhora no ambiente de negócios e pela maximização da rentabilidade, suportada pela eficiente estratégia de suprimentos e comercialização nas operações do Brasil”.

Informa ainda que, “adicionalmente, a expansão nas vendas (+7%) também contribuiu para o melhor resultado, com destaque para o Diesel (+12%) dada a crescente demanda nos setores agrícola e de transportes”.

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