Quem se deu bem e quem se deu mal no governo Dilma – e o que esperar daqui para frente

Ações do setor de consumo e do setor financeiro se beneficiaram no mandato de Dilma, mas não devem ter um bom desempenho no segundo mandato; bancos devem ter bom desempenho

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Daqui a um pouco menos de um mês, Dilma Rousseff terá terminado o seu primeiro mandato como presidente, período este considerado difícil para o mercado de ações em função da desaceleração da economia mundial e também por fatores domésticos, como destaca a LCA Consultores. 

A tabela apresenta a evolução dos preços das ações que compõem os índices setoriais criados pela Bovespa.

Alguns pontos chamam atenção. O primeiro é que os setores com maiores valorização no governo Dilma foram aqueles voltados para o consumo das famílias e do sistema financeiro. No primeiro caso, a alta foi de quase 70%, enquanto que as ações dos bancos, das empresas que prestam serviços no setor financeiro e seguradoras tiveram um avanço de quase 50% no governo Dilma”, afirma a consultoria.

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A LCA Consultores ressalta que os resultados não surpreendem, uma vez que a continuidade do crescimento de renda, motivada por um mercado de trabalho robusto e elevadas tranferências de renda por parte do governo, respaldou o avanço mais forte do consumo das famílias tanto por bens como por serviços, tais como saúde e educação. “Neste último caso, os programas de incentivo à educação em nível superior (como Fies e Prouni) também ajudaram na valorização das ações do setor. De fato, enquanto o PIB cresceu em média 1,7% ao ano no Governo Dilma, o consumo avançou 2,9% ao ano no mesmo período”. 

Outro que foi bastante beneficiado é o setor financeiro, que envolve bancos, seguros e “demais serviços financeiros”, foi beneficiado pela política monetária expansionista do BC, praticada em boa parte do governo Dilma. Soma-se a isso o aumento da renda das famílias e o crescimento da demanda por crédito garantiram uma maior procura pelos serviços do setor, como cartões de crédito, seguros e financiamentos.

A LCA ainda elaborou um quadro com as expectativas dos analistas de ações para alguns múltiplos desses setores, com compilação Bloomberg. A Petrobras (PETR3;PETR4) apresenta os múltiplos mais atraentes, o que não chega a surpreender tendo em vista os elevados riscos que se avolumaram em torno dos números da empresa com os desdobramentos da Operação Lava a Jato, afirma a consultoria. 

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E, ao considerar a avaliação dos riscos e benefícios dos diferentes setores, os consultores da LCA veem que as ações do setor financeiro continuam atraentes, principalmente se o governo cumprir a promessa de um ajuste relevante nas contas públicas que derrube o Risco Brasil e reduza as taxas de juros para prazos mais longos.

“E, por fim, a perspectiva de um mercado de trabalho mais fraco no próximo ano pode sinalizar que as ações do setor de consumo estão caras”, afirmam os consultores.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.