Quem foi melhor? Analistas avaliam o resultado de duas rivais em bolsa e elegem sua preferida

Banco de investimento eleva preço-alvo para as ações de uma dessas empresas

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – A temporada de resultados do segundo trimestre está surpreendendo positivamente o mercado, com boa parte das empresas publicando resultados que estão sendo bem recebidos pelos investidores, como vimos no caso de Magazine Luiza e dos bancos. Nesta sexta-feira (4), as duas empresas de programas de fidelidade negociadas em bolsa, Smiles (SMLE3) e Multiplus (MPLU3), foram elogiadas pelos analistas em vista dos números trimestrais e figuram entre os destaques de alta da bolsa: às 13h58 (horário de Brasília), as ações da Smiles sobem 2,47%, cotadas a R$ 66,83, enquanto sua principal concorrente registra valorização de 1,22%, cotadas a R$ 38,97.

Começando pelo grande destaque, a Smiles apresentou receita líquida 8,5% superior ao estimado pelo consenso, enquanto Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) e lucro líquido superaram em 13,2% e 4,8%, respectivamente, a expectativa do mercado. De acordo com os analistas do Credit Suisse, os números positivos foram alavancados principalmente pelo crescimento de 10,5% do faturamento bruto em relação ao segundo trimestre do ano passado, número que também foi elogiado pela equipe do BTG Pactual. Além disso, a redução das despesas gerais, que recuaram 4% na passagem anual, contribuíram para o bom resultado na visão do banco de investimento suíço.

Com os números em dia, o otimismo só não é maior devido a situação de caixa apertada da Gol (GOLL4), que é a controladora da empresa e sua principal parceira no ramo de passagens aéreas. Apesar de um “pé atrás”, o Credit Suisse aponta três pontos que trazem certo alívio com a condição financeira da empresa: i) o valor estratégico dos acordos com companhias aéreas internacionais para o compartilhamento de voos; ii) melhora em todas as métricas operacionais em relação ao ano passado (exceto liquidez) e iii) queda da taxa de juro: reduz as despesas financeiras e ajuda justificar o item ii). Além disso, vale lembrar que a recente queda dólar também ajuda a companhia aérea, já que grande parte das despesas e dívidas são lastreadas pela moeda norte-americana.

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Além do bom resultado, que deve ser repetido no terceiro trimestre na avaliação dos dois bancos de investimento, os analistas do BTG lembram da possibilidade da Smiles pagar aos acionistas dividendos extraordinários por conta do benefício fiscal de R$ 189 milhões resultante da incorporação da Webjet. De olho em tudo isso e a fim de incorporar os bons resultados, o time do Credit Suisse elevou o preço-alvo para as ações da Smiles de R$ 67,00 para R$ 75,00, o que representa um potencial de valorização de 15% frente ao último fechamento.

E a concorrência?

Principal concorrente da Smiles no setor, a Multiplus, que é o programa de fidelidade da Latam, também surpreendeu (em menor proporção) positivamente no segundo trimestre. A receita líquida foi 4,7% superior ao estimado pelo consenso, enquanto Ebitda e lucro líquido superaram em 6,7% e 4,1%, respectivamente, a expectativa do mercado. Segundo os analistas do Credit Suisse, o bom resultado foi impulsionado pelo crescimento de 9,6% (a/a) do faturamento bruto, mas não foi capaz de ofuscar a queda de 25% da receita financeira frente ao mesmo período do ano passado e a compressão de margem decorrente de maiores custos operacionais, pondera o BTG.

Tendo em vista a perspectiva de queda da Selic, o banco de investimento suíço prevê que a receita da empresa decorrente dos ganhos financeiros ao aplicar o caixa recebido à vista na emissão de pontos (Floating) deve seguir em queda neste ano, assim como vislumbram uma tendência negativa para o lucro com spread de pontos (resgates de milhas) em 2017.

Por conta de melhores perspectivas de resultado e momentum operacional, os dois bancos de investimento preferem as ações de Smiles em relação aos papéis de Multiplus, justificando, inclusive, que negociem com um prêmio frente sua principal concorrente. Segundo o BTG, no atual nível de preço e incorporando os resultados, o múltiplo P/L (Preço/Lucro) para 2017 das duas empresas estão próximos de 13,5x e isso não se justifica pelos melhores números projetados para Smiles. Porém, o “risco Gol” também faz preço e por conta disso os dois papéis operam no mesmo nível. Assim, com a companhia aérea resolvendo seus problemas de caixa, o mercado deve pagar a diferença.

Em vista desta percepção de precificação de valor, os analistas do BofA (Bank of America Merrill Lynch) reforçaram a recomendação de compra para as ações da Smiles, como também reiteraram a sugestão de venda para Multiplus, citando também os riscos de crescimento inumerados pelo Credit Suisse, que possui as mesmas recomendações do banco norte-americano.