Quem é Rodolfo Landim, indicado à presidência do conselho da Petrobras (PETR4), e por que seu nome é visto como polêmico

Embora Landim seja visto como experiente, a indicação tem sido vista com ressalvas por conta da proximidade do executivo com Bolsonaro

Augusto Diniz

Rodolfo Landim (Foto: Daniel Apuy/Getty Images)

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No último fim de semana, o governo indicou o nome de Luiz Rodolfo Landim Machado, mais conhecido como Rodolfo Landim, para a presidência do Conselho da Petrobras (PETR3;PETR4), em uma decisão que foi vista como polêmica por certa parte dos analistas de mercado.

Eles destacaram considerar Landim experiente para o cargo. Contudo, por conta de sua proximidade com o presidente Jair Bolsonaro, a indicação tem sido vista com ressalvas.

A Levante Ideias de Investimentos ressaltou que Landim foi funcionário da Petrobras por 26 anos e chegou a ser presidente da antiga BR Distribuidora, hoje Vibra (VBBR3), mas a indicação pode ser vista como um meio de aumentar a influência do governo sobre a estatal, visto a proximidade do executivo com o presidente Bolsonaro.

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A Assembleia Geral Ordinária que definirá novos nomes do conselho está agendada para o dia 13 de abril e três conselheiros terminam os seus mandatos, incluindo o do atual presidente, Almirante Eduardo Bacellar.

O Bradesco BBI não acredita que a saída do almirante tenha algo a ver com a questão sobre o reajuste de preços da Petrobras neste momento. Para o banco, “embora parte do mercado tenha algum ceticismo” em relação ao nome de Landim, seu nome, segundo a instituição, é bastante técnico.

Já o Morgan Stanley avalia que a indicação pelo governo de Rodolfo Landim, em um momento em que a Petrobras precisa considerar importantes decisões de negócios, incluindo preços de combustíveis com a situação de guerra na Ucrânia, “pode gerar ansiedade entre os investidores”.

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A instituição, porém, informou que a política de preços não é uma prerrogativa do Conselho de Administração da Petrobras: “Mas, qualquer intervenção potencial na estratégia da empresa começaria de fato no nível do Conselho, onde o acionista controlador (no caso, o governo federal) poderia exercer seu controle”.

A XP também destaca que, pela proximidade com o presidente Bolsonaro, “isso levanta a bandeira de como ele pode interferir na política de preços da Petrobras”.

Já o Itaú BBA destacou que “embora consideremos positiva sua ampla experiência no setor de óleo e gás, esperamos uma reação neutra do mercado, pois acreditamos que este anúncio não implica em nenhuma mudança na estratégia atual da Petrobras”. O banco tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para PETR4, com preço-alvo de R$ 38,00.

XP e BBI também possuem recomendação equivalente à compra para os ativos da estatal, enquanto a recomendação do Morgan é equalweight (exposição em linha com a média do mercado, equivalente à neutra).

Entre carreira sólida e escândalo

Rodolpho Landim, engenheiro civil, tem pós-graduação em Administração na Universidade de Harvard e curso de especialização em Engenharia de Petróleo na Universidade de Alberta, no Canadá.

Na Petrobras, onde passou 26 anos, foi diretor-gerente de Gás Natural, além de presidente das subsidiárias Gaspetro e da Distribuidora.

Depois de deixar a Petrobras, Landim presidiu a OGX Petróleo e Gás e a OSX Brasil. É cofundador e acionista controlador da Ouro Preto Óleo e Gás e sócio-diretor da Mare Investimentos. Preside o Clube de Regatas do Flamengo desde 2019.

No ano passado, Landim foi denunciado pelo Ministério Público Federal por gestão fraudulenta em um fundo de private equity entre 2011 e 2016. Em paralelo, numa conta no Credit Suisse de Landim, autoridades suíças encontraram suspeitas de irregularidades em movimentações financeiras.

Mais nomes indicados para os conselhos

A estatal também divulgou no sábado os nomes dos 14 candidatos indicados pelo governo para os conselhos de administração e fiscal da companhia.

A lista de candidatos para o conselho de Administração inclui Rodolfo Landim, indicado para a presidência, além do atual presidente da petroleira, Joaquim Silva e Luna, Carlos Eduardo Lessa Brandão, Luiz Henrique Caroli, Márcio Andrade Weber, Murilo Marroquim de Souza, Ruy Flaks Schneider e Sonia Julia Sulzbeck Villalobos.

Para o conselho fiscal, os indicados do Ministério de Minas e Energia são Agnes Maria de Aragão da Costa como titular, tendo Marisete Fátima Dadald Pereira como suplente, e Sérgio Henrique Lopes de Sousa para titular, tendo Alan Sampaio Santos como suplente. Os representantes do Tesouro Nacional são Janete Duarte Mol para titular e Otavio Ladeira de Medeiros como suplente.

A mudança no conselho da Petrobras acontece num momento de muita pressão sobre o presidente da companhia, Joaquim Silva e Luna, por conta dos preços dos combustíveis, que, apesar de elevados, não estão acompanhando as oscilações internacionais do petróleo, provocadas pela guerra na Ucrânia.

Segundo a Levante, na Assembleia Geral Ordinária, que definirá o Conselho, espera-se grande escrutínio na candidatura de Landim.

“De qualquer forma, aumentam as pressões sobre a Petrobras. A disparada no preço do petróleo, que em teoria é bom para a companhia, não está sendo repassada, aumentando a defasagem do preço dos combustíveis. Segundo a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), a Petrobras deve repassar esse aumento na cadeia, para que os importadores não sejam prejudicados por uma concorrência desleal, visto que eles compram os produtos com o preço do mercado internacional. Caso não haja o repasse de preços, há o risco da falta dos produtos no mercado interno ou a estatal ‘banca’ essa
diferença com seu próprio balanço, como aconteceu em anos anteriores com a empresa quase quebrando. Já com o repasse, se eleva a pressão política e da sociedade, por conta dos maiores preços dos combustíveis aos consumidores”, destaca a casa de research.

(com Estadão Conteúdo)

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