Quem é Roberto Campos Neto, o economista que tem o desafio de substituir Ilan no comando do BC

Sua missão é aparentemente mais tranquila que a de seu antecessor, mas ele também enfrentará muitos desafios  

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em novembro de 2018, quando o economista Roberto Campos Neto foi indicado por Jair Bolsonaro para a presidência do Banco Central, o mercado financeiro comemorou. Neto de Roberto Campos – conhecido por seu ideal liberal e ministro do Planejamento durante o governo de Castelo Branco -, Campos Neto resolveu deixar uma carreira de 18 anos no banco Santander para assumir o desafio.

Sua missão é aparentemente mais tranquila que a de seu antecessor, Ilan Goldfajn, que chegou ao cargo com uma inflação de dois dígitos e a entregou dentro da meta por três anos consecutivos.

Mas outros desafios rondam o mandato de Campos Neto, como um ambiente externo complicado e a necessidade de continuar com a agenda de aumento de competitividade no setor financeiro. Além disso, o BC vem sendo criticado por alguns economistas por ser conservador nos juros. Para esses críticos, as taxas poderiam ser mais baixas, já que a economia ainda patina e a inflação está baixa.

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Esses assuntos devem ser tema de sua sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado, prevista para começar às 10h desta terça-feira.

Relação antiga com Paulo Guedes

Aos 49 anos, Campos Neto deve se tornar presidente do Banco Central somente agora, mas está envolvido nos assuntos do futuro governo há mais tempo. Em agosto de 2018, dois meses antes da eleição de Bolsonaro, Campos Neto já se dividia entre as suas funções no Santander e as reuniões feitas por Paulo Guedes, hoje ministro da Economia, sobre o programa do futuro governo. Guedes, aliás, conheceu Campos Neto ainda garoto, por intermédio do avô Roberto Campos.

Nascido e criado no Rio de Janeiro, Campos Neto deixou a cidade e se formou em economia em 1993 pela Universidade da Califórnia, instituição onde também concluiu o mestrado em economia em 1995.

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De olho no mercado financeiro, Campos Neto encerrou a sua carreira acadêmica e foi para o banco Bozano, Simonsen, em meados da década de 1990, onde virou “trader”, operando derivativos, juros e ações.

O Bozano foi comprado pelo Santander, em 2000, e Campos Neto permaneceu lá, tendo apenas a sua carreira interrompida no banco por um breve período em 2004, quando ele foi trabalhar na gestora Claritas. Recebeu convite para voltar a trabalhar no Santander e aceitou.

No banco, ele chefiou áreas como a renda fixa internacional e, em 2010, liderou a mesa de formação de mercado da diretoria, tornando-se depois diretor da área nas Américas. Entre 2010 e 2018, foi membro do Conselho Executivo do Santander Investment no Brasil e, internacionalmente, e foi membro do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, em 2018.

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O postulante ao cargo de presidente do Banco Central é atualmente assessor de Paulo Guedes e integrou a comitiva brasileira no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.

Estilo de trabalho

Em entrevistas à Bloomberg, alguns colegas que trabalharam com Campos Neto durante seus 10 anos no Santander disseram que ele é um negociador habilidoso, com abordagem flexível que o ajuda a construir relacionamentos duradouros com chefes, funcionários e clientes.

Além disso, acreditam que Campos Neto poderá dar contribuições ao Banco Central. “O banqueiro central moderno tornou-se muito mais tecnologicamente sofisticado, e alguém como Campos traz habilidades únicas à equação, já que ele trabalhou em um banco muito grande, sabe como os mercados funcionam, entende o ambiente regulatório e tem contatos fantásticos pelo mundo”, disse à Bloomberg Hari Hariharan, presidente e gestor do NWI Management. “Ele é um cara pragmático”, acrescentou Hariharan, que trabalhou no Santander e conhece Campos há 16 anos.

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(Com informações da Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.