Quedas de 80% do Bitcoin são coisa do passado e não devem mais acontecer, dizem especialistas

Diretor de investimentos da QR Asset admite bear market da criptomoeda, mas defende tese de longo prazo

Paulo Barros

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O Bitcoin (BTC) já acumula queda de cerca de 42% desde a máxima histórica de US$ 69 mil atingida em novembro de 2021 e, em meio a um cenário macroeconômico incerto, alguns investidores temem que o recuo pode não ter terminado. No entanto, quem acompanha o mercado há mais tempo não acredita que as perdas deverão se estender tanto quanto em outros períodos de baixa.

Entre 2013 e 2015, e entre 2017 e 2018, por exemplo, a criptomoeda despencou mais de 80% dos topos históricos. “Eu não acredito mais que esses movimentos vão acontecer com essa magnitude”, avaliou Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da QR Asset em entrevista ao Cripto+ na noite de ontem.

“A maturidade da classe de ativos é outra, o perfil de investidor [é outro], sobretudo os que têm um horizonte mais longo, que vão olhar movimentos de queda mais agudos como oportunidade de compra”, explicou Ludolf.

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O especialista admite que a criptomoeda passa atualmente por um bear market (período de baixa prolongada), catalisado pelas preocupações do investidor com relação ao esperado aumento agressivo da taxa de juros dos Estados Unidos como meio de enfrentar a inflação.

No entanto, ele ressalta que o cenário cripto mudou muito nos últimos anos e, por isso, a probabilidade de ver o preço do BTC cair tanto quanto antes é muito baixa – um recuo de 80% dessa vez, vale lembrar, equivaleria a uma queda da moeda digital para cerca de US$ 13.800.

A confiança está em um momento mais favorável em termos de adoção institucional, e sobretudo em avanço tecnológico. A crescente popularização de carteiras de criptomoedas e de tecnologias como a rede Lightning, que acelera e barateia transações com Bitcoin, seriam um sinal de que a indústria  em torno do ativo digital se estabeleceu e, por isso, o Bitcoin deve ter espaço garantido na carteira dos investidores.

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“Quando a gente vê a adoção da Lightning crescendo 800% em 12 meses, pra mim, é um indicador antecedente bastante importante do preço do Bitcoin”, aponta o diretor da QR Asset, gestora de fundos de cripto e responsável por três ETFs de ativos digitais negociados na B3.

Quando a queda pode terminar?

Se no longo prazo a aposta é certa para especialistas do ramo, o curto prazo pinta um cenário mais incerto para as criptomoedas. Entre altos e baixos desde o final do ano passado, o Bitcoin, que segue dando o tom do mercado como um todo, ensaiou uma alta em março, mas já perdeu todos os ganhos no mês de abril e chegou a cair para menos de US$ 40 mil ontem.

O “inverno cripto”, no entanto, pode não durar tanto tempo quanto pensam os mais pessimistas. “Existiram movimentos do passado recente do Bitcoin em que foram até mais de dois anos para recuperar. Mas, outros movimentos na ordem de 50%, como o que a gente teve, em dois ou três meses já voltou para cima”.

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Um desses momentos aconteceu em 2017, quando o BTC recuou de US$ 5 mil para US$ 3 mil, e recuperou o patamar anterior em cerca de 40 dias. Na sequência daquele ano, o preço explodiu para a máxima de então, de US$ 20 mil – um salto de 300%.

“Se você tiver apetite de risco e estômago para aguentar a volatilidade, em menos de dois anos, em geral, [o investimento] se paga, e se paga bem, mesmo comprando no pior momento”, lembrou Ludolf.

A chave para sair do momento de baixa seria a redução da correlação do Bitcoin com a Nasdaq, que vem aumentando desde o segundo semestre do ano passado. A aposta é que isso ocorra no momento em que o ciclo de aumento dos juros termine.

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“A descorrelação é na recuperação. Pode cair mais ou menos junto, mas a recuperação será muito mais rápida”, apontou o executivo da QR. “É uma tecnologia que está substituindo uma tecnologia legada, toda a infraestrutura [do mercado financeiro] que é a mesma desde 1980”.

O que acontece no curto prazo?

A perspectiva do ponto de vista de análise técnica parece concordar até aqui com a visão do especialista da QR Asset. Também em participação durante o Cripto+, o trader Vinícius Terranova disse que os gráficos apontam a possibilidade de queda para, no máximo, US$ 20 mil, o que resultaria em perda de 71% da máxima. No entanto, um recuo tão agudo assim seria improvável.

Por ora, analistas acreditam que o BTC tem um suporte (preço com alto interesse de compra) muito forte próximo dos US$ 30 mil, que coincide com o preço médio de grandes compradores da criptomoeda, como a americana MicroStrategy, que possui quase 130 mil bitcoins avaliados em cerca de U$ 4 bilhões.

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Como próximos passos, Terranova aposta em retomada de no máximo até US$ 43 mil a US$ 47 mil, o que deve preceder uma nova queda para menos de US$ 40 mil, parando dessa vez possivelmente na faixa de US$ 37 mil a US$ 35 mil – se este nível for perdido, aumentariam as chances de a criptomoeda voltar a ser negociada por US$ 30 mil.

No fechamento da matéria, o BTC operava em alta de 5,6% nas últimas 24 horas, a US$ 41.585.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos