Queda do dólar para R$ 3,70 é oportunidade de compra em meio à pressão externa, diz analista

Para José Faria Júnior, apesar do dólar estar em tendência de baixa de médio prazo por aqui, a moeda lá fora segue forte, em tendência de alta

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O mercado reagiu com euforia no último pregão ao anúncio dos primeiros pontos da nova reforma da Previdência que será proposta pelo governo Jair Bolsonaro. O dólar comercial, porém, já havia fechado no momento que a notícia saiu e, por isso, tem uma queda mais acentuada nesta sexta-feira (15), se descolando tanto da queda do Ibovespa quanto do recuo apenas leve do dólar futuro.

Às 14h27 (horário de Brasília), o dólar comercial tinha queda de 0,59%, cotado a R$ 3,7182 na venda, muito próximo da mínima do dia, quando foi cotado a R$ 3,7033.

Para José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, apesar desta euforia momentânea e mesmo com o dólar em tendência de baixa de médio prazo por aqui, a moeda lá fora (Dollar Index) segue forte, em tendência de alta de médio e de longo prazo.

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Diante disso, o analista aponta que cotações próximas de R$ 3,70 “podem
ser consideradas como a primeira oportunidade de compra”, ou seja, não há muita força neste momento para sustentar a moeda em um valor abaixo disso.

Bolsonaro e a equipe econômica do governo decidiram na tarde de ontem que a proposta de reforma da Previdência fixará uma idade mínima de 65 anos para aposentadoria de homens e 62 anos para mulheres, com um período de transição de 12 anos. O governo calcula que a reforma vai permitir uma economia de R$ 1 trilhão nos próximos dez anos.

Analistas, porém, ponderam que será uma disputa dura no Congresso e que é possível que o texto final sofra alterações sobre estes pontos anunciados inicialmente. “Evidentemente, haverá muitas negociações, sobretudo com relação a benefícios sociais e aposentadoria rural. Se a economia for de R$ 1 trilhão em 15 anos, será uma boa reforma”, afirma Faria.

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Por se tratar de uma PEC (proposta de emenda constitucional), a reforma da Previdência precisa ser votada em dois turnos na Câmara e depois no Senado, com apoio de no mínimo dois terços dos deputados e dos senadores em cada votação.

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Nesta semana, durante evento de premiação do Ranking InfoMoney-Ibmec, em São Paulo, o gestor de um dos melhores fundos do país destacou que suas apostas neste momento estão na alta do real (queda do dólar). “Eu enxergo um fundamento muito bom para a valorização do real. Câmbio é o mercado de que mais gosto no momento”, afirmou Marcello Siniscalchi, diretor da Itaú Asset Management.

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“Preferimos investir no mercado cambial. O Brasil tem um balanço de pagamentos extremamente saudável. O déficit de conta corrente é pequeno e facilmente financiável pelo Investimento Direto”, disse Siniscalchi. O fundo Itaú Equity Hedge Multimercado ficou em primeiro lugar na categoria multimercado.

Para o investidor, é preciso seguir com cautela. Apesar da euforia com o primeiro anúncio da nova reforma da Previdência, o dólar segue pressionado por fatores externos e enquanto não sair algo concreto ou a reforma realmente começar a andar no Congresso, a volatilidade tende a seguir dominando o mercado.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.