Quebra do Cruzeiro do Sul deixará sistema bancário mais forte, diz Fitch

Depois de atuação diferenciada do BC na liquidação da instituição, agência acredita que sistema será estimulado a melhorar ainda mais seus procedimentos operacionais

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Banco Cruzeiro do Sul foi liquidado na última sexta-feira (14), em uma atuação diferenciada do Banco Central, no qual deve levar os investidores e depositantes a examinarem com mais cuidado os bancos com os quais operam, disse a agência de classificação de risco Fitch Ratings.

Embora o impacto da decisão no sistema bancário seja “insignificante”, em função do tamanho da instituição, o procedimento adotado pelo BC difere substancialmente da abordagem dos reguladores em relação a outras intervenções bancárias, nas quais os credores eram tratados como parte de um todo e as soluções normalmente derivaram de fusões com instituições que se encontravam em melhores condições, conforme encorajado pelos reguladores brasileiros, disse a agência. 

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Para a Fitch, essa medida deverá resultar em uma análise mais criteriosa de determinados bancos de menor porte, cujos perfis financeiros têm sido mais fracos do que os bancos de maior porte. Contudo, apesar das pressões sobre a liquidez e o aumento dos custos de captação terem sido comuns, a agência considera que a alegada fraude identificada no Cruzeiro do Sul seja um caso pontual. 

Ela frisa, entretanto, que o evento deixa benefícios importantes para o sistema bancário, que será estimulado a melhorar ainda mais seus procedimentos operacionais, pois os investidores provavelmente analisarão com mais profundidade seus investimentos, já que saberão que os reguladores brasileiros poderão não socorrê-los em caso de liquidação de bancos. “Uma combinação dessas tendências deverá levar a um sistema bancário mais forte e mais consolidado”, comentou a agência.

Diante desse cenário, a Fitch afirmou que vai continuar monitorando as tendências de regulamentação bancária no Brasil, e em qualquer outro país, a fim de incorporar essas mudanças de ratings.

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O que aconteceu com o Cruzeiro do Sul?
Apesar da maioria dos credores nacionais e internacionais terem aceitado a proposta de reestruturação feita pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), com um “perdão” médio de 49,3% na dívida do banco, a instituição não recebeu nenhuma oferta de compra, que era o segundo passo essencial para sua reestruturação. 

O FGC, entretanto, afirma que a maioria dos depósitos, que totalizavam quase R$ 2 bilhões, serão honrados pelo fundo, que garante até R$ 70 mil no caso de depósitos regulares elegíveis, e até R$ 20 milhões no caso do DPGEs (Depósitos a Prazo com Garantias Especiais) do FGC. Com isso, grande parte das perdas será arcada pelos detentores de dívida sem garantias, em torno de 58% da captação total, e pelos acionistas, que serão os últimos a receber.