Qualicorp (QUAL3): números do 1º trimestre sofrem impacto de Ômicron e sazonalidade; ações fecham em queda de 12,80%

O número de cancelamentos (churn) de planos é uma fonte de preocupação, conforme destacou a companhia em teleconferência

Felipe Alves

Qualicorp Store Reprodução

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Ainda que totalizando um número de 115,2 mil adições brutas de vidas em seu resultado do primeiro trimestre de 2022 (1T22), uma alta de 15% frente o mesmo período de 2021, a Qualicorp (QUAL3) registrou 131,2 mil cancelamentos no período (queda de 12,7% versus o 1T21). Ou seja, apesar da melhora dos números, um saldo negativo no trimestre, com mais desistências do que adições. Em teleconferência de resultados, Bruno Blatt, CEO da empresa, destacou que esses números são reflexos dos desafios da Ômicron e da sazonalidade no período.

Já o lucro líquido, que caiu 35% ano a ano, teve impacto negativo do aumento da despesa financeira dado o cenário de juros no país, principalmente em relação ao ano passado. “Isso deve continuar pressionando o lucro nos próximos trimestres”, segundo o CFO, Frederico de Aguiar Oldani comentou na call de resultados.

Para 2022, a companhia destacou em teleconferência que segue na estratégia de crescimento orgânico na carteira de adesão de clientes, além do foco em adicionar novas operadoras pelo Brasil – já são mais de 100 operadoras.

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Após os resultados, as ações fecharam em forte queda, de 12,80%, a R$ 10,49, perto das mínimas do dia. O Itaú BBA apontou que os números do 1T22 mantiveram a tendência observada no 4T21, devido a um cenário ainda desafiador de adições líquidas orgânicas no segmento de saúde-afinidade, que pesou no faturamento do trimestre.

A empresa também relatou uma lucratividade mais fraca em relação ao ano anterior, com provisões para dívidas incobráveis ​​mais altas, embora tenha mostrado uma ligeira melhora no trimestre.

O Credit Suisse também ressaltou que a companhia sofre com a continuação dos fenômenos observados nos trimestres anteriores: redução de beneficiários nos planos de afinidade, efeito negativo do mix nos tíquetes e pressão de custos impulsionada pela inflação, entre outros.

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O Credit Suisse possui recomendação neutra para o papel, com preço-alvo de R$ 18, ainda um potencial de valorização de cerca de 50% frente o último fechamento. Já o BBA tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 23, ou upside de 91%.

Número expressivo de cancelamentos

O número de cancelamentos (churn) de planos é uma fonte de preocupação, conforme destacou a Qualicorp na teleconferência.

Os dados melhoraram: a empresa reduziu em 12,7% o número de cancelamentos no 1T22 em relação ao mesmo período do ano anterior (de 150,2 mil vidas para 131,2 mil vidas), sendo o menor churn dos últimos cinco trimestres. Contudo, o cenário difícil de juros e inflação altos, pandemia e lockdown na China e a guerra Rússia/Ucrânia ainda levam a um “número expressivo de cancelamentos”, segundo o CEO.

“A crise que estamos vivendo no mundo e no Brasil é um dificultador para qualquer companhia, inclusive a nossa. Acompanhamos os cancelamentos caso a caso para dar mais resultados”, destacou Bruno.

A inadimplência ainda está em níveis elevados (10,7% no 1T22), mas abaixo do pico do 3T21 (14,1%) e também do 1T21 (12,1%). A “notícia boa”, segundo a empresa, é que a inadimplência não se estabilizou e vem apresentando melhoras marginais mês a mês.

“Fazemos muita pesquisa dos cancelados, principalmente por inadimplência. O que notamos é a perda de renda e o impacto da inflação, que vêm pesando no bolso dos clientes, e isso tem ajudado nos cancelamentos”, pontua Elton Hugo Carluci, diretor de novos negócios da Qualicorp.

Várias ações foram implementadas nos últimos meses pela companhia para atuar nas retenções de clientes e reverter esses cancelamentos. O objetivo principal agora é entrar no terceiro trimestre deste ano com patamar normalizado de cancelamentos. Até por que, a expectativa da Qualicorp é que no 3T22 haja maior pressão por conta dos reajustes, de 19% a 20%, segundo Elton.

Nova dívida de R$ 1,7 bilhão

Na noite de terça-feira (10), a Qualicorp anunciou que seu conselho de administração autorizou a contratação de instituições financeiras de planos de saúde para viabilizar uma captação de dívida de longo prazo de cerca de R$ 1,7 bilhão.

Segundo o CEO, isso deve ocorrer ao longo do segundo trimestre, com o objetivo de rolar dívidas que estão vencendo no fim deste trimestre e do terceiro trimestre de 2022.

No comunicado, a Qualicorp destacou que o objetivo é endereçar vencimentos de curto prazo e melhorar a estrutura de capital e o fluxo de caixa futuro.

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