Qualicorp fecha em queda de 20% com Operação, mas sobe 2% após empresa negar envolvimento

Confira os principais destaques da Bolsa desta sexta-feira (29)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Apesar dos resultados positivos no campo econômico, mas sem boas expectativas pela frente, o Ibovespa fechou em forte queda na sessão desta sexta-feira, com baixa de 2,25%, no pior pregão desde 26 de março, pressionado por bancos, Vale, Petrobras e blue chips. Das 66 ações do Ibovespa, só seis fecharam em alta, enquanto o destaque negativo ficou para a Qualicorp. Confira os principais destaques do Ibovespa: 

Qualicorp (QUAL3, R$ 19,00, -19,66%)
As ações da Qualicorp têm uma tarde conturbada de sexta-feira. Após três leilões, as ações da companhia fecharam em queda de 19,66%, a R$ 19,00, com um volume de R$ 201,17 milhões. Os papéis chegaram a cair 26% em meio à notícia do jornal O Globo de que o dono da companhia, José Seripieri Filho, estava no alvo da Operação Acrônimo. 

Hoje, a Polícia Federal deflagrou a Operação, que tem como alvos empresários que doaram para partidos políticos na campanha de 2014. A Polícia deteve Marcier Trombiere Moreira, ex-funcionário do Ministério das Cidades que atuava na campanha do candidato eleito ao governo de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).

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Mais tarde, O Globo divulgou que a empresa não foi alvo da Operação, como divulgado anteriormente. O dono da empresa aparece entre alvos da operação, mas ainda não há informação sobre a ligação dele com o caso investigado. Procurada pelo InfoMoney, a assessoria da empresa negou a informação e disse que não se passava de um rumor. Com isso, no after market, as ações subiram 2%, passando de R$ 19 para R$ 19,38 e atingiram o limite de oscilação (+2%) para as operações após o fechamento do mercado. 

Construtoras
As ações de construtoras registraram ganhos em meio às novas medidas implementadas pelo Banco Central, mas fecharam o dia em movimentos mistos. Cyrela (CYRE3, R$ 10,87, +0,83%) fechou com leves ganhos, enquanto MRV (MRVE3, R$ 7,60, -1,81% )fechou com perdas. Enquanto isso, fora do Ibovespa, Direcional (DIRR3, R$ 5,60, 0%) ficou estável e Eztec (EZTC3, R$ 16,46, +0,55%) diminuiu fortemente os ganhos.  A Gafisa (GFSA3, R$ 2,38, -4,80%) registra forte baixa.  

O Banco Central decidiu aumentar a oferta de crédito para o Sistema Financeiro da Habitação que enfrenta uma escassez de recursos, por conta da queda de quase R$ 30 bilhões dos depósitos da caderneta de poupança neste ano. Assim, adotou a possibilidade de os bancos sacarem 18,0% do compulsório sobre as cadernetas de poupança, que foi elevado de 20% para 24,5%. Ao mesmo tempo, a exigibilidade adicional foi reduzida de 10% para 5,5%. Essa decisão aumentará em R$ 22,5 bilhões o crédito habitacional em novos financiamentos. Outra medida adotada foi a restrição para os bancos aplicarem o percentual de 65% dos recursos da poupança para o financiamento imobiliário.  

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As medidas são positivas para as empresas de construção civil, que vinham sofrendo com restrições de crédito por parte dos bancos, taxas de juros mais elevadas – com impacto no volume de distratos –, além da contração da demanda”, destaca a Concórdia Corretora. 

Bancos
Os bancos registraram queda nesta sexta-feira, com destaque para o Bradesco (BBDC3, R$ 26,20, -3,61%; BBDC4, R$ 28,21, -2,69%) e Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 34,33, -2,47%).

Conforme destaca a LCA Consultores, a nova medida do BC prejudica os bancos privados, mais atuantes no segmento de crédito com recursos livres, onde o CDB é um instrumento importante de captação. A Concórdia Corretora ressalta que a medida beneficia mais os bancos públicos, em relação aos recursos da poupança e ao crédito habitacional, e é levemente negativa do ponto de restrição adicional de recursos para outras linhas de crédito, com o aumento do compulsório sobre depósitos a prazo. Contudo, o Banco do Brasil (BBAS3, R$ 22,94, -2,05%) também registrou forte queda.

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Vale (VALE3, R$ 20,05, -2,39%, VALE5, R$ 16,76, -2,56%) e siderúrgicas 
Após abrir em queda, as ações da Vale se recuperaram e ficam perto da estabilidade; mas, no fim da tarde, os papéis voltaram a cair forte. Hoje, os preços de minério de ferro registram perdas. O minério de ferro spot no porto de Qingdao cai 0,77%, a US$ 61,85. 

A CSN (CSNA3, R$ 6,16, -6,24%), por sua vez, viu seus papéis caírem forte pela segunda sessão seguida, também repercutindo a queda da commodity. Na última quarta-feira, o BTG Pactual rebaixou a recomendação dos ativos para venda e reduziu o preço-alvo para R$ 5.

A Usiminas (USIM5, R$ 5,10, -0,78%) também viu seus papéis registrarem queda. A companhia comunicou ontem que pretende reduzir a jornada de trabalho de 3 mil funcionários administrativos, em um dia útil por semana, em todo o país. A medida, que visa evitar demissões, também consistirá na redução proporcional dos salários. Vale ressaltar que, a decisão final, ainda deve ser negociada com os sindicatos e obter aprovação da categoria. “Conforme já comentamos, o cenário para a siderurgia está desafiador nos últimos períodos, refletindo a desaceleração da indústria, sobretudo, automotiva, linha branca e construção civil. Portanto, salientamos nossa visão negativa para Usiminas, que, além do cenário econômico adverso, ainda sofre com imbróglios societários”, avalia a Concórdia Corretora. 

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Gerdau (GGBR4, R$ 8,67, -2,36%)
A Gerdau tem um dia volátil na Bolsa, mas fechou em queda forte. As ações da companhia de siderurgia abriram em alta e após um sobe-e-desce na Bolsa, volta a registrar perdas. A companhia teve a sua recomendação elevada de marketperform (desempenho em linha com a média do mercado) para outperform (desempenho acima da média do mercado) pelo Bradesco BBI. Contudo, o preço-alvo foi reduzido de R$ 15,50 para R$ 13,00. 

Com base na estimativa de Ebitda em R$ 4,7 bilhões para 2015 (anteriormente R$ 5 bilhões), a Gerdau seriam negociadas a um múltiplo entre o valor da empresa e o Ebitda de 6,5 vezes este ano, mais ou menos em linha com a sua média histórica de 6,9 vezes.

“Em nossa opinião, o pessimismo sobre a demanda de aços longos já está precificado e isso deve mostrar um bom ponto de entrada”. O Bradesco BBI destaca que a Gerdau está enfrentando um mercado desafiador no Brasil, com a demanda por aços longos atingida pelo mercado imobiliário lento, bem como um abrandamento dos investimentos em infraestrutura.

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Educacionais
Os papéis das companhias de educação chegaram a registrar ganhos no início da sessão, mas fecharam em movimentos mistos. A Estácio (ESTC3, R$ 18,30, +2,23%) subiu 2,23% e a Kroton (KROT3, R$ 11,43, -1,55%) fechou em queda. Segundo a coluna Radar, da Veja, o Ministério da Educação vai liberar R$ 1,1 bilhão para quitar débitos do Fies.

Prumo (PRML3, R$ 0,52, +1,96%)
As ações da Prumo Logística voltaram a subir após terem disparado 18,60% na sessão anterior, os papéis atingiram o maior patamar desde dezembro de 2014. Os ativos chegaram a subir 13,73%, mas diminuíram os ganhos. A companhia revelou que está em negociações avançadas com potenciais parceiros societários e comerciais, envolvendo o seu terminal de movimentação de petróleo e multiuso. Com a alta, os papéis da companhia bateram hoje o maior patamar de fechamento desde dezembro de 2014, a R$ 0,51. 

No comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a companhia esclarece, no entanto, que não tem conhecimento de ato ou fato relevante que possa justificar essa disparada dos papéis neste pregão. A companhia disse que ainda que, conforme informado em 10 de abril, continua em negociações avançadas com os bancos credores para alongar o perfil da dívida da companhia. Além disso, ela comunicou que estuda outras formas de obtenção de recursos para implementação do seu plano de negócios. 

Telefônica (VIVT4, R$ 44,85, +1,13%)
As ações da Telefônica Brasil viraram para alta nesta sessão, após chegarem a cair mais de 1% e conseguiram ser uma das poucas a fechar em alta nesta sessão. Ontem, a companhia concluiu ontem a compra da GVT, ao aprovar em Assembleia Geral Extraordinária a ratificação do contrato de compra e venda com a Vivendi. A empresa pagou parte do valor total, equivalente a € 4,663 bilhões (cerca de R$ 16 bilhões), incluindo assunção de dívida, em recursos financeiros levantados por meio de aumento de capital, e parte em emissão de ações da nova companhia, equivalentes a 12% do capital social da empresa.

A AGE da companhia elegeu Amos Genish para liderar o processo de integração das duas empresas. Ele assume o cardo de presidente da empresa, além de tornar-se membro do Conselho de Administração.

A Vivendi disse nesta sexta-feira que contabilizará 4,2 bilhões de euros de ganhos antes de impostos com a venda da operadora de banda larga brasileira GVT, o que ajudará a empresa a pagar dividendos intermediários. 

A companhia disse que também recebeu uma fatia de 12% na Vivo, da Telefônica Brasil, e que trocará 4,5% por 8,3% das ações ordinárias da Telecom Italia nas próximas semanas.  As ações da TIM Participações (TIMP3, R$ 9,51, +0,42%) registram leves ganhos. 

Metal Iguaçu (MTIG4, R$ 1,90, -24%)
Um dia após o grupamento de ações na razão de 50 para 1, as ações da Metalgráfica Iguaçu (MTIG4) despencaram 24%, a R$ 1,90. Os papéis preferenciais da produtora de latas de aço fecharam na véspera a R$ 0,05 e, com o grupamento, passaram a valer R$ 2,50. Já os ativos ordinários (MTIG3), que estavam cotados a R$ 0,20, passarão a valer R$ 10,00 na Bovespa.

Com isso, o total de ações que compõem o capital social da Metal Iguaçu diminuirá de 312.516.000 para 6.250.320. Desse montante, 2.083.440 são ordinárias e 4.166.880 são preferenciais, informou a companhia na ata da assembleia geral de acionistas realizada em 29 de abril, quando foi aprovada a proposta de grupamento. Assim, o valor de mercado da empresa não sofrerá alterações mesmo com o aumento do valor de face das ações.

A operação, em um primeiro momento, é vista como positiva no sentido de trazer maior liquidez para ativos que eram negociados próximos de R$ 0,01. Mas o que se tem isto na prática é que os grupamentos têm aberto espaço para que aquelas ações que não tinham mais como cair simplesmente voltem a cair. Isso porque embora o valor de face da ação tenha aumentado, os fundamentos da empresa permanecem os mesmos de quando ela valia poucos centavos. Ou seja, se a companhia não conseguir mostrar uma melhora de perspectiva após o grupamento, a tendência é que suas ações simplesmente tenham mais espaço para cair na Bolsa.

MSCI
Hoje há também o rebalanceamento semianual do MSCI, índice que serve como referência para muitos fundos estrangeiros. A nova carteira do MSCI Brazil, já antecipada na metade de maio, excluiu as ações da Bradespar PN (BRAP4, R$ 11,14,-1,15%), Eletrobras ON (ELET3, R$ 6,45 -3,44%) e Gerdau Metalúrgica PN (GOAU4, R$ 7,80, -1,89%), esta última caindo 22% desde o anúncio da saída do MSCI. A expectativa do Credit Suisse é que a Bovespa registre um saída de US$ 200 milhões com o rebalanceamento do MSCI devendo trazer diminuição de peso para o Brasil. 

No dia em que o MSCI antecipou sua nova carteira, 13 de maio, os papéis da Bradespar, Eletrobras ON e Gerdau Metalúrgica desabaram na Bolsa. As quedas naquele pregão foram de 4,08%, 8,9% e 6,09%, respectivamente. 

Já entre as ações que tiveram suas participações elevadas, os destaques ficaram com Klabin (KLBN11, R$ 19,00, -0,78%), Pão de Açúcar (PCAR4, R$ 85,65, -0,42%), Cetip (CTIP3, R$ 33,27, -3,62%), mas que registram baixa. Já a Suzano (SUZB5, R$ 16,68, +0,79%) e Oi (OIBR4, R$ 7,07, +6,64%), que viram sua recomendação ser elevada, viram seus ativos subirem. 

Petrobras (PETR3, R$ 13,25, -2,65%, PETR4, R$ 12,33, -2,68%)
As ações da Petrobras tiveram um dia de queda com um noticiário bastante movimentado para a estatal.

De acordo com informações do jornal O Globo, o novo plano de negócios da estatal para o período 2015-19 deve somar US$ 145 bilhões, US$ 75 bilhões abaixo dos US$ 220,6 bilhões de 2014-18, afirmou o jornal, citando fonte não identificada do setor.

O novo plano deve ser anunciado em junho. Até agora, já havia anunciado que investiria US$ 30 bilhões em 2015 e US$ 25 bilhões em 2016.

Ontem, respondendo ao pedido de esclarecimento da BM&FBovespa, a Petrobras afirmou que não há qualquer decisão de desinvestimento envolvendo a BR Distribuidora. “”Fatos julgados relevantes sobre este tema serão tempestivamente comunicados ao mercado””, disse a estatal em comunicado enviado à imprensa. A consulta da Bovespa vem logo após as notícias indicarem a possibilidade da Petrobras realizar a abertura de capital da da BR Distribuidora no 2º semestre deste ano, como forma de captar recursos para equilibrar seu preocupante endividamento.

Em outro comunicado, a companhia disse, também nesta noite, que usará os R$ 4 bilhões que serão captados com a emissão de debêntures para bancar o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), uma das principais obras investigadas pela Operação Lava Jato. Orçado em US$ 13,5 bilhões, o projeto foi suspenso sem a conclusão da primeira fase, em janeiro, diante da escassez de recursos da companhia. Agora, a estatal quer levantar mais recursos, com rentabilidade “incentivada”, para cobrir custos já executados e outros investimentos estratégicos.

Além disso, foi informado nesta noite que o Grupo Schahin, uma das companhias investigadas pela Operação Lava Jato, que está em recuperação judicial, irá ingressar imediatamente com ações nos tribunais brasileiros contra decisão da Petrobras de encerrar contratos de afretamento e serviços de cinco navios/plataformas.

 A estatal confirmou ainda nesta sexta-feira em comunicado que os descontos estabelecidos sobre contratos de gás natural serão reduzidos gradativamente até o fim de 2015, uma medida com impacto para os custos da indústrias.

Mas a estatal frisou que não houve mudança na política de preços do insumo, que permanecerá precificado conforme os acordos vigentes. “Essa medida visa restabelecer o alinhamento dos preços relativos dos energéticos, preservando, contudo, a competitividade do gás natural no mercado”, afirmou a Petrobras, após informação da Associação das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) sobre o encerramento da política de descontos.

Cia Hering (HGTX3, R$ 12,90, +1,10%)
Após cinco quedas, as ações da Cia Hering voltaram a subir. O papel tinha experimentado dias de alívio após a derrocada que os papéis sofreram após a divulgação do balanço do primeiro trimestre, dia 8 de maio.

O resultado, que foi visto como ruim por analistas de mercado, jogou a ação do patamar de R$ 18,00 para níveis próximos a R$ 12,00 e figurando perto das menores cotações desde 2010. Além da avaliação negativa, as perspectivas para os próximos trimestres segue fraca, com a própria companhia apontando retomada apenas no último trimestre deste ano. 

Rumo (RUMO3, R$ 1,26, -3,82%)
Em dia de noticiário bastante movimentado, as ações da Rumo registraram baixa. A administração da Rumo Logística divulgou ontem uma proposta de grupamento de ações na proporção de 10 para 1. A proposta será votada em Assembleia a ser realizada no dia 12 de junho de 2015. A companhia também destacou que planeja captar R$ 5 bilhões neste ano, como parte de seu plano de negócios 2015-2019. 

Já no noticiário do dia, destaque para a notícia da coluna Veja Mercados. De acordo com a notícia, a ALL e sua joint venture de transporte de contêineres, a Brado Logística, estão sendo investigadas pela ANTT por praticarem preço abaixo do mercado no transporte de contêineres, o que estaria prejudicando concorrentes. 

Por fim, o JPMorgan iniciou a cobertura para os ativos com recomendação overweight, destacando que há catalisadores de curto-prazo da companhia. 

QGEP (QGEP3, R$ 7,70, +3,77%)
O papel da QGEP subiu após companhia confirmar potencial de Carcará. A companhia 
anunciou que o segundo poço de extensão confirmou o potencial da descoberta de Carcará, situado no Bloco BM-S-8, na Bacia de Santos, identificando acumulação de óleo leve (31° API) nos reservatórios do pré-sal.

O poço 3-SPS-105 (3-BRSA-1290-SPS), informalmente conhecido como Carcará Norte, comprovou a extensão para norte da descoberta de óleo leve (31° API), em reservatórios carbonáticos de excelente qualidade, situados logo abaixo da camada de sal, a partir da profundidade de 5.820 metros.

Ao término da perfuração está prevista a realização de um teste de formação para avaliar a produtividade dos reservatórios. Ainda em 2015 está programada a continuidade da perfuração do primeiro poço de extensão, Carcará Noroeste, prosseguindo com as operações previstas no Plano de Avaliação.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.