Qual o maior sucesso econômico dos últimos 25 anos? Resposta é surpreendente

Artigo publicado no portal americano Market Watch mostra que este país, que comemora aniversário de independência hoje, passou de uma indústria arcaica para uma economia moderna - mas ainda enfrenta desafios

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Qual o grande sucesso econômico dos últimos 25 anos? Muitos podem dizer que é a China, outros poucos votariam em Índia, Brasil, Turquia… a lista de candidatos é extensa. Contudo, poucos pensariam imediatamente na Polônia, país que completa hoje o aniversário de sua independência e tem muitos motivos para comemorar. 

Para Matthew Lynn, colunista do Market Watch, em matéria de agosto de 2014, o país é a maior história de sucesso econômico dos últimos 25 anos. “Em meio a pesadas indústrias da era soviética, força de trabalho mal treinada e poucos recursos naturais, havia poucas perspectivas de uma rápida transição para níveis de maior prosperidade”, escreve Lynn em sua coluna. Porém, aponta, a Polônia realizou profundas reformas, privatizando indústrias muito rapidamente e restaurando os livres mercados competitivos. Os salários do governo foram restritos, os impostos limitados e instaurou-se um ambiente para uma economia mais competitiva. 

Como resultado, a Polônia tem registrado um sucesso brilhante. Desde que aderiu à União Europeia em 2004, a sua economia cresceu a uma média de 4% ao ano, entre as taxas mais rápidas em todo o continente. O PIB (Produto Interno Bruto) per capita é superior a US$ 10 mil”, ressalta Lynn. 

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O colunista ressalta que o país enfrenta muitos desafios mas reforça que é um prenúncio de que a defesa de impostos mais baixos e mercados mais livres pode levar ao sucesso econômico em muito pouco tempo. 

Ucrânia: história semelhante, desfecho contrário
Fazendo referências à história da queda do regime polonês, Lynn ressalta que não havia perspectivas para o país, mas que foram revertidas. Por outro lado, a Ucrânia, país que compartilha uma história semelhante, vê uma ilustração do que poderia ter se tornado, uma vez que continua pobre, subdesenvolvida e politicamente caótica.

Na Polônia, ressalta, a indústria foi privatizada e muito rapidamente. Os oligarcas não foram autorizados a confiscar os bens do estado. Ao contrário, as empresas privadas adequadas foram estabelecidas que tinham que competir em mercados livres e competitivos. No início, muitos deles não tinham a menor ideia do que fazer ou o que fazer. Mas eles podem aprender tão rapidamente quanto qualquer outra pessoa, e agora a Polônia conta com prósperas indústrias privadas, afirma o colunista.

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As empresas são tributadas a uma taxa de 19%, um dos níveis mais baixos da Europa, com exceção da Irlanda e alguns paraísos fiscais e o governo não pode pedir dinheiro emprestado para gastar o dinheiro que não pode levantar em impostos.

Liberdade econômica? Pouca, mas em evolução
A Polônia não é um mercado livre e perfeito, estando no 50º lugar do ranking da liberdade econômica. Contudo, afirma, ela vem subindo ano a ano na lista. E os resultados têm sido impressionantes. 

Entre 1989 e 2007, a sua economia cresceu 177%, tendo um único ano de recessão. A previsão é que o país cresça 3%, apesar das condições difíceis na Europa Ocidental, o principal mercado para as suas exportações. E, de todas as nações da Europa, é o único a igualar a Alemanha em consistência de crescimento na última década: com a Alemanha desacelerando, a Polônia pode ultrapassá-la. 

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É verdade que há alguns problemas, com poucas empresas polacas se internacionalizando e muito do seu crescimento tendo como base de produção as empresas alemãs. E seus dados demográficos também são desafiadores. A população começou a declinar suavemente, o resultado de uma baixa taxa de natalidade, e altos níveis de emigração.

No entanto, à medida que cresce a riqueza no país, no entanto, a diáspora polaca pode começar a voltar para casa. Há uma estimativa de 500 mil poloneses na Grã-Bretanha – se algum deles decidir voltar, suas habilidades irão beneficiar enormemente a economia, afirma.

Por outro lado, o mistério é que o mercado de ações não tem realmente notado isso ainda. O índice da bolsa de Varsóvia ficou um pouco acima está por volta dos 50 mil pontos, ainda abaixo dos 67 mil de 2007 e não manteve o ritmo com outros mercados emergentes.

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“Isto certamente irá mudar. A China está abrandando seu crescimento. O Brasil está decepcionando os investidores. A Rússia não é mais tido como um investimento minimamente seguro. Mas a Polônia está construindo uma economia desenvolvida e moderna – e qualquer um que investe nesse processo certamente será recompensado”, finaliza.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.