Quais elétricas ganham e quais perdem com novas regras para leilão da Aneel em junho?

Mudanças nas regras do leilão de potência impactam têm movimentado ações da Eneva, mas outros papéis também são afetados

Murilo Melo

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As novas regras de leilão para junho da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para contratar mais potência para o sistema elétrico brasileiro foram divulgadas na véspera e já abalaram ações de elétricas.

Na última quinta-feira, as ações da Eneva (ENEV3) caíram 9,3% com o mercado repercutindo as novidades , ainda que registrando recuperação de cerca de 5% nesta sexta-feira (3). A visão era de que as novas regras poderiam limitar a capacidade da empresa de participar com usinas térmicas a gás, como as do complexo Parnaíba, mas analistas viram o movimento como exagerado e veem oportunidades de mitigação e potenciais ajustes no texto governamental que poderiam beneficiar a empresa.

O mercado avalia que as diretrizes anunciadas pelo MME para o leilão de potência elétrica marcam uma mudança importante no setor energético brasileiro, com impactos distintos entre os principais players.

Segundo o relatório da XP Investimentos, a decisão de separar usinas existentes e novas visa estimular a expansão da capacidade instalada, mas pode prejudicar termelétricas existentes cujos contratos de compra de energia (PPAs) expirarem após julho de 2027, que ficarão impossibilitadas de competir nos produtos a partir de 2028. Entre as afetadas, conforme a corretora, destacam-se as usinas Parnaíba I e III, da Eneva, embora ainda haja oportunidades para novos projetos próximos à usina Celse, em Sergipe.

A XP identifica Copel (CPLE6), Auren (AURE3) e Eletrobras (ELET3, ELET6) como as principais beneficiárias das novas regras, devido à definição de um único produto hidrelétrico para 2030, que permite a ampliação de capacidade hídrica.

O relatório do Itaú BBA, por outro lado, diz que o atraso na publicação das diretrizes por parte do MME vinha postergando o andamento operacional de órgãos como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), mas agora a definição dos principais pontos viabiliza o certame, previsto para ocorrer em 27 de junho.

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Os analistas do Itaú BBA apontam que a criação de sete produtos específicos, com diferentes prazos de suprimento e características técnicas, configura um mercado mais segmentado, permitindo maior competitividade. Entre as empresas que devem se beneficiar das regras, o Itaú também destaca Copel, Auren, Engie (EGIE3) e Eletrobras.

O BBA também concorda que a Eneva é identificada como uma das mais impactadas negativamente, sobretudo devido às limitações impostas para térmicas com PPAs expirando e critérios mais rigorosos para elegibilidade.

As regras de flexibilidade exigem que os ativos atendam a critérios mínimos específicos, divididos entre novos e existentes, sendo mais rigorosos para os projetos greenfield. Além disso, as diretrizes confirmam que termelétricas movidas a carvão, diesel ou óleo combustível estão excluídas da competição, alinhando-se ao objetivo de transição energética.

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A segmentação dos produtos térmicos por ano de início de suprimento e a introdução de um único produto hidrelétrico para 2030 visam alinhar incentivos para novos investimentos, mantendo a segurança do sistema elétrico.