Proposta sobre IR implicará aumento de impostos e prejuízo à captação, diz associação de companhias abertas

A Abrasca representa 85% do total do valor de mercado da B3, cerca de 120 grupos negociados na Bolsa e mais de 260 empresas

Estadão Conteúdo

(Rmcarvalho/Getty Images)

Publicidade

A Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) criticou, em nota, a proposta do governo para mudar o Imposto de Renda. O texto prevê a taxação de lucros e dividendos, retira isenção de alguns tipos de investimentos e decreta o fim do Juro sobre Capital Próprio (JCP), instrumento usado pelas empresas de capital aberto (com ações em Bolsa) para distribuir lucros a seus acionistas, entre outras mudanças.

“Pelas informações divulgadas, a proposta implicará aumento de impostos e prejuízo à captação de investimentos, num momento crucial em que o País necessita atrair capital e manter sua competitividade”, afirma a entidade.

A Abrasca representa 85% do total do valor de mercado da B3, cerca de 120 grupos negociados na Bolsa e mais de 260 empresas.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Na avaliação da entidade, se a proposta for aprovada, haverá aumento na carga tributária em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Por isso, diz a associação, o assunto não deve ser debatido “em caráter de urgência”. “É preciso análise criteriosa e discussão ampla com a sociedade”, afirma.

O governo busca aprovação do projeto ainda este ano para que as mudanças possam valer em 2022, inclusive o reajuste na tabela do Imposto de Renda para a Pessoa Física (IRPF), que beneficiará trabalhadores assalariados em ano de eleições presidenciais.

Segundo a Abrasca, mesmo com a redução do IRPJ de 25% para 20% até 2023, a tributação das empresas permanecerá elevada. “A tributação em cascata dos dividendos em 20% e o fim da dedutibilidade do JCP (juros do capital próprio) aumentarão, em termos reais, a carga fiscal sobre empresas e investidores”, critica.

Continua depois da publicidade

“Com a proposta apresentada, a reforma afastará o investidor, de modo geral – e, entre as opções de investimento em mercado emergente, com esse tipo de mudança, o Brasil ficará ainda menos atrativo. Neste, que é um momento de retomada, o Brasil mandará um sinal negativo para o mercado global. A queda do Ibovespa após o anúncio já expressa o sentimento do mercado”, afirma a entidade.

A associação afirma que as mudanças vão impactar o mercado de capitais, que pode perder relevância como fonte de atração de investimentos e afastar novos participantes que recentemente entraram na Bolsa.

“Por sua vez, as empresas tenderão a buscar dinheiro em outras fontes que não o mercado de capitais, gerando maior busca por recursos que vão aumentar os juros. A proposta aumenta o custo Brasil, com reflexos inflacionários diretamente no bolso do brasileiro”, diz a Abrasca. A entidade pede reflexão e um “debate técnico e amplo” do texto apresentado. “Do contrário, a reforma tributária terá um efeito contrário ao que se propõe”, afirma.

Curso gratuito mostra como iniciar carreira no mercado financeiro começando do zero, com direito a certificado. Inscreva-se agora.