Promessa de Draghi tira pressão sobre dívida de países periféricos

Expectativa sobre plano de compra de bônus do BCE derruba juros de dívida de Espanha, Grécia e Itália

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SÃO PAULO – Uma nova indicação de que o BCE (Banco Central Europeu) irá intervir no mercado de dívida, para ajudar países em dificuldades financeiras, provoca a queda generalizada dos juros sobre bônus de nações periféricas da Europa, em especial de Grécia e Espanha, nesta terça-feira (4). 

Conforme a imprensa internacional, o presidente do BCE, Mario Draghi afirmou que a instituição tem a “responsabilidade” de atuar nos mercados da dívida. A declaração vem apenas três dias antes da reunião da autoridade, quando se espera o anúncio oficial de um plano para compra de dívida soberana de Itália e Espanha.

“Draghi defendeu o programa do BCE de compra de bônus a médio prazo (de até três anos) nos mercados secundários, ante a Eurocâmara em Bruxelas, com a finalidade de aliviar a carga dos países que pior se financiam nos mercados”, teria dito um eurodeputado, que pediu o anonimato, à agência AFP.

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Pressão sobre os mais ricos
Em contrapartida, a pressão sobre os países europeus mais ricos, como França e Alemanha, é maior nesta sessão. Na noite de segunda, a Moody’s reduziu de estável para negativa a perspectiva do rating Aaa de longo prazo da União Europeia.

A decisão, conforme a agência de risco, reflete o recuo das perspectivas de importantes países membros, como Alemanha e França. Essas duas nações, junto com Holanda e Grã-Bretanha, somam 45% da receita da União Europeia, de acordo com a Moody’s. 

País Rendimento Variação Spread vs. Bund*
Grécia 21,89% -4,54% +20,51
Portugal 9,20% -1,35% +7,82
Itália 5,72% -0,94% +4,34
Espanha 6,64% -3,05% +5,26
França 2,21% +0,27% +0,83
Alemanha 1,38% +0,36%

* Diferença calculada em pontos percentuais. Fonte: Bloomberg

Entenda: quanto maior, pior
Os títulos públicos são uma das maneiras que os governos possuem para se financiar, enquanto a variação diária dos rendimentos decorre das negociações no mercado secundário. O juro pago pelo governo e o valor do papel são definidos no momento da emissão dos títulos, mas este último sofre variação no mercado secundário.

Assim, quanto mais arriscado um investimento, maior será o prêmio demandado pelos investidores no mercado secundário. Portanto, o valor do título recua e, consequentemente, o rendimento no mercado secundário aumenta. Tal variação positiva é uma indicação de que caso o governo opte por emitir novos papéis o custo para se financiar deverá ser maior.