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SÃO PAULO – A SEC (Securities Exchange Comission), órgão análogo à nossa CVM (Comissão de Valores Mobiliários) nos Estados Unidos, proibiu a Egan-Jones de emitir ratings sobre os EUA em uma retaliação pela agência ter rebaixado o governo duas vezes em 2012, alerta Peter Arnold, diretor regional da agência, em entrevista feita por email ao Portal InfoMoney.
Durante o ano passado, o rating foi rebaixado de AA+ para AA-. “Sabíamos que isso aconteceria. A SEC já nos custa milhões de dólares em taxas, e nossos clientes e o público acreditam que isso foi uma ação punitiva por conta de termos rebaixado os EUA pela segunda vez”, afirma Arnold. A medida da SEC ocorre pouco tempo antes de uma nova discussão sobre o teto da dívida – que poderia resultar em um novo rebaixamento.
A 1ª vez que a Egan-Jones rebaixou os EUA foi duas semanas antes da Standard & Poor’s, em julho de 2011 – o posterior rebaixamento pela S&P fez com que os mercados derretessem, com o Ibovespa atingindo os 47.700 pontos em 8 de agosto. Boa parte do mercado olha para as agências menores para tentar descobrir a ação a ser tomada pelas grandes.
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“Alguns disseram que isso foi uma tentativa da SEC de nos tornar um exemplo para a S&P desta vez, uma forma de ‘não rebaixe os EUA novamente ou algo ruim vai acontecer'”, afirma. Ele salienta que a própria SEC havia reconhecido a Egan-Jones como a única agência de rating independente e sem conflitos de interesse.
As instituições norte-americanas, porém, são mais estabelecidas que por aqui – e mesmo esse tipo de medida tem desconfiança por parte de Arnold. “Tenho 100% que isso pode ser uma coincidência. Certamente um braço do governo não tomaria uma ação contra uma agência certificada que rebaixou os EUA, isso seria punitivo”, acredita.
“Agência não perdeu um cliente”
Arnold salienta que a proibição de emitir ratings sobre o governo ou empresas ligadas à ele não atrapalha o futuro da agência. “Não tivemos a perda de um único cliente com tudo isso, eles sabiam do que isso se tratava”, afirma.
Ele salienta que a agência só rebaixou os EUA por não ter nenhum tipo de predileção em relação aos objetos de análise, neste caso, os títulos de dívida norte-americanos, que estão com maior probabilidade de moratória. “Somos uma agência independente e acreditamos que nossos ratings refletem melhor a realidade que as outras agências”, diz.