Problema do Cruzeiro do Sul é de patrimônio e não de liquidez, diz FGC

Fundo Garantidor de Crédito afirma que banco possui dinheiro em caixa; fraude ainda não está descartada

Marcel Teixeira

Publicidade

SÃO PAULO – O FGC (Fundo Garantidor de Crédito), designado como administrador especial temporário do Banco Cruzeiro do Sul (CZRS4) pelo prazo de até 180 dias após a intervenção do BC (Banco Central), afirmou que pode destinar até R$ 2,2 bilhões para pagamento dos credores nacionais da instituição financeira no caso de sua liquidação.

No entanto, a destinação não ocorreu, uma vez que o banco também possui dinheiro em caixa, afirmou Antonio Carlos Bueno, diretor-executivo do FGC, durante encontro com jornalistas realizado nesta segunda-feira (4).

Do valor total informado pelo FGC, R$ 2,1 bilhões seriam referentes a DPGE (Depósitos a Prazo com Garantia Especial) e R$ 100 milhões em fundos de CDB (Certificado de Depósito Bancário) como garantia de até R$ 70 mil por cliente. Segundo Bueno, o Fundo é impedido por lei de garantir operações no exterior, que totalizam R$ 2,8 bilhões, sendo R$ 2 bilhões em bonds comuns e R$ 800 milhões de dívidas subordinadas.

Continua depois da publicidade

O diretor-executivo do FGC, entretanto, frisou que o Cruzeiro do Sul possui liquidez e um patrimônio (R$ 1,2 bilhões) próximo dos valores ventilados – cerca de R$ 1,3 bilhões – e, na pior das hipóteses, teria seu patrimônio zerado.

Fraude não está descartada
O Banco Central encontrou problemas de insubsistência em uma carteira antiga do Banco Cruzeiro do Sul e determinou o Raet (Regime de Administração Especial Temporária) nesta segunda-feira. O FGC afirmou que espera pelo término da auditoria do balanço do banco pela Pricewatherhouse Cooper para ter uma ideia melhor do ocorrido e não descartou a possibilidade de fraude, entretanto, apontou que o caso é diferente do Banco Panamericano.

“Do que temos conhecimento até este momento, o caso do Panamericano era um mecanismo diferente, com problemas contábeis, vendas de carteiras duplicadas, de retenção de pré-pagamentos que não eram repassados para outros bancos, fatos que não temos agora”, disse Antonio Carlos Bueno.