Privatização da Eletrobras “à própria sorte”; EUA não confirmam isenção de taxa do aço ao Brasil e mais destaques

Confira os destaques do mercado na sessão desta quinta-feira (22)

Lara Rizério

Usina Eólica Volta do Rio - Ceará *** Local Caption *** Vista dos aerogeradores durante a visita técnica à usina Eólica Volta do Rio no Ceará. Usina eólica conectada a SE SOBRAL III, Chesf. A usina pertence ao grupo Energimp S/A, controlado pela IMPSA WIND (Industrias Metalúrgicas Pescarmona S.A.).

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo tem como destaque os esclarecimentos da Embraer, apontando que  até o momento não há definição acerca da estrutura da combinação de negócios com a Boeing, enquanto são destacadas as notícias sobre as dificuldades para aprovar a privatização da Eletrobras. Já o governo dos EUA não confirma isenção temporária de Brasil de tarifas sobre aço e alumínio. Veja mais destaques do mercado:

Embraer (EMBR3)

A Embraer reafirmou, sobre as negociações com a Boeing, que até o momento não há definição acerca da estrutura da combinação de negócios entre as companhias, incluindo os porcentuais que as partes eventualmente possuirão caso venha a ser implementada.

A empresa afirma, em comunicado, que as conversas consideram uma possível segregação das atividades de aviação comercial da Embraer para fins da combinação de negócios, entre outras opções.

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“A Embraer e a Boeing têm mantido entendimentos com vistas a avaliar possibilidades para combinação de negócios. Além das duas empresas, o governo brasileiro também participa de tais conversas por intermédio do grupo de trabalho formado para este fim”, ressalta.

A empresa brasileira reitera que não há garantia de que o negócios venha a se concretizar. “Quando e se definida a estrutura para combinação de negócios, sua eventual implementação estará sujeita à aprovação não somente do governo brasileiro, mas também dos órgãos reguladores nacionais e internacionais e dos órgãos societários das duas companhias”, lembra.

Eletrobras (ELET6)

As notícias sobre barreiras para a privatização da Eletrobras também seguem em destaque. Em entrevista à Bloomberg, o deputado Leonardo Quintão (MDB-MG), membro suplente da comissão especial que analisa proposta de privatização da Eletrobras e forte opositor da venda de Furnas, subsidiária da estatal em Minas, disse que a comissão não vai a lugar nenhum. 

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“Tenho certeza que o governo sabe que não passa”, disse ele, que apontou que o governo “está fazendo a obrigação dele, que é tocar e esperar lá na frente fechar um acordo”. A resistência não é só da oposição, vem da base do governo, disse e reiterou: “esse ano, esquece. Impossível. O governo não tem voto para aprovar”.

Já o vice-presidente da Câmara e principal voz da bancada mineira, Fábio Ramalho (MDB-MG), afirmou não ser impossível, “mas é muito difícil”.

O relator do projeto de lei que estabelece as regras para privatização, deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), disse ainda que o governo abandonou a desestatização “à própria sorte”. “O governo não está focado. Quer, mas não faz força. Não se fez presente à comissão”, afirmou durante um seminário que debateu os desafios do setor elétrico realizado na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

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Vale ressaltar que a sessão da comissão especial da Eletrobras na Câmara marcada para a tarde da última quarta-feira foi remarcada para a próxima semana. Em 20 de março, após duas horas e meia de forte obstrução, a sessão foi encerrada sem que plano de trabalho fosse fechado.

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Siderúrgicas

O governo dos Estados Unidos não confirmou que o Brasil foi isentado temporariamente das tarifas de importação de aço e alumínio do país que entram em vigor na sexta-feira, aponta a Reuters.

Ontem, o presidente Michel Temer havia afirmado que tinha recebido mensagem da Casa Branca de que o Brasil seria excluído das tarifas enquanto negocia com Washington sobre isenção das sobretaxas. 

“O departamento de comércio dos EUA não confirma qualquer decisão neste momento. O presidente (Trump) vai tomar as decisões finais sobre exclusões de países”, disse uma porta-voz do representante comercial norte-americano ao ser questionada pela Reuters sobre os comentários do governo brasileiro.

Um decreto presidencial é necessário para qualquer exclusão adicional de país, seja temporariamente ou no longo prazo, algo que ainda não foi assinado por Trump.

Fontes que acompanham o assunto do lado do Brasil, também afirmaram à Reuters que o governo brasileiro não tem a informação de que o país estará isento das tarifas para o aço e alumínio durante as negociações com o governo americano.

Petrobras (PETR4)

A Petrobras recebeu ontem, da Statoil Brasil Óleo e Gás Ltda, US$ 300 milhões, referentes à segunda parcela da operação de cessão de sua participação no bloco exploratório BM-S-8, concluída em 22 de novembro de 2016 com a empresa norueguesa.

O pagamento dessa parcela estava condicionado à assinatura do contrato de partilha do bloco Norte de Carcará, outorgado, em janeiro de 2018, pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A primeira parcela, no valor de US$ 1,25 bilhão, foi paga pela Statoil, no fechamento da operação.

Segundo a companhia, o restante do valor total da operação, para completar o preço base de US$ 2,5 bilhões, será pago na última parcela relacionada à celebração do Acordo de Individualização da Produção, para a unitização do bloco, que ocorre com jazidas adjacentes a campos ou prospectos de reservatórios que ultrapassam a área contratada.

Frigoríficos

A África do Sul suspendeu as importações de carne de algumas empresas brasileiras, por conta de investigação sobre acusações de verificações de segurança falsificadas, diz o Business Day.

A decisão ocorre após nova fase da operação Carne Fraca, deflagrada no início do mês, diz o jornal com sede em Joanesburgo, citando Senzeni Zokwana, ministro da agricultura da África do Sul. 

Vale (VALE3)

De acordo com a Reuters, os fundos de pensão brasileiros liderados pela Previ planejam vender de 10% a 12,5% de suas participações na mineradora Vale por meio de uma oferta pública de ações, disseram quatro fontes.

Essa venda pode atingir até R$ 8 bilhões se o BNDESPAr, braço de investimentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), também vender parte de sua fatia na Vale, disseram as fontes.

CESP (CESP6)

A Cesp teve prejuízo líquido de R$ 102,0 milhões no quarto trimestre de 2017, revertendo o lucro líquido de R$ 71,3 milhões obtido no mesmo período de 2016. A estatal de energia paulista informou que seus números foram impactados por despesas de compra de energia na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, pela atualização do saldo de depósitos judiciais em 2017 (com efeitos retroativos) e por reversão de parte do impairment de anos anteriores referente a Porto Primavera, entre outros fatores. 

Já a receita líquida subiu 14,1% no quarto trimestre de 2017, para R$ 394,2 milhões, ante os R$ 345,4 milhões do mesmo período do ano anterior. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do do período foi de R$ 2,1 milhões, queda de 93,8% ante o Ebitda de R$ 34,0 milhões do quarto trimestre de 2016.  

Anima (ANIM3)

A Anima registrou um prejuízo líquido de R$ 5 milhões no quarto trimestre de 2017, enquanto a estimativa do BTG Pactual era de um lucro de R$ 4 milhões.

Segundo o banco, o resultado veio fraco, com a receita líquida de R$ 242,2 milhões, alta de 5% na base de comparação anual, em linha com as estimativas, mas as  despesas corporativas foram pior que o esperado, levando a uma queda do Ebitda de 14%. 

Os recebíveis também pioraram na base anual (+5 dias) que, combinado com um capex mais alto do que o esperado, resultou numa queima de caixa no trimestre. “Sem dúvida essa não foi a melhor maneira de encerrar um ano que tinha como objetivo marcar o turnaround da cia”, apontam os analistas, que mantêm recomendação neutra para o papel. 

Tecnologia

Destaque para uma notícia que vale a pena ser monitorada e pode ter efeito para o setor de tecnologia. O plenário da Câmara dos Deputados aprovou ontem tramitação em regime de urgência para o Projeto de Lei 8.456/17, que acaba com a desoneração da folha de pagamento para a maioria dos setores hoje beneficiados. O requerimento foi aprovado por 342 votos a 46.

Segundo o projeto, voltam a contribuir sobre a folha as empresas dos ramos de tecnologia da informação, teleatendimento (call center), hoteleiro, comércio varejista e alguns segmentos industriais, como de vestuário, calçados e automóveis. Se a proposta for aprovada, as empresas voltarão a contribuir pela folha de pagamento, com alíquota de 20%, após 90 dias da publicação da futura lei.

Na terça-feira, o relator do projeto, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), informou que apresentará um substitutivo mantendo a reoneração de cerca de 20 setores, enquanto a proposta original previa reduzir a isenção fiscal para quase todos os 56 setores atualmente beneficiados. O projeto é uma das prioridades elencadas pela presidente Michel Temer para equilibrar as contas públicas, com o adiamento da votação da reforma da Previdência.

O governo estuda usar recursos provenientes da reoneração para financiar ações da intervenção federal na área de segurança pública no estado do Rio de Janeiro.

Linx (LINX3)

Ainda sobre o setor, o conselho de administração da Linx aprovou aquisição da Itecgyn Informática, que tem sede em Goiânia, por até R$ 25,5 milhões.

De acordo com a empresa, ela fará um primeiro pagamento de R$ 16,4 milhões  à vista e o restante dependerá do cumprimento de metas financeiras e operacionais entre 2018 e 2020. A Itec atua no segmento de sistemas de gestão para o varejo farmacêutico do Brasil.

O BTG aponta que o racional do negócio é aumentar a exposição  vertical de farmácias, que vem crescendo mais do que a média, além de aumentar mercado endereçável para solução de retail intelligence (voltada inicialmente para vertical de farmácias). Os analistas reiteram visão positiva sobre o case. 

Celesc (CLSC4)

A portuguesa EDP concluiu nessa quarta-feira, 21, a compra de 14,5% das ações da Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) – ou 33,1% do capital votante -, pertencentes à Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil). O valor do negócio foi de R$ 244 milhões, mas pode chegar a R$ 450 milhões com a realização de um leilão de Oferta Pública de Ações Voluntária (OPA).

O objetivo é adquirir até 32% das ações preferenciais da companhia, o que aumentaria a participação total para 33,6%. Com a medida, o grupo se tornaria o maior detentor de ações preferenciais da elétrica e teria direito a mais um assento no conselho, afirma o presidente da empresa Miguel Setas. Hoje a Celesc, composta por geradoras e distribuidoras de energia, é controlada pelo governo do Estado, que detém 50,18% das ações ordinárias da companhia.

Segundo Setas, o negócio faz parte da nova estratégia do grupo que encontrou no Estado de Santa Catarina um ambiente adequado para novos investimentos. “A parceria com a Celesc integra um novo ciclo de crescimento da EDP no Brasil, com ênfase nos segmentos de distribuição e transmissão de energia e na ampliação da nossa presença em novas geografias”, avalia Setas.

Bancos

O Itaú Unibanco, o Banco do Brasil, o Santander e o Bradesco anunciaram na quarta-feira nova redução nas taxas de juros de suas linhas de crédito para pessoas físicas, micro e pequenas empresas, repassando aos seus clientes o corte da taxa básica (Selic) anunciado hoje pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC). 

O Itaú detalha que para pessoas físicas haverá redução no cheque especial e a nova taxa mínima passa a ser 2,08% ao mês. O banco diz que para micro e pequenas empresas também serão alteradas as taxas no cheque especial e capital de giro, mas não especifica quanto.

Já o Bradesco informou que vai repassar o corte de 0,25 ponto porcentual da taxa Selic nas principais linhas de crédito de pessoa física e pessoa jurídica.  O Banco do Brasil informa que, para pessoas físicas, a instituição destaca a linha de crédito parcelado no cartão de crédito, com redução de 0,20 ponto porcentual ao mês. Já para pessoas jurídicas, a redução de juros acontece nas linhas de capital de giro, desconto de títulos e de cheques, antecipação de crédito ao lojista e conta garantida.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.