Primeiras impressões dos resultados: Itaú e Cielo ficam acima do esperado e Porto Seguro decepciona

Confira os destaques do noticiário corporativo desta terça-feira (2)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Além do mercado ficar atento à Europa, que registra queda em meio a temor com os bancos, assim como na nova fase da Operação Lava Jato, o noticiário corporativo é movimentado com destaque para a temporada de resultados (que estão detalhados abaixo), sobre os quais o BTG Pactual fez uma primeira análise dos números, e que pode ter algum efeito na abertura do pregão.

Sobre o Itaú Unibanco, os analistas viram um balanço melhor que o esperado, com o lucro líquido superando em 10% a expectativa. Porém, eles ressaltam que o trimestre não será de fácil leitura por três motivos: i) a incorporação do CorpBanca; ii) um impairment de R$ 540 milhões que passou no NII; e iii) consumo de PDD adicional de R$ 700 milhões.

Já sobre Cielo, o BTG destaca um resultado forte, mas em linha com o esperado já que as expectativas eram altas após um ótimo primeiro trimestre. Para Porto Seguro, os analistas disseram que a primeira leitura é que os números decepcionaram mesmo com o mercado já esperando um resultado fraco. Já a Duratex teve um balanço forte. A Qualicorp teve um resultado levemente acima do esperado, enquanto a MDias Branco teve um balanço “surpreendentemente forte”.

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Confira os destaques desta terça-feira (2):

Itaú Unibanco
O Itaú Unibanco (ITUB4) teve lucro líquido contábil de R$ 5,518 bilhões no segundo trimestre de 2016, alta de 6,4% frente o primeiro trimestre, quando chegou a R$ 5,184 bilhões, mas uma queda de 7,8% frente ao mesmo período do ano passado. Já o resultado recorrente, ficou em R$ 5,575 bilhões, uma queda de 9,1% ante um ano antes. Neste trimestre, o banco passou a consolidar os dados do chileno CorpBanca. A despesa de provisão no segundo trimestre foi de R$ 6,34 bilhões ante R$ 5,77 bilhões na comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto o guidance para a provisão foi elevado para entre R$ 23 bilhões e R$ 26 bilhões.

O maior banco privado do país registrou ROAE (retorno sobre o patrimônio líquido médio) de 20,6% no segundo trimestre, ficando abaixo dos 24,8% no mesmo período de 2015, mas acima dos 19,6% dos três primeiros meses deste ano. Já a margem financeira gerencial ficou em R$ 16,588 bilhões, queda de 3,7% na comparação anual.

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Após divulgar seu balanço, o Itaú publicou dois comunicados ao mercado. O primeiro trata da distribuição de juros sobre o capital próprio complementares aos dividendos pagos mensalmente, no valor de R$ 0,39900 por ação, que serão pagos em 25 de agosto, com retenção de 15% de imposto de renda na fonte, resultando em juros líquidos de R$ 0,33915 por ação. As ações passam a ser negociadas na forma “ex” em 12 de agosto. Além disso, o banco informou que em reunião do conselho foi feita uma proposta de aumento de capital no valor de R$ 12 bilhões, o que levaria o capital do Itaú de atuais R$ 85,15 bilhões para R$ 97,15 bilhões. Para isso, será feita a emissão de 598.391.594 novas ações, sendo 304.704.019 ordinárias e 293.687.575 preferenciais, que serão atribuídas aos detentores de ações, a título de bonificação, na proporção de 1 para 10, sendo que as ações em tesouraria também serão bonificadas.

Banco do Brasil 
O Banco do Brasil (BBAS3) informou que fará uma auditoria interna imediatamente para averiguar possíveis desvios de recursos em contratos com fornecedores de softwares e serviços de informática. No comunicado, o BB afirma “que o Conselho Diretor determinou a realização imediata de auditoria interna, além de constituir um grupo de acompanhamento composto pelas diretorias Jurídica, Suprimentos Corporativos e Patrimônio, Segurança Institucional e Tecnologia”.

A coordenação será da vice-presidência de Controles Internos e Gestão de Riscos, que avaliará todas as medidas a serem adotadas, inclusive eventual necessidade de divulgação de fato relevante.

Cielo
A Cielo  (CIEL3apresentou uma alta de 12,8% em seu lucro líquido do segundo trimestre, atingindo R$ 1,06 bilhão, enquanto a receita líquida consolidada ficou em R$ 3,07 bilhões, um aumento de 9,8% ante o mesmo período do ano passado. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) encerrou o trimestre em R$ 1,35 bilhão, queda de 0,5% em relação a um ano antes.

Em comunicado, a empresa disse que “o acréscimo na receita líquida está relacionado a contínua expansão dos negócios do grupo Cielo, incluindo as receitas oriundas do Arranjo Ourocard na Cateno, as vendas de recarga de celular pela M4U e o efeito da apreciação do dólar na receita gerada nos EUA, da controlada Me-S, parcialmente compensado pela redução da taxa bruta de desconto (Gross MDR) na controladora”.

Vale
A Vale (VALE3;VALE5) informou que assinou um acordo com a Silver Wheaton (Caymans) Ltd., uma subsidiária integral da Silver Wheaton Corp. (SLW), empresa canadense com ações negociadas na Toronto Stock Exchange e New York Stock Exchange, para vender adicionais 25% do prêmio dos fluxos de ouro pagável contido no concentrado de cobre produzido na mina de cobre Salobo durante a vida útil da mina. Foi feito um aditivo ao acordo original de compra de ouro contido no concentrado de cobre para abranger a compra do referido fluxo adicional de 25% do prêmio relativo a esse ouro contido no concentrado de cobre produzido na mina de Salobo, alcançando o total de 75%. 

A mineradora poderá também receber um pagamento adicional em dinheiro, dependendo de sua decisão de expandir a capacidade de processamento do minério de cobre de Salobo acima de 28 Mtpa antes de 2036. Salobo I e Salobo II, que estão em ramp-up, terão capacidade de processamento total de 24 Mtpa de run-of-mine (ROM). Esse valor contingente adicional poderá variar entre US$ 113 milhões e US$ 953 milhões, dependendo do teor de minério, tempo e tamanho da expansão.

Ainda no radar da empresa, segundo a Reuters, a Samarco registrou a adesão de 923 empregados ao seu Plano de Demissão Voluntária (PDV), cujo período de inscrição terminou na última sexta-feira, abaixo da meta de 1.200 desligamentos, e irá avaliar na próxima semana as ações ainda necessárias para readequação do quadro de trabalhadores. A mineradora explicou, em e-mail enviado à Reuters, que os empregados que forem incluídos no processo de demissão involuntário, até 30 de setembro, também terão direito a benefícios, além dos definidos pela CLT, segundo o acordado com os sindicatos Metabase (MG) e Sindimetal (ES), para minimizar impactos.

Petrobras
Segundo o Estadão, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras (PETR3;PETR4), o Petros, teve um rombo de R$ 6,7 bilhões em seus investimentos em empresas no ano passado, considerando apenas as maiores perdas. O valor representa 11% do total do patrimônio do fundo. Até o fechamento do balanço, que acontece no dia 31, esse valor poderá chegar a R$ 8 bilhões, o que elevará o déficit total da fundação. Isso porque o conselho fiscal questiona a valorização de mais de 300%, ou cerca de R$ 1,1 bilhão, contabilizada como investimento na Eldorado Celulose.

Qualicorp 
A Qualicorp (QUAL3) encerrou o segundo trimestre com lucro líquido atribuído aos sócios da empresa controladora de R$ 66,1 milhões, o que representa uma queda de 1,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Em comunicado, a empresa lembrou que os números de 2015 haviam sido afetados pela venda da Potencial, no valor de R$ 45,7 milhões, o que prejudica a comparação.

Enquanto isso, a receita líquida da empresa cresceu 16,5% no trimestre, a R$ 472,6 milhões, ficando acima dos R$ 452,6 milhões projetados pelo analistas consultados pela Bloomberg. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) recuou 5,4%, a R$ 175,3 milhões, enquanto o Ebitda ajustado avançou 15,5%, para R$ 192,2 milhões.

MDias Branco 
A fabricante de alimentos M. Dias Branco (MDIA3), dona das marcas Adria e Basilar, registrou lucro líquido de R$ 184 milhões no segundo trimestre, uma queda de 3,5% em relação ao mesmo período de 2015. Por outro lado, o resultado ficou acima dos R$ 155,8 milhões projetados pelos analistas consultados pela Bloomberg. 

A companhia lembra ainda que o balanço do segundo trimestre de 2015 foi levemente melhor do que o deste ano em decorrência de um reconhecimento de créditos tributários relativos a PIS e Cofins incidentes sobre importações.

Enquanto isso, a receita líquida da companhia cresceu 18%, para R$ 1,32 bilhão, em reflexo do aumento de 8,8% nas vendas. Por outro lado, houve um crescimento de 22,9% nas despesas operacionais, incluindo uma perda de R$ 7 milhões em gastos não recorrentes.

Porto Seguro (PSSA3)
A Porto Seguro viu seu lucro líquido cair de R$ 273,26 milhões para R$ 171,59 milhões em um ano no segundo trimestre, com as despesas aumentando de R$ 3,52 bilhões para R$ 3,93 bilhões no período. Por outro lado, a receita líquida da companhia teve um avanço para R$ 3,93 bilhões, contra R$ 3,68 bilhões no segundo trimestre do ano passado. 

Duratex 
O lucro líquido da Duratex (DTEX3) caiu 98,1% em ano, ficando em R$ 723 mil no segundo trimestre, enquanto a receita líquida aumentou 4,9%, para R$ 1,013 bilhão, no mesmo período. A companhia teve queda de 2,8% na receita no mercado interno, e alta de 50,5% no externo. Já a geração de caixa medida pelo Ebitda caiu 13,5%, para R$ 210,45 milhões.

Cemig 
A Cemig (CMIG4aprovou a contratação do Itaú BBA para a prestação de assessoria financeira, visando desenvolver e propor um modelo de negócios que viabilize a capitalização da Casmig (Companhia de Gás de Minas Gerais), de modo a financiar seu plano de obras e ampliar o seu atendimento ao mercado de Minas Gerais.

Saraiva 
A Saraiva (SLED4) informou que o fundo GWI Asset Management reduziu sua participação em ações preferenciais da companhia para 38,55%. No dia 31 de maio, a GWI afirmou que detinha 44,9% dos papéis, o que representava 17.079.432. Ou seja, desde então, o fundo vendeu 2.415.466 ações preferenciais da Saraiva.

Segundo o fundo, o objetivo de sua participação na empresa é unicamente de investimentos. Vale lembrar que a Saraiva enfrenta uma disputa societária que na última semana levou a mudanças em seu conselho de administração.

Light e CPFL
Em relatório, o Itaú BBA vê a Light (LIGT3) e a CPFL (CPFE3) como pontos-chaves em consolidação. “Como temos dito há algum tempo, a consolidação do mercado de distribuição de energia no Brasil tem sido uma discussão recorrente ao longo dos últimos anos, dada a forma como o modelo regulatório foi moldado”, afirmam os analistas. A CPFL parece ter iniciado uma nova onda de transações no setor de energia com a compra da AES Sul por R$ 1,7 bilhão. 

“Este é outro caso claro de uma empresa eficiente absorvendo uma ineficiente, e esperamos que outras operações aconteçam. Acreditamos que, na maioria dos casos, esta poderia ser uma situação ganha-ganha tanto para vendedores como compradores”. “No entanto, não levamos em conta originalmente que os principais consolidadores pode se consolidar entre si, como ocorreu quando a CPFL foi adquirida pela State Grid”. As distribuidoras ineficientes estão enfrentando um colapso financeiro, com elevada alavancagem e geração de caixa limitada. “Por outro lado, companhias eficientes (CPFL e EQTL) ou até mesmo players ricos (chineses, Enel) poderiam absorver essas concessões desafiadoras. Além disso, você tem um regulador disposto a ver algumas melhorias operacionais em áreas de concessão importantes, incluindo da Eletropaulo e da Light”. 

O Itaú BBA elevou recomendação de Light para outperform porque “vê a companhia como alvo barato de aquisição”. Os bancos cita Light e Celesc entre cias. listadas como potenciais alvos de aquisição por terem “valor de liquidação justo, mesmo em áreas de concessão desafiadoras”. “Obviamente, essas empresas são negociadas abaixo do que julgamos ser um múltiplo justo de negociação dadas suas situações financeiras difíceis”. 

“Em outras palavras, fazer uma forte aposta nesses nomes apenas com base em potenciais eventos de M&A pode ser arriscado. No entanto, o potencial de valorização a partir de uma transação poderia ser igualmente considerável”. Entre cias. não listadas, analistas citam CEEE e Celg ou nomes indiretamente listados, como subsidiárias da Eletrobras.

Embraer
As ações da Embraer (EMBR3) tiveram a recomendação elevada para neutro pelo Bradesco BBI pelo, após a forte queda de 41% no acumulado do ano. “A ação já precifica a deterioração do setor e os resultados da companhia”, destaca o analista Victor Mizusaki. Porém, não há um catalisador positivo no breve futuro. Apesar da elevação de recomendação, o preço-alvo do ADR segue de US$ 20,00. 

Pão de Açúcar
Enquanto o Bradesco BBI elevou a recomendação para as ações do Pão de Açúcar (PCAR4) para neutro, destacando que há um “ponto de inflexão” para a empresa, o Brasil Plural rebaixou a recomendação para os papéis da companhia para equalweight. 

Locamerica
A Locamerica (LCAM3) aprovou vender R$ 190 milhões em debêntures em 11ª emissão. 
A emissão em série única para investidores qualificados terá prazo de 4 anoa, para agosto/2020, com remuneração de DI + 3% ao ano, segundo ata da reunião do conselho de administração que aprovou operação. A emissão terá objetivo de liquidar totalidade das debêntures da 1ª série da 8ª emissão, antecipação do pagamento de parcela da amortização programada das debêntures da 2ª série da 8ª emissão e reforço de caixa da companhia.

Minerva
A Minerva (BEEF3) exerceu a opção de compra antecipada de títulos representativos da dívida que incide juros anuais de 10,875% e com vencimento previsto para 2019, informa a cia. em comunicado divulgado ao mercado. Atualmente, valor total de dívida é de US$ 49,7 milhões; a data de conclusão da operação está prevista para 2 de setembro. O preço a ser pago será de 105,4375% do valor de face, acrescido dos juros apurados e ainda não pagos na data.

(Com Bloomberg e Agência Estado) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.