Prevendo catástrofe? Investidor aposta pesado no “índice do medo”

Como o VIX costuma subir conforme o S&P 500, principal índice de ações dos EUA, caia por lá, os investidores especulam que esse investidor, e todos os outros que operam o VIX, apostam em um cenário de queda sistêmica na bolsa

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Na última semana, um grande investidor norte-americano comprou 100 mil opções de compra do VIX, o famoso “índice do medo” na CBOE (Chicago Board of Options Exchange), aos 16 pontos – estimando que as opções se valorizem com um salto de valorização do próprio índice no mês de fevereiro.

Dessa forma, esse investidor começa a apostar que o VIX venha a sair da região dos 12 pontos, onde opera atualmente, para 16 pontos – o que indicaria uma alta de cerca de 25%. Esse movimento ocorreria caso o nervosismo voltasse ao mercado, já que desde o fim do abismo fiscal, o índice está nas mínimas desde 2007.

Como o VIX costuma subir ao mesmo tempo em que se vê queda no S&P 500 – principal índice de ações dos EUA -, os investidores especulam que esse investidor, e todos os outros que operam o VIX, apostam em um cenário de queda sistêmica na bolsa. Esses temores são amplificados pela proximidade da votação do orçamento nos EUA, que pode ou conter um déficit muito grande, e jogar mais preocupações sobre a situação fiscal do país, ou cortes de gastos, que pode fazer com que o país volte para recessão.

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Opções são operações mais arriscadas
Uma opção é o tipo mais arriscado de investimentos, já que se o VIX estiver abaixo dos 16 no dia do exercício, esse investidor perderá todo os US$ 5,5 milhões já investidos para comprar a operação. Caso esteja acima desse patamar, esse investidor exercerá o direito, pagando US$ 1 para cada ponto, gastando no total US$ 1,6 bilhão. Ele poderá, então, vender os 100 mil contratos ao preço de mercado, embolsando a diferença.

Uma estratégia assim só seria lucrativa se o mercado virasse para baixo de maneira agressiva. De acordo com o Portal CNBC, para cada 1% que o S&P 500 recue, o VIX tende a subir 4%. O investidor estaria apostando em uma queda de 6% no S&P 500 para conseguir lucrar na operação, uma queda tida como agressiva para o índice – bem menos volátil que o Ibovespa.

Mas há momentos em que a volatilidade se eleva: na quinta-feira, dia dessa compra, por exemplo, o S&P 500 caiu 0,20%, mas o VIX subiu 5%. A preocupação com a questão fiscal e política norte-americana traz esse tipo de movimento diferente. A solução rápida e amigável dos problemas futuros, porém, pode fazer com que o VIX não dispare. 

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Compra pode ser segurança
Mas isso não significa que um investidor apostou pesado em quedas. Ele pode ter adquirido como uma forma de proteção de sua carteira: as opções são baratas, mas possuem potencial para potenciais ganhos volumosos. Caso as ações realmente recuem, o VIX tende a se elevar e as opções serão exercidas, podendo eliminar o possível prejuízo com a queda.

Em um outro cenário, o congresso norte-americano não entra em crise para votar – e a volatilidade não se eleva, com o VIX permanecendo abaixo dos 16 pontos. Com isso, o movimento de alta das ações provavelmente se mantém, e o investidor continua a lucrar com a valorização, limitando as perdas aos US$ 5,5 milhões investidos para comprar o “seguro”.