Prejuízo bilionário? Ação da Braskem (BRKM5) salta 15,6% com nova oferta por controle ofuscando resultados fracos

A Braskem confirmou que o grupo petrolífero Adnoc  fez uma nova oferta não vinculante, no valor de R$ 10,5 bilhões, por seu controle

Equipe InfoMoney

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Como já era esperado por boa parte dos analistas de mercado, a Braskem (BRKM5) divulgou resultados do terceiro trimestre de 2023 (3T23) fracos na noite da última quarta-feira (8).

A petroquímica reportou no terceiro trimestre de 2023 um prejuízo de R$ 2,418 bilhões, 119,2% maior ante as perdas de R$ 1,103 bilhão no mesmo período de 2022. O resultado foi superior na comparação com os três meses imediatamente anteriores, quando havia apurado prejuízo de R$ 771 milhões.

Porém, as ações dispararam na sessão desta quinta (9). Os papéis fecharam com ganhos de 15,62%, R$ 19,98, em meio aos avanços sobre a tão esperada venda da fatia da Novonor pela companhia. Na máxima do dia, os papéis chegaram a saltar 23,03%, a R$ 21,26.

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A Braskem confirmou as apurações do InfoMoney de que o grupo petrolífero de Abu Dhabi Adnoc  fez uma nova oferta não vinculante, no valor de R$ 10,5 bilhões, pela participação que a Novonor tem na petroquímica brasileira.

A oferta da Adnoc equivale a R$ 37,29 por ação, um prêmio de mais de 100% sobre o valor de fechamento da ação PN da petroquímica brasileira na véspera, a R$ 17,28, e de mais de 120% sobre a cotação do papel ON, de R$ 16,82.

A Novonor detém participação de 50,1% no capital votante da Braskem e de 38,3% no capital total.

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A proposta do grupo do Oriente Médio prevê pagamento de 50% em dinheiro na assinatura do contrato e o restante por meio de dólares a serem pagos por meio de um instrumento de dívida com vencimento em sete anos e com juros anuais de 7,25% e dinheiro a partir do quarto ano. Os pagamentos serão feitos diretamente aos bancos credores da Novonor que têm as ações como garantia.

Analistas do Citi afirmaram que a principal questão para os acionistas minoritários é se a proposta da Adnoc desencadeia direitos de tag along ou não. “É muito cedo para dizer, mas, em nossa opinião, isso não desencadearia direitos de tag along”, acrescentaram em nota a clientes

Em julho, o grupo J&F, controlador da JBS (JBSS3), fez oferta de cerca de R$ 10 bilhões pela fatia da Novonor na Braskem. O prazo da proposta era de 120 dias.

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Segundo a Braskem, a oferta da Adnoc está condicionada a termos que incluem um novo acordo de acionistas com a Petrobras (PETR4)A e apuração de “eventuais passivos adicionais derivados do evento de Alagoas”, afirmou a empresa se referindo ao afundamento de solo na capital alagoana que abriga operações da companhia.

Em comunicado separado, a Petrobras afirmou que foi informada na quarta-feira pela Adnoc sobre tal proposta e acrescentou que a mesma “ainda será avaliada pelas instâncias competentes” da petrolífera.

A companhia reiterou que está realizando due dilligence na Braskem, para eventual exercício de tag along ou direito de preferência, na hipótese de alienação das ações detidas pela Novonor na Braskem.

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“Vale destacar que não houve qualquer decisão da diretoria executiva ou do conselho de administração em relação ao tema”, afirmou a Petrobras no comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Já sobre os números do trimestre, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado ficou em R$ 921 milhões (+31% na base trimestral ) devido ao reconhecimento positivo de R$ 297 milhões de créditos fiscais do REIQ para os primeiros nove meses do ano.

A XP ressalta que, sem esse efeito, o Ebitda seria de -11% ante o 2T23, devido ao enfraquecimento dos spreads. O fluxo de caixa livre recorrente (exceto pagamentos de Alagoas) foi negativo (R$ 329 milhões), impulsionado por R$ 1,2 bilhão em pagamentos de juros.

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Além disso, houve pagamentos de cerca de R$ 1 bilhão referente a Alagoas. Isso levou a um aumento da dívida líquida reportada, de US$ 4,8 bilhões para R$ 5 bilhões, enquanto a relação dívida líquida sobre Ebitda reportada ficou em 12,2 vezes (vindo de 7,9 vezes no 2T23).

“Mesmo assim, a empresa permanece com uma posição de caixa robusta (US$ 3,4 bilhões) e com uma dívida bruta de longo prazo de alto prazo de vencimento (12,3 anos) e de baixo custo (6,2% em dólar)”, apontou.

A XP mantém uma visão cautelosa para a Braskem e vê riscos para aqueles posicionados no nome em razão da expectativa de direitos de tag-along decorrentes de uma potencial M&A.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)