Pregões: “dia D” desta crise, 15 de setembro consegue ir além do Lehman Brothers

Sessão do pânico teve quebra do banco de 158 anos, gritos de socorro, gigantes unidas para não cair e muitos recordes negativos

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Pregões Incríveis costuma ir a fundo no passado para revelar as sessões que mais impactaram a estrutura dos mercados em geral. Desta crise, o dia que ficará lembrado na história é 15 de setembro de 2008, exatamente um ano atrás. Da trajetória mais recente dos mercados, certamente é a sessão mais impactante. A aversão ao risco chegou à sua forma extrema naquela segunda-feira. Para os investidores, sobraram perdas.

Esta sessão fica como o “dia D” da crise. Todos já sabiam dos problemas, que haviam aparecido muito antes. Mas pelo menos em eventos históricos, notícias negativas ou sentimento de pânico próximo àquele visto no crash de 1929, ou na Black Monday de 1987, este dia será lembrado até muito depois.

Em resumo, um final de semana de intensas negociações buscava salvar a vida do quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, uma instituição de 158 anos que havia passado pela Grande Depressão, mas que não passaria por esta crise. Falamos do Lehman Brothers, que deixou de existir nesta segunda-feira. Mas o 15 de setembro em questão vai muito além.

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Mais que o Lehman
As manchetes se recordam quase totalmente da queda do banco de investimentos. Com perdas contábeis enormes e muito exposto às hipotecas de alto risco, o Lehman esperava ser adquirido por alguma outra instituição. No último dos casos, acreditava no respaldo que o Federal Reserve havia dado anteriormente ao Bear Stearns.

Até por isso que esta sessão é tão importante. Não houve a tão esperada venda, e desta vez o Fed preferiu olhar de fora, deixando a instituição ruir sozinha. Para muitos, foi o maior erro do Banco Central norte-americano na administração desta crise.

Mas vai além.

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O dia é realmente histórico porque os mercados acordavam do fim de semana não apenas com a notícia do pedido de concordata do quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, mas com um intraday memorável. Além do Lehman, a Merrill Lynch foi comprada pelo Bank of America, os bancos centrais anunciaram mais uma injeção de liquidez e a seguradora AIG declarou que necessitava capital; para os mercados, poderia ser a próxima a cair.

O dia D da crise
Com tudo isso junto em uma manhã, o resultado foi pânico. Enquanto as ações do Lehman Brothers caíram 94,25% no pregão da Nyse (New York Stock Exchange). Por aqui, o Índice Bovespa chegou a despencar quase 8% pela tarde e fechou com a maior desvalorização desde o episódio dos atentados terroristas às Torres Gêmeas, sete anos antes.

No final do pregão, o Ibovespa marcava desvalorização de exatos 7,89%, enquanto os principais índices acionários de Wall Street experimentavam perdas há tempos não vistas. O S&P 500 caiu 4,71%, o Dow Jones desabou 4,42% e o Nasdaq Composite despencou 3,60%.

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Pânico
O sentimento de pânico pode ser explicado de diversas formas. Além dos números negativos obtidos pelo mercado acionário, os yields dos títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA despencaram 33 pontos-base, refletindo o tamanho da busca dos investidores por segurança. Naquele dia, o risco-Brasil disparou 44 pontos.

Outra prova são as manchetes, que acreditam no pior: “não há espaço suficiente na primeira página dos jornais do país para todas as notícias de hoje”, disse relatório da First Trust Advisors, enquanto a capa do Wall Street Journal falava em “a mãe de todas as segundas-feiras”.