Preços dos produtos in natura foram o grande destaque do IPC – Fipe

Para o Coordenador de pesquisa de preços, efeitos do aumento médio de 4,02% é transitório e não impacta previsão para o ano

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SÃO PAULO – De acordo com o coordenador de pesquisa de preços da Fipe, Paulo Picchetti, não houve grandes surpresas no IPC (Índice de Preços ao Consumidor) relativo à 2ª quadrissemana de fevereiro. O índice subiu 0,49%, contra uma elevação de 0,67% na 2ª quadrissemana de janeiro e de 0,52% na 1ª quadrissemana de fevereiro.

Contudo, Picchetti manteve a projeção inicial de inflação de 0,4% em fevereiro, a menos que haja aumento nos preços das passagens dos ônibus em São Paulo ainda este mês: “não se sabe quando haverá esse aumento, mas é quase certo que ele vai acontecer”, disse Picchetti.

Aumento dos preços de transportes segue pressionando

Apesar de não ter sido concedido aumento para o preço dos ônibus municipais, a contribuição do grupo transportes para a formação do índice cresceu, em relação à 1ª quadrissemana. Os preços do grupo transportes registram elevação de 1,63% na 2ª quadrissemana de fevereiro, o que corresponde a uma contribuição para o índice em 0,26 ponto percentual.

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Esta elevação ainda é reflexo dos aumentos concedidos em janeiro nos preços do metrô e dos ônibus intermunicipais. Os itens metrô e ônibus, com variações de preço de 14,04% e 1,60%, contribuíram para o índice com 0,08 e 0,06 ponto percentual, respectivamente.

Já o grupo educação, que na medição anterior registrava variação de preços de 4,94%, recuou drasticamente e subiu apenas 2,87%, contribuindo com pouco menos de 0,1 ponto percentual para a formação do índice, o que mostra que o impacto sobre o índice deve ficar concentrado em janeiro.

Sazonalidade transitória dos in natura

Segundo Picchetti, a elevação sazonal dos preços dos alimentos in natura foi o fato que mais chamou a sua atenção no índice desta 2ª quadrissemana. Os preços dos alimentos que constituem esse item subiram, em média, 4,02%, contra 2,06% registrados na 1ª quadrissemana. Vale lembrar que a variação dos preços dos in natura na 2ª quadrissemana de janeiro foi zero.

Contudo, Picchetti lembra que o choque destes aumentos sobre o índice é algo puramente transitório, não impactando o resultado anual. Para comprovar sua tese, o pesquisador realizou um estudo no qual comparou a variação dos preços da energia elétrica desde 1995 com as variações dos preços dos alimentos do item que mais subiram nesta pesquisa.

De acordo com os dados, apesar do aumento de 18,20% da alface neste mês, o preço é 23% menor do que o praticado há dez anos atrás, enquanto a energia elétrica custa 250% mais. Para Picchetti, o efeito dessa sazonalidade sobre o índice é paradoxal, na medida em que torna mais fácil prever a inflação para todo o ano, mantida entre 5% e 5,5% para 2005, do que para um mês especificamente.

O aumento dos preços dos alimentos in natura reverteu a deflação de 0,13% do grupo alimentação registrada na semana anterior. Na 2ª quadrissemana de fevereiro, os preços dos constituintes desse grupo subiram em média 0,02%, mas a contribuição para o índice foi praticamente zero.

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Confira abaixo as variações dos preços de cada um dos grupos, bem como a contribuição de cada um deles para a formação do índice:

Grupo Ponderação
(%)
Variação
(%)
Contribuição
(em pontos percentuais)
Habitação 32,7925 0,36 0,117
Alimentação 22,7305 0,02 0,003
Transporte 16,0309 1,63 0,259
Despesas Pessoais 12,2985 0,31 0,038
Saúde 7,0756 0,06 0,004
Vestuário 5,2893 -0,44 -0,023
Educação 3,7827 2,54 0,095
IPC Geral 100,00 0,49

Fonte: Fipe

Confira também os itens que mais contribuíram para a formação do índice:

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Variação
(%)
Contribuição
(em pontos percentuais)
Aumentos
Metrô 14,04 0,08
Ônibus 1,60 0,07
Batata 16,30 0,04
Ensino Fundamental 4,15 0,04
Imposto Predial 3,33 0,03
Alface 18,20 0,03
Ensino Superior 2,28 0,03
Quedas
Frango -7,91 -0,07
Arroz -2,82 -0,03
Limão -33,70 -0,02
Viagem -2,95 -0,02
Coxão Mole -2,48 -0,01
Mamão -8,50 -0,01
Acém -2,46 -0,01
Queijo Mussarela -6,36 -0,01

Fonte: Fipe