Por que Wall Street não se anima apesar dos resultados fortes das big techs?

Ritmo global de vacinação e aumento na inflação americana seguem limitando o otimismo nos mercados

Ricardo Bomfim

(Getty Images)

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SÃO PAULO – Amazon, Apple, Facebook, Google, Microsoft e Tesla. Todas reportaram resultados considerados muito positivos pelos analistas do mercado, com lucros e receitas recordes depois de um ano de pandemia.

No entanto, nesta semana o principal índice acionário dos Estados Unidos, o S&P 500, registra apenas leves ganhos de 0,12%. Já o Nasdaq, que é um índice focado nas ações de empresas de tecnologia, caminha para encerrar a semana praticamente estável.

A pergunta que fica diante disso é: se os números vieram melhor do que o esperado, por que isso não se refletiu em um otimismo maior nas bolsas americanas?

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Segundo Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch, atualmente as preocupações com a inflação nos EUA e o ritmo da vacinação globalmente limitam qualquer possibilidade de uma euforia desencadeada pelos resultados corporativos.

Para ele, o número forte do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA divulgado na véspera acabou aumentando as preocupações com a inflação no país. A economia americana cresceu 6,4% no primeiro trimestre, acima dos 6,1% esperados pelos economistas do mercado financeiro de acordo com dados compilados pela Refinitiv.

“Esse PIB provocou a alta de taxas de juros longas e impediu que o mercado refletisse os espetaculares resultados de Apple e outras tech. Ou seja, vamos agora para o verdadeiro teste de fogo dos mercados: inflação”, afirma Attuch.

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Com a aceleração econômica do país movida principalmente pelo gasto estatal em programas de estímulo trilionários que o presidente Joe Biden conseguiu aprovar no Congresso é esperado que a inflação aumente, principalmente se somarmos esse movimento interno dos EUA com a valorização internacional das commodities.

“O Federal Reserve [banco central dos EUA] já deixou absolutamente claro que vai deixar a inflação acima de 2% por alguns anos. A pergunta de US$ 1 trilhão é qual o nível de inflação que começa a incomodar a autoridade monetária. Muitos falam de algo próximo a 3%. Tão ou mais importante que isso é o que acontecerá com expectativas e principalmente se as camadas da população com menor poder de barganha começarem a ter aumentos de salários”, explica o economista.

Para saber mais escute no Telegram do InfoMoney o áudio de Roberto Attuch sobre as bolsas internacionais. O economista faz boletins todas as segundas e sextas-feiras no nosso canal. Inscreva-se gratuitamente para receber uma cobertura do mercado em tempo real.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.