WEG: margens fortes no 1º tri e possíveis revisões positivas, mas por que WEGE3 caiu?

Se por um lado a margem teve recuperação, por outro receita desacelerou, enquanto alguns analistas ressaltam que ação está "cara"

Lara Rizério Camille Bocanegra

WEG (Divulgação: Linkedin)

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Ponto de inflexão que pode levar a melhores resultados ou números abaixo do esperado? O resultado da fabricante de motores elétricos WEG (WEGE3), tida como um dos portos seguros na temporada do primeiro trimestre de 2024 (1T24) de transportes e bens de capital, foi divulgado nesta quinta-feira (2) e trouxe leituras diferentes dos analistas de mercado sobre a ação. Uma parte apontou que o balanço pode levar a revisões positivas, enquanto outra aprovou os números, mas segue vendo a ação como “cara”, enquanto ressaltaram a desaceleração das receitas. As ações reagiram negativamente na sessão e fecharam com queda de 1,77%, a R$ 38,85.

A companhia teve lucro líquido de R$ 1,33 bilhão no primeiro trimestre, alta de 1,6% ante o resultado positivo obtido um ano antes. Já o resultado operacional medido pelo Ebitda foi de R$ 1,77 bilhão de janeiro ao final de março, crescimento anual de 4,8%. Analistas, em média, esperavam lucro líquido de 1,33 bilhão de reais, ficando em linha com o esperado, e Ebitda de R$ 1,82 bilhão no primeiro trimestre (ou seja, um pouco abaixo das projeções), segundo dados do LSEG.

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O JPMorgan viu os números como positivos, ainda que o Ebitda tenha ficado um pouco abaixo do consenso, com uma forte margem de 22,0% compensando a decepção (em 3%) com o crescimento da receita de 4% no comparativo anual, versus o esperado pelo banco em 7%.

Entre os principais pontos positivos, as margens permaneceram fortes, com margem bruta de 33,2% (+0,2 ponto percentual, ou pp, na base anual) e margem Ebitda de 22,0% (+0,1 pp na base anual); ii) GTD (Geração, Transmissão e Distribuição) no exterior em alta anual de 41%, mais uma vez a linha de negócio que apresenta o maior crescimento; e iii) a taxa efetiva de imposto baixa em 18%, em linha com o nível observado há um ano, permitindo que o lucro líquido ficasse 1% acima frente a projeção do JPMorgan.

O banco apontou entre os principais pontos negativos a receita líquida, que ficou 3% e 5% abaixo respectivamente da projeção do JP e do consenso, crescendo 4% no comparativo anual. A receita foi impactada pela alta do real de 5% no período para R$ 4,95 por dólar.

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O banco viu, por sua vez, como positiva a conclusão do acordo para a compra dos negócios de motores elétricos industriais e geradores da Regal Rexnord anunciada na terça, que deveria compensar a desaceleração nas receitas, permitindo que os investidores se concentrassem nas fortes margens. O JPMorgan tem recomendação equivalente à compra (overweight, exposição acima da média do mercado)

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O Itaú BBA também tem recomendação equivalente à compra para WEG, com preço-alvo de R$ 47. Para o banco, a WEG trouxe números fortes para o 1T24, em especial pela sólida superação na rentabilidade. O dado demonstrou para o banco que é possível que a rentabilidade se mantenha em níveis mais altos que o esperado, em especial considerando que a margem Ebitda ficou em 22%. O lucro líquido superou as estimativas do banco, sendo a surpresa positiva para o balanço veio nos resultados financeiros melhores que o esperado. O BBA também antecipava reação positiva aos números (o que não se concretizou) e considerou possível que o mercado faça revisões positivas dos números da WEG.

Entre os pontos negativos para o BBA, o faturamento da companhia no mercado doméstico, nos segmentos de energia e GTD ficaram abaixo do esperado. O segmento de óleo & gás e mineração apresentaram boa demanda por equipamentos de ciclo longo no trimestre. No mercado externo, no entanto, a baixa demanda na China e na Europa foram destaques. As receitas lá fora vieram abaixo do esperado, com segmento de motores caindo cerca de 9% no comparativo anual e trimestral.

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Menos animados, o Bradesco BBI e o BTG Pactual destacaram que continuam com recomendação neutra para a ação, ainda que o BBI tenha elevado o preço-alvo de WEGE3 de R$ 38 para R$ 40 após os resultados.

Os analistas do BBI também ressaltaram a força da margem Ebitda, assim como o BTG, mas ambos ainda veem o valuation da ação bastante esticado. “Embora continuemos a ver a WEG como uma excelente empresa (uma das melhores histórias corporativas no Brasil) com tendências de crescimento sólido à frente, permanecemos neutros por motivos de valuation (32 vezes o preço sobre o lucro, ou P/L)”, aponta o BTG.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.