Por que um dos maiores fundos soberanos do mundo está comprando ações brasileiras

Eduardo Favrin, brasileiro que é responsável pela área de gestão ativa de ações na América Latina do Abu Dhabi Investment Authority (Adia), cita três motivos principais para ser otimista com o Brasil agora. E um ponto de atenção 

Giuliana Napolitano

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O Abu Dhabi Investment Authority (Adia) é um dos maiores fundos soberanos do mundo. Estima-se que tenha pouco mais de 680 bilhões de dólares sob gestão (o fundo não revela o valor exato). O que se sabe é que uma parcela desses recursos está investida na bolsa brasileira, e ela vem aumentando.

O gestor responsável pelos investimentos em ações aqui é um brasileiro, Eduardo Favrin. Numa de suas raras entrevistas, Favrin disse que está otimista com o país. “Nossa exposição à bolsa brasileira tem aumentado. As ações valorizaram recentemente e, ao longo dos últimos anos, aproveitamos momentos de correção para elevar a exposição ao país”, diz Favrin, que está à frente da área de gestão ativa de ações na América Latina da Adia desde 2012. Antes disso, ele era diretor de renda variável do HSBC no Brasil. 

“A Adia realmente tem um horizonte de longo prazo. Construímos um cenário-base levando isso em conta e ajustamos as premissas se há mudanças significativas. Mas não reagimos, comprando ou vendendo, a notícias de curto prazo”, afirma o gestor.

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A visão de Favrin para a bolsa brasileira é positiva no longo prazo por três motivos principais: a inflação está sob controle, o que permite que os juros continuem baixos; a nova equipe econômica tem “qualidade” e busca fazer reformas e alocar os recursos públicos de forma mais eficiente; após a recessão, as empresas brasileiras estão mais enxutas, o que permite que elas cresçam de maneira mais produtiva numa esperada retomada da economia.

“Como um país emergente, o Brasil precisa de um ambiente externo razoavelmente favorável para crescer”, diz Favrin. “E a situação no começo do ano está mais tranquila, com a redução da tensão comercial entre Estados Unidos e China, e governo chinês dando mostras de que continuará dando estímulos à economia.”

Além disso, acrescenta o gestor, o novo discurso do Federal Reserve, o banco central americano, indica que não haverá altas bruscas de juros nos Estados Unidos. “O tom do discurso sinaliza que o Fed será mais paciente e flexível”, diz.

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O ponto de atenção, na opinião de Favrin, é a “capacidade de execução do governo brasileiro” – ou seja, se de fato será capaz de fazer as mudanças e aprovar as reformas que prometeu, especialmente a da previdência.

Apesar de o cenário ser favorável para a bolsa, escolher quais ações comprar não é tão simples porque muitas subiram demais “no boato”. “O preço atual de muitas ações já reflete esse sentimento positivo com o governo. Agora, a expectativa precisa virar um fato concreto”, diz Favrin. “Temos paciência, sabemos que leva tempo, mas a execução precisa acompanhar.”

Ainda assim, o gestor diz que investiu mais na bolsa brasileira. “Fazemos uma análise bottom-up, ou seja, avaliamos as empresas para encontrar as ações que ainda não estão corretamente precificadas. Mas o cenário macro influencia, claro. Hoje, a visão positiva para Brasil é algo que ajuda empresas de diferentes setores.”

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Giuliana Napolitano

Editora-chefe do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre finanças e negócios. É co-autora do livro Fora da Curva, que reúne as histórias de alguns dos principais investidores do país.