Por que o melhor time de análise da América Latina está reduzindo exposição ao Brasil?

Vendo um espaço limitado para uma potencial valorização da Bovespa, o Itaú BBA, que ganhou recentemente o prêmio de melhor equipe de análise do Brasil, decidiu cortar a recomendação das ações domésticas: "estamos encontrando dificuldades para encontrar nomes no País para ficarmos com exposição overweight"

Paula Barra

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SÃO PAULO – Para a melhor equipe de análise da América Latina, o Brasil está perdendo sua atratividade. A visão de Gregorio Tomassi, estratégista da região do Itaú BBA, e de Joaquín Ley, chefe global de análise do mesmo banco, é de que o rali da Bovespa está em um estágio “avançado”, puxado por um forte fluxo de estrangeiros e alta excessiva das small caps. Eles, que possuem sua base no México, falaram ao InfoMoney por telefone poucos dias após conquistarem um dos prêmios mais conceituados do mercado: anualmente, a publicação “Institutional Investor” realiza uma espécie de Oscar do Mercado Financeiro, premiando os melhores analistas do mercado. E pelo segundo ano consecutivo, foi entregue ao Itaú BBA o prêmio de melhor sell-side da América Latina.

Para eles, essa euforia com a Bolsa brasileira pode estar apoiada em um excesso de otimismo sobre a execução da reforma tributária e por medidas que se desviam substancialmente em relação aos fundamentos. Por conta dessa visão, o banco decidiu há três semanas reduzir sua exposição ao Brasil. Eles deixam claro, no entanto, que não estão dizendo aos investidores para saírem do Brasil. “O Brasil ainda segue no nosso portfólio de ações, representando cerca de 55% do nosso peso, mas achamos que o espaço para alta adicional é limitado”, disse Tomassi. “Estamos encontrando dificuldades para encontrar nomes no País para ficarmos com exposição overweight”, complementou.

Segundo ele, grande parte da mudança que o Brasil pode passar – com a aprovação de reformas estruturais que possam reverter a deterioração das contas públicas – parece já estar precificada no mercado. O CDS (Credit Default Swaps) de cinco anos do Brasil, que funciona como um seguro do risco, já está muito precificado e o progresso fiscal ainda precisa se materializar para acompanhar esse movimento recente, acredita. O banco passou recentemente a recomendação do Brasil de “overweight” (exposição acima da média) para “equal-weight” (exposição em linha com a média).

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Tomassi reforçou que esse ano, diferentemente dos demais, o rali do Ibovespa está evidenciado também pelo forte desempenho das small caps, além do enorme fluxo de investidores estrangeiros. Ele acredita que tal fluxo pode aumentar após o impeachment, mas não o suficiente para impulsionar uma alta substancial na Bolsa. “O mercado está precificando uma política favorável para adotar as reformas necessárias, mas estamos entrando em um período em que provavelmente algumas notícias e reformas precisam vir dentro do prazo que o mercado espera, sendo o risco de execução muito grande”, disse.

Apesar de ver a Bolsa com o desempenho “exagerado” esse ano, ele ressaltou que ainda vê algumas histórias “menos conhecidas” dos investidores como cases interessantes. Na carteira small caps de agosto do banco, aparecem as ações da Alupar, BR Malls, Cyrela, Iochpe-Maxion, Tupy, Valid, Randon, Rumo, São Martinho e Smiles – sendo as quatro últimas também citadas no portfólio “ações para comprar no Brasil”. 

Além de manter a liderança pelo segundo ano consecutivo no ranking de Research especializado em América Latina, o Itaú BBA conquistou a primeira posição no ranking dos melhores do Brasil (quarta vez em cinco anos)No âmbito do Research, o Itaú BBA conta com equipes especializadas em América Latina que atuam no Brasil, Argentina, México e Chile. O time de analistas cobre 91% das empresas do Ibovespa e 73% do MSCI LatAm.  

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“Esse reconhecimento é um resultado do comprometimento da equipe com a excelência do nosso produto e consistência dos serviços”, disse Ley, que assumiu o cargo no ano passado. Anteriormente, ele respondia pela cobertura acionária no México, onde permanece baseado, e pelas empresas do setor de Consumo em toda América Latina. 

A equipe do Itaú BBA foi reconhecida em 22 das 25 posições avaliadas pelo público votante, com destaque para os times de Varejo e Tecnologia, Mídia e Telecomunicações.