Por que o Ibovespa fechou praticamente no zero após a euforia com a trégua entre EUA e China?

Índice chegou a bater sua máxima histórica, em 91.242 pontos, mas perdeu força na reta final do pregão desta segunda

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O primeiro pregão de dezembro começou com uma onda de euforia nos mercados, guiada pela trégua na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. A novidade levou o Ibovespa a bater sua máxima histórica durante esta segunda-feira (3), mas o movimento não se sustentou e o índice ficou estável.

O Ibovespa fechou com leve alta de 0,35%, aos 89.820 pontos, após chegar a 91.242 pontos na máxima do dia. Faltando cerca de uma hora para o encerramento do pregão, o principal índice da bolsa brasileira passou a perder força, movimento que foi seguido pelo dólar comercial, que após chegar a R$ 3,8194 na mínima, fechou com queda de “apenas” 0,35%, cotado a R$ 3,8423 na venda, na máxima do dia.

Não houve uma notícia que explique o movimento, sendo principalmente uma realização de ganhos dos investidores após os fortes ganhos de mais cedo. A mudança de rumo foi liderada pelos bancos, com Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4) virando para quedas acentuadas. Apesar disso, diversos fatores sugerem a cautela por parte dos investidores.

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O mercado também diminuiu o ímpeto atento ao cenário local, de olho nas reformas que seguem estagnadas. Os investidores ficam atentos ainda ao cronograma de votação da cessão onerosa, que está sendo um grande catalisador para a Petrobras, mas que segue sem aprovação. Ao mesmo tempo, o mercado também passa a monitorar os rumores de que a delação do Palocci vai envolver agentes do mercado financeiro.

Do outro lado, as siderúrgicas subiram forte após a notícia da trégua entre EUA e China. O acordo entre os países foi fechado durante o G-20 no fim de semana e impactou as bolsas ao redor do mundo e o mercado de commodities.

O desempenho foi positivo no mercado de commodities, com alta de quase 2% do minério de ferro e de mais de 3% no petróleo, após o insumo registrar a pior semana em um década no fim de novembro.

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A disparada do petróleo também é influenciada por decisões dos líderes da Rússia e Arábia Saudita, também reunidos no G-20, de ampliar um pacto para controlar os preços no mercado – embora os dois países ainda não tenham confirmado novos cortes de produção.

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Ainda no radar do mercado de petróleo, o Catar decidiu se retirar da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), a partir de 1º de janeiro, para que possa se concentrar em planos de ampliar sua produção de gás natural.

China e EUA

Os presidentes dos países, Donald Trump e Xi Jinping, concordaram em não aplicar tarifas adicionais em suas exportações, dando uma trégua na guerra comercial que se arrasta há semanas e colocava pressão nos mercados financeiros.

Com o acordo fechado durante o G-20, ocorrido no fim de semana na Argentina, os Estados Unidos suspenderam o aumento das tarifas para 25% sobre os US$ 200 bilhões em bens chineses que entrariam em vigor em 1 de janeiro. Em contrapartida, a China se comprometeu a aumentar suas compras do mercado norte-americano de produtos agrícolas, energéticos e industriais. Não foi fechado um valor específico.

A pausa terá duração de 90 dias, período em que China e Estados Unidos tentarão resolver suas divergências comerciais em novas negociações. A Casa Branca também informou que os países irão tratar nas próximas semanas de negociações que incluem, além da parte comercial, transferência de tecnologia, propriedade intelectual, barreiras não-tarifárias, roubo cibernético e agricultura.  

Se não chegarem a um acordo comercial dentro de 90 dias, os países concordaram com o aumento da alíquota de impostos dos EUA para os produtos chineses de 10% para 25%. 

Para os analistas do Credit Suisse, o prazo parece “bastante apertado”, especialmente considerando os feriados de Natal e Ano Novo no ocidente e o Ano Novo Chinês. Para eles, o curto deadline estipulado pelo governo americano tem o objetivo de pressionar o governo chinês a dar sinais de boa vontade e ações rápidas. De toda forma, eles acreditam que a “ansiedade” pode voltar após a virada do ano.

Caso o governo chinês realmente se mostre disposto a acabar com a guerra comercial, provavelmente vão anunciar reformas domésticas e enviar sinalização ao mercado durante o encontro anual chinês da Conferência Central de Trabalho Econômico, em meados de dezembro. 

Destaques da Bolsa

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 USIM5 USIMINAS PNA 9,79 +4,71 +8,05 213,95M
 GGBR4 GERDAU PN ED 16,15 +4,33 +33,60 356,32M
 GOAU4 GERDAU MET PN ED 7,60 +3,83 +34,76 204,28M
 CSNA3 SID NACIONALON 9,18 +3,49 +9,55 76,83M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 85,98 +3,08 +10,50 158,55M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 RAIL3 RUMO S.A. ON 16,78 -3,78 +29,38 218,87M
 SMLS3 SMILES ON 43,40 -1,81 -39,82 41,88M
 IGTA3 IGUATEMI ON 38,44 -1,76 -0,57 52,49M
 BBDC4 BRADESCO PN 37,80 -1,72 +23,63 882,02M
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 162,13 -1,52 +102,66 177,48M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN EJ N2 25,94 +1,89 2,37B 2,18B 79.056 
 VALE3 VALE ON 54,11 +2,48 1,75B 1,15B 68.770 
 BBDC4 BRADESCO PN 37,80 -1,72 882,02M 608,54M 53.501 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN EDB 35,55 -1,26 857,35M 534,60M 53.293 
 PETR3 PETROBRAS ON EJ N2 28,93 +2,84 626,71M 328,54M 18.051 
 BRFS3 BRF SA ON 22,55 +1,71 622,46M 134,54M 23.391 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 44,10 -1,19 552,08M 554,01M 38.483 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,74 -1,06 461,67M 306,67M 44.961 
 GGBR4 GERDAU PN ED 16,15 +4,33 356,32M 255,06M 25.743 
 B3SA3 B3 ON 28,15 -0,18 319,96M 266,74M 37.323 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Noticiário político
O critério de escolha de ministros e o modelo de articulação política adotado pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), devem fazer com que o próximo governo entre em campo com uma coalizão instável no Congresso, informa o jornal Folha de S. Paulo. Metade dos principais partidos do país diz que pretende colaborar com o presidente eleito, mas só 3 das 15 maiores siglas da Câmara dos Deputados dizem estar dispostas a integrar oficialmente a base governista.

A relação entre esses partidos e o novo governo indica que Bolsonaro terá um núcleo enxuto de sustentação política. Para aprovar projetos de seu interesse, o presidente eleito dependerá também de siglas que têm simpatia por sua agenda, mas permanecem em órbitas afastadas.

A equipe de reportagem da Folha consultou os presidentes, dirigentes e líderes dos 15 maiores partidos da Câmara. Além do PSL de Bolsonaro, apenas DEM e PTB discutem uma adesão formal à base aliada do próximo governo.

Paulo Guedes cancelou uma viagem que faria à Europa nesta semana por motivos de saúde, ainda segundo a Folha de S.Paulo. O futuro ministro da Economia de Jair Bolsonaro está afônico e com febre alta e deverá ficar de repouso para tratar uma infecção.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.