Por que as ações da Oi zeraram a queda de 11% apesar do prejuízo de R$ 5,7 bilhões?

Resultado foi o pior de uma empresa de capital aberto no 3º tri, mas analistas viram uma luz no fim túnel

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Depois de adiar seu balanço para realizar uma auditoria nos números e cumprir um acordo feito com a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), a Oi (OIBR3; OIBR4) apresentou seu resultado do terceiro trimestre com um prejuízo R$ 5,74 bilhões.

Esse não apenas o pior resultado apresentado por uma empresa brasileira de capital aberto no período, como representou uma piora de 340%. E este cenário assustou os investidores, levando as ações ordinárias da empresa de telefonia a caírem 10,87% durante a manhã, cotadas a R$ 0,82.

A Oi explicou que todos os segmentos continuam sendo impactados pela queda do tráfego de voz. Por outro lado, o crescimento da receita de dados do segmento de mobilidade, da receita de fibra ótica e de TI corporativa compensaram parcialmente a queda no faturamento.

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Por outro lado, mesmo com esse “susto”, analistas não viram os números de forma tão negativa, apontando que o balanço ficou em linha com o esperado.

Segundo a analista do Itaú BBA, Susana Salaru, de um lado, as receitas seguem bastante pressionadas, principalmente no segmento residencial fixo. Porém, os R$ 4,9 bilhões da receita operacional e o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 1,3 bilhão ficaram em linha com o esperado.

Ela destaca ainda que a companhia anunciou uma série de iniciativas para redução de custos que “provavelmente serão refletidas nos resultados financeiros de 2020”. “Acreditamos que o gatilho para a ação será o lançamento de seu plano estratégico, particularmente a venda de ativos não essenciais”, afirma.

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Entre os fatores positivos do resultado, Susana apontou para o progresso nos pontos de fibra ótica (HP na sigla em inglês), além do crescimento da receita do pós-pago móvel, queda no custo de manutenção da rede e redução da folha de pagamento.

A Oi registrou um aumento de 1,8% na receita móvel no trimestre, favorecida principalmente pelo desempenho dos planos pós-pago, impulsionados pela migração de assinantes pré para pós-pago e por maiores adições líquidas de participação de mercado.

Já para Fred Mendes, analista do Bradesco BBI, a queda do Ebitda foi maior que a esperada, ficando 15% abaixo da projeção. Enquanto isso, a receita frustrou as expectativas em 1,3%.

Para ele, “a Oi é uma história impulsionada por eventos e a venda de sua participação na Unitel é o principal potencial gatilho de curto prazo para as ações”.

Tanto Bradesco quanto Itaú têm recomendação outperform (acima da média de mercado) para os papéis da Oi. No caso do Bradesco, o preço-alvo é de R$ 1,80, enquanto o Itaú fala em preço justo de R$ 1,00 para as ações em 2020.

Passada a turbulência da manhã e a análise mais profunda dos números, os papéis ON da companhia se recuperaram, caminhando para fecharem estáveis, a R$ 0,92. Já os ativos OIBR4 registravam leve queda de 0,80%, a R$ 1,24.

Esperança na teleconferência

No fim da manhã, a Oi realizou uma teleconferência para falar sobre os números do balanço e, para Mendes, do Bradesco BBI, a apresentação foi positiva.

“Apesar de todos os desafios de curto prazo, a administração forneceu uma visão mais clara sobre suas oportunidades de melhorar os resultados operacionais e deu maior granularidade sobre os custos, com potencial para atingir R$ 1 bilhão por ano, o que foi o destaque negativo no terceiro trimestre”, avalia.

Além disso, o analista destacou que a Oi está confiante em vender a Unitel até o fim do ano, o que, segundo ele, significa que a empresa terá essa quantia bilionária nas próximas semanas, excluindo a possibilidade de um potencial aumento de capital.

“Em termos de Ebitda, não há atalhos, pois os produtos herdados continuam a pesar sobre os resultados. No entanto, a fibra ótica está começando a dar frutos e vemos espaço para aceleração da receita”, afirma.

Outro ponto positivo da teleconferência foi o cronograma de vendas de outros ativos, como torres, imóveis, data centers e ativos não essenciais de fibra, que devem ocorrer no primeiro semestre de 2020 e, de acordo com Mendes vão “ajudar ainda mais a Oi a desalavancar seu balanço”.

“No fim das contas, estamos finalmente começando a ver alguma luz no final do túnel para a Oi, pois a nova administração está ganhando forma e está alinhada ao cumprimento do plano de investimento, mesmo sabendo que será altamente dependente da venda de ativos”, conclui.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.