Por que as ações da Apple despencaram nos últimos dois dias eliminando US$ 200 bilhões em valor de mercado?

Oscilação está relacionada ao plano da China de expandir a proibição do uso de iPhones para agências apoiadas pelo governo e empresas estatais

Bloomberg

Clientes fazem fila em uma Apple Store para retirar seus pedidos do novo iPhone 14 em 16 de setembro de 2022 em Wuhan. Hubei, China. (Foto de Getty Images)

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(Bloomberg) — As ações da Apple Inc. (AAPL34) despencaram na quinta-feira (7), a caminho de eliminar US$ 200 bilhões em valor de mercado em apenas dois dias, enquanto a China planeja expandir a proibição do uso de iPhones para agências apoiadas pelo governo e empresas estatais.

As ações da empresa com sede em Cupertino, Califórnia, caíram até 5,1%, elevando a queda de dois dias para 6,8%.

Hoje, a Apple é o maior componente dos principais índices de ações dos EUA, e sua queda impulsionou uma ‘liquidação’ mais ampla desencadeada, em parte, por uma série de problemas na China.

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A segunda maior economia do mundo tem estado em queda no meio de uma crise prolongada no seu mercado imobiliário, ameaçando a demanda de todo tipo de produtos: desde commodities até bens de consumo. A fabricante do iPhone considera a China como seu maior mercado estrangeiro e base de produção global.

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Piorando a situação para a Apple, estão os yields do Tesouro dos EUA, à medida que os títulos são vendidos diante das preocupações de que o Federal Reserve terá de intensificar a sua luta contra a inflação, enquanto a economia dos EUA permanece resiliente.

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A notícia teve efeito generalizado nos mercados, com os investidores desfazendo posições, desde grandes empresas, até gigantes de tecnologia e chinesas listadas nos EUA.

“O Nasdaq está afundando enquanto uma Apple ruim estraga um monte de ações de tecnologia de mega capitalização”, disse Edward Moya, analista de mercado sênior da OANDA. “A história de crescimento da Apple depende fortemente da China e se a repressão de Pequim se intensificar, isso poderá representar um grande problema para o grupo de outras empresas gigantes de tecnologia que dependem da China.”

O índice Nasdaq 100, de alta tecnologia, estava sendo negociado em queda de cerca de 1%, enquanto o índice Philadelphia Semiconductor, que consiste em vários fornecedores da Apple, caiu 2,5% na quinta-feira.

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Momento particular

O analista do Bank of America Corp., Wamsi Mohan, observa que “o momento da possível proibição é interessante”, dado o recente lançamento do smartphone de última geração com capacidade 5G da Huawei Technologies Co.

A ‘desmontagem’ do novo dispositivo chinês mostra que Pequim está avançando rapidamente no esforço nacional para contornar as barreiras criadas pelos Estados Unidos para conter a ascensão da China em tecnologia. O Mate 60 Pro da Huawei, por exemplo, está equipado com chips de 7nm da Semiconductor Manufacturing International Corp., de acordo com uma análise que a TechInsights conduziu para a Bloomberg News.

Se Pequim prosseguir com a proibição, o bloqueio sem precedentes também poderá afetar várias outras empresas tecnológicas dos EUA que dependem das vendas e da produção na China. Os fornecedores da Apple em todos os continentes estavam negociando em baixa na quinta-feira, com vários relatórios confirmando as últimas mudanças na China.

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No entanto, analistas otimistas como Daniel Ives, da Wedbush Securities, acham que o efeito de uma “proibição do iPhone é exagerado”, pois afetaria menos de 500.000 iPhones dos cerca de 45 milhões que ele espera que sejam vendidos no país nos próximos 12 meses.

“Apesar do barulho, a Apple obteve enormes ganhos de participação no mercado chinês de smartphones”, escreveu Ives, que tem uma classificação de sobreponderação nas ações, em nota.

© 2023 Bloomberg L.P.

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