Peso de Bolsonaro nas eleições de 2020 passa pelo impacto da Previdência na economia

Para analistas, segundo semestre marca nova fase da relação entre a política e a economia, em que a segunda ditará os caminhos da primeira

Marcos Mortari

(Foto: Marcos Corrêa/PR)

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SÃO PAULO – Com o avanço da tramitação da reforma da previdência no parlamento, a dinâmica entre política e economia tende ser invertida no segundo semestre. Enquanto os últimos meses (e até anos) foram marcados por uma forte interferência do clima em Brasília sobre o andamento dos negócios, agora a lógica caminha para uma sobreposição da economia em relação às pautas da política.

É a leitura que fazem os analistas da MCM Consultores. “A economia vinha a reboque. Ao menos essa era a percepção dominante nos meios econômico-financeiros. Se a reforma não fosse aprovada, ou se o resultado fosse pífio em termos fiscais, a economia continuaria patinando. Poderia até voltar ao terreno recessivo”, pontuam em relatório a clientes.

“Agora que uma reforma relevante está bem encaminhada no Congresso, a economia livrou-se de uma amarra importante. O impacto já é visível nas variáveis financeiras. Outros desdobramentos econômicos estão a caminho. A aprovação da reforma em primeiro turno na Câmara muito provavelmente eliminará as resistências do Banco Central em cortar a taxa Selic e já animou o ministério da Economia a anunciar medidas para esquentar a economia e para acelerar o processo de privatizações e concessões”, complementam.

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Do lado da política, o clima dos próximos meses dependerá muito de como a economia reagirá aos esforços coordenados pela aprovação de uma reforma com significativo impacto fiscal, a despeito de todo o custo eleitoral de tal decisão no curto prazo, em muitos casos.

O momento é muito importante para a política, já que marca as conversas e posicionamentos prévios para as eleições municipais do ano que vem. O timing faz ainda mais relevantes as respostas que a economia deverá dar aos estímulos recém-dados. Em caso de ganho de dinamismo em ritmo mais acelerado do que o imaginado, nomes da situação tendem a ganhar peso no processo – a começar pelo próprio presidente Jair Bolsonaro.

“Quando e qual será a magnitude da recuperação são questões em aberto. Será suficiente para reduzir significativamente o desemprego ou para ao menos inocular o chamado ‘good feel factor’ no espírito da maioria da população brasileira? Do ponto de vista político, é isso que realmente importa. Não resta dúvida que, quanto mais rápida e mais intensa for a reativação da economia, maior será a chance de Bolsonaro prevalecer nas batalhas políticas e eleitorais (em 2020 e em 2022) que terá pela frente”, avaliam os analistas.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.