Se Bolsonaro não agir no Congresso, Previdência pode ficar no caminho

Ou o presidente toma a decisão de ao menos uma vez contrariar seus apoiadores nas redes sociais ou corremos risco de adiamentos infinitos da reforma da Previdência até que fique inviável votar a matéria

Equipe InfoMoney

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O desafio de Bolsonaro, da reforma, e do Brasil

Por XP Política

O ponto de bifurcação para Bolsonaro – momento em que ele teria necessariamente que decidir pela opção lúcida de fazer política com o Congresso, apesar das suas próprias convicções – pode ter sido encurtado ontem. Com algumas medidas mais cosméticas Bolsonaro poderia empurrar com a barriga parte das negociações mais pesadas para mais perto da votação do texto na comissão especial. Agora, talvez ele não consiga mais nem arrancar o texto da CCJ (aquela que Michel Temer levou 9 dias aprovar) sem ir a campo.

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A pergunta do dia é: alguém com perfil político como o do presidente Bolsonaro, que – como mostram os áudios vazados por membros e ex-membros do seu governo – leva críticas e o contraditório para o lado pessoal, estará disposto a executar a difícil tarefa de colher votos, primeiro no atacado com os líderes partidários, e depois no varejo do Parlamento?

Que o Congresso Nacional deveria aprovar a reforma da Previdência para o bem do Brasil é tão óbvio como utópico. A encruzilhada de Bolsonaro está na vida real. Ou o presidente toma a decisão de ao menos uma vez contrariar seus apoiadores nas redes sociais e começa a tomar decisões e exercer postura mais presidencial em relação à política de uma forma geral, ou corremos risco de adiamentos infinitos da reforma da Previdência até que fique inviável votar a matéria.

O ponto é que, ao mesmo tempo em que a bifurcação se aproxima, o caminho óbvio de fazer política com o Congresso pode ter ficado mais estreito e mais congestionado. Dois fatos recentes – a prisão de Michel Temer e o embate envolvendo o pacote anticrime do ministro Sergio Moro – inflamaram apoiadores do presidente, elevando o custo político da decisão de Bolsonaro por uma relação mais pragmática com deputados e senadores.

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O Congresso, talvez não tão conscientemente – mas não se pode jamais duvidar do instinto político de membros de parlamentos –, enxerga na reforma uma espécie de referendo do mandato de Bolsonaro. Sabem que, se for votada a reforma, o Brasil e consequentemente o governo deslancham. Com esse diagnóstico embaixo do braço, é muito difícil imaginar que o Parlamento entregue um resultado desse a Bolsonaro sem ter garantias de que participe do sucesso no futuro. Se a reforma é plebiscitaria, quem necessita do resultado é o governo, não o Congresso.

Há uma confusão em algumas versões que lemos na imprensa ou em comentaristas por aí. Alguns dizem que agora é a vez do Congresso, que Bolsonaro já fez sua parte. Não entendem muito do funcionamento de Brasília os que têm esta posição. Pergunto sinceramente quem lembra quem era o Presidente da Câmara na última reforma da Previdência derrotada? Quem era o líder do governo? Quem era o Presidente da Câmara que votou o pacote de incentivos e ajudou a cavar o nosso buraco fiscal? O líder da oposição? Não vale Google. Ninguém lembra. Mas todos lembram que o país era comandado por FHC e Dilma Rousseff, respectivamente. As reformas são apresentadas e aprovadas por governos, os Parlamentos não as movem sozinhos.

Jair Bolsonaro terá que dar sinal verde para sua equipe trabalhar no Congresso Nacional. Se não der, a sensação de déjà-vu vai ficar cada vez mais forte.

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