Pesquisa CNT/MDA reforça call para Previdência diluída no Congresso, diz Eurasia

Consultoria projeta reforma com impacto fiscal entre R$ 400 bilhões e R$ 600 bilhões aprovada pelo parlamento

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Uma das consultorias de análise de risco político mais respeitadas no mundo, a Eurasia Group chama atenção para novos indícios de significativa diluição da reforma da Previdência entregue pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) ao Congresso Nacional na semana passada.

O texto original prevê economia de R$ 1,16 trilhão em dez anos, mas os especialistas trabalham com um cenário menos ambicioso, de impacto fiscal entre R$ 400 bilhões e R$ 600 bilhões no mesmo período. Eles acreditam que as dificuldades na construção de uma base de apoio no parlamento e, principalmente, os desafios junto à opinião pública tendem a exigir mais concessões por parte do governo.

[Os resultados] sugerem que a batalha em torno da reforma da Previdência não será fácil”, escreveram.

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Para os analistas, dois dados da pesquisa CNT/MDA, divulgada ontem (26), corroboram com tal expectativa. O levantamento, realizado entre 21 e 23 de fevereiro (logo após o envio da proposta do governo ao Congresso), mostrou que o governo do presidente Jair Bolsonaro é avaliado positivamente (“ótimo” ou “bom”) por 38,9%, contra 19,0% de avaliações negativas (“ruim” ou “péssimo”).

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Os números, similares aos apresentados pela pesquisa XP/Ipespe de fevereiro, indicam uma largada mais fraca em comparação com seus antecessores eleitos (Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff) no início de seus mandatos. As expectativas são de que o desempenho piore ao longo da gestão, na medida em que se dissipa o efeito da “lua de mel” com o eleitorado.

A pior notícia, contudo, reside na opinião dos eleitores sobre a reforma da Previdência. De acordo com a CNT/MDA, 43,4% aprovam a medida, enquanto 45,6% a reprovam.

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Os números mostram que a resistência da opinião pública ao tema quando se entra em detalhes persiste, apesar dos esforços recentes de comunicação. Por mais que o resultado seja melhor do que o observado durante a ofensiva de Michel Temer sobre o assunto, os dados ainda indicam dificuldades.

“É importante notar que, mesmo com dois anos de venda da reforma ao público e melhora no apoio, o ambiente da opinião pública ainda é desafiador. Adicione as próprias dificuldades do governo em estabelecer uma coalizão congressual e administrar sua estratégia política, e as perspectivas para uma reforma ambiciosa no Congresso parecem complicadas. Isso sugere que o governo provavelmente terá que diluir mais substancialmente a reforma para reduzir a oposição pública a ela”, pontuam os especialistas da Eurasia.

Os analistas acreditam que as condições de Bolsonaro construir bases sólidas no parlamento dependem da percepção dos deputados e senadores quanto ao alinhamento do presidente com a opinião pública e às expectativas de que ele será um ator relevante nos próximos ciclos eleitorais.

Contudo, os indicativos de atenção maior dos eleitores à qualidade dos serviços públicos pode indicar perdas de popularidade à frente, sobretudo quando se considera a situação dos estados, maiores responsáveis pelo provimento de tais políticas. Nesse sentido, um desencantamento com Bolsonaro é um dos maiores riscos futuros. É por isso que a reforma não pode esperar muito.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.