Renan Calheiros só volta a ser protagonista se Bolsonaro errar

A despeito do histórico poderoso do senador, especialistas imaginam postura mais discreta no curto prazo

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Derrotado na última eleição para a presidência do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL) tem sido apontado como uma possível pedra no sapato para agendas prioritárias do Planalto no parlamento, mas pode ter poder de atuação limitado a curto e médio prazo. Essa é a avaliação de Paulo Gama, analista político da XP Investimentos, e de Manoel Fernandes, diretor da Bites, empresa especializada em monitoramento da opinião pública digital. Os dois estiveram no programa Conexão Brasília da última sexta-feira (8) – assista à íntegra no vídeo acima.

Para ambos, o emedebista perdeu expressivo capital político ao ser superado por Davi Alcolumbre (DEM-AP), nome apoiado pela ala política do governo Jair Bolsonaro, na tumultuada disputa pelo comando da casa legislativa. O fato de ser rejeitado por uma ampla maioria da sociedade e de ter um filho no comando de um governo estadual – Renan Filho, reeleito em Alagoas – também ajudariam a diminuir a força do experiente senador, a despeito da boa relação mantida com pares e a reconhecida habilidade de operar com o regimento interno.

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Renan, avaliam os especialistas, poderá assumir algum protagonismo como opositor, capaz de aglutinar apoio relevante dos senadores, somente no caso de o governo acumular erros significativos no trato com o Poder Legislativo e no encaminhamento de suas pautas prioritárias. Mesmo assim, o sinal dos novos tempos evidenciado pelo empoderamento da voz das redes sociais joga contra o senador associado à chamada “velha política”.

“Renan Calheiros é parte de um passado que começou a ser desconstruído. Acreditamos que seja um novo mundo, efetivamente há uma metabolização da importância da rede por esse Congresso, mas também há um risco de a gente sofrer um ‘populismo digital'”, observou Fernandes. Para ele, os parlamentares agora terão de dar mais atenção ao trabalho de convencimento da opinião pública e precisarão estar cada vez mais antenados aos movimentos nas redes sociais. Interpretar os dados, contudo, não é tarefa simples.

“A bancada do MDB não saiu coesa, saiu rachada. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) foi grande expoente de oposição dentro do partido a Renan, e o governo foi hábil de compor com esse grupo”, pontuou Gama. Para ele, os movimentos iniciais do governo e do novo presidente da casa têm se mostrado positivos, do ponto de vista da estratégia de articulação política.

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“O movimento, durante a eleição, foi arriscado. Se [o governo] tivesse perdido batendo de frente com Renan, poderia haver um grande problema. Mas, após a eleição, a condução parece estar sendo correta. Ele está sabendo rachar o partido. Soube trazer para si parte do grupo que estava com Renan”, avaliou o especialista da XP Política.

A despeito do histórico poderoso de Renan sobre os rumos do Senado nos últimos anos, Gama imagina uma postura mais discreta do parlamentar no curto prazo. “Consegue atrair gente quem tem poder, e [essa eleição] mostrou que o poder dele diminuiu razoavelmente. Não dá para desprezar o poder de Renan na oposição, mas ele fica bem diferente. Ele deixou de ser aquele senador que controlou a Mesa do Senado por 30 anos ou pelo menos de ser parte do grupo político que a controlou por tanto tempo”, projetou.

“Se o governo conseguir conduzir direito, Renan fica enfraquecido em termos de oportunidade de aparecer. Se o governo começar a errar muito, ele pode ser esse cara que reúna toda essa insatisfação”, concluiu Gama.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.