New York Times chama Bolsonaro de populista e fala em “escolha triste do Brasil”

Em editorial, jornal americano fala sobre eleições no Brasil e compara candidato do PSL a Donald Trump

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – As eleições presidenciais brasileiras foram assunto de editorial publicado pelo jornal norte-americano The New York Times no último domingo (21). A publicação se concentrou na figura de Jair Bolsonaro (PSL), favorito na disputa contra Fernando Haddad (PT) a uma semana do segundo turno. No texto, o deputado é apontado como candidato de direita “com visões repugnantes” contra homossexuais, mulheres, negros e o meio ambiente, e tratado como caso mais recente de um longo histórico de “populistas que têm surfado uma onda de descontentamento frustração e desespero para o cargo mais alto em cada um de seus países”, o que lhe rendeu o rótulo de “Donald Trump brasileiro”.

Além do apelo de um discurso conservador associado às bancadas ruralista, evangélica e da segurança, diz a publicação intitulada “Escolha tiste do Brasil” (Brazil’s Sad Choice), Bolsonaro também contou com o fracasso de seu adversário em derrubar a associação com casos de corrupção envolvendo membros do PT e problemas administrativos dos últimos governos da sigla. Herdeiro de Lula na disputa, Haddad conseguiu sobreviver ao primeiro turno, mas tende a ser derrotado pelo sentimento “qualquer um menos o PT”, conforme indicam as pesquisas.

“Por trás dessa perspectiva assustadora, há uma história que se tornou assustadoramente comum entre as democracias do mundo. O Brasil está emergindo de sua pior recessão da história; uma ampla investigação chamada Operação Lava Jato revelou uma corrupção deliberada no governo; um popular ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, está na prisão por corrupção; sua sucessora, Dilma Rousseff, sofreu impeachment; seu sucessor, Michel Temer, está sob investigação; crimes violentos estão crescendo. Brasileiros estão desesperados por mudança”, diz o editorial do New York Times.

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“Contra essa conjuntura, as opiniões grosseiras de Bolsonaro são interpretadas como francas, sua carreira obscura como congressista como promessa de um outsider que limpará os estábulos e sua promessa de mão de ferro como uma esperança de uma interrupção de uma média recorde de 175 homicídios por dia no ano passado. Cristão evangélico, ele prega uma mistura de conservadorismo social e liberalismo econômico, embora confesse apenas uma compreensão superficial da economia”, complementa o texto de caráter opinativo.

O editorial diz que, caso Bolsonaro seja confirmado o futuro presidente do Brasil, um dos grandes perdedores será o meio ambiente, especificamente a Floresta Amazônica, caso sejam cumpridas as sinalizações do candidato de desfazer algumas proteções a florestas tropicais e ampliar as terras para o agronegócio. Também são lembradas indicações dadas pelo militar da reserva contra o Acordo de Paris e até à criação de novas reservas indígenas, assim como a fusão do Ministério do Meio Ambiente ao atual Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

“A escolha é dos brasileiros. Mas é um dia triste para a democracia quando a desordem e o desapontamento levam os eleitores à distração e abrem as portas para ofensivos, cruéis e violentos populistas”, conclui o editorial do NYT.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.