Análise sobre Ibope: Bolsonaro afasta sombra de ‘voto útil’ e mostra força; Haddad não supera petismo e enfrenta problemas

Bolsonaro amplia vantagem no primeiro turno e vê rejeição de adversário disparar; Haddad estaciona com menos de 2/3 do eleitorado lulista

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após uma semana marcada por declarações polêmicas de aliados, denúncias e atos contra sua candidatura, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) teve boas notícias com a última pesquisa Ibope, divulgada na noite de segunda-feira (2). Os números reforçaram sua tendência de ir ao segundo turno da corrida presidencial e mostraram maior viabilidade de sua candidatura na disputa.

Segundo o levantamento, o parlamentar viu suas intenções de voto crescerem 4 pontos percentuais em comparação com pesquisa divulgada na última quarta-feira (26), para 31% (o maior patamar já registrado), e ampliou para 10 p.p. a vantagem sobre o segundo colocado, Fernando Haddad (PT), que estacionou com 21% na pesquisa estimulada de primeiro turno.

Como se liderar a disputa não bastasse, Bolsonaro foi o único candidato que registrou crescimento acima da margem de erro (de 2p.p.) na sondagem. Terceiro colocado na disputa, Ciro Gomes (PDT) oscilou negativamente de 12% para 11%, ao passo que Geraldo Alckmin (PSDB) manteve seus 8% e Marina Silva (Rede) derreteu mais 2p.p., para 4%.

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Bolsonaro também tem motivos para comemorar com as simulações de segundo turno. Em todos os cenários, seu desempenho é melhor do que uma semana atrás. Contra Ciro Gomes, o quadro continua de derrota, mas por diferença menor, de 6 p.p. – 3 pontos a menos do que no levantamento anterior. Contra Alckmin, a situação continua de empate técnico, mas por diferença numérica menor: agora, de 3 p.p.. Na disputa com Marina, agora o deputado vence por 43% a 38%.

No cenário que as pesquisas hoje apontam como mais provável, Bolsonaro desfez a vantagem de Haddad e agora empata por 42% a 42% das intenções de voto. Na semana passada o petista aparecia numericamente à frente por 4 pontos de vantagem, diferença no limite da margem de erro. Com esse desempenho, o deputado mina o discurso de ‘voto útil’ empregado pela campanha tucana.

O candidato do PSL também viu sua rejeição estacionar nos 44% (ainda a mais elevada entre os candidatos, o que tende a ser obstáculo significativo em eventual segundo turno), ao passo que a de Haddad disparou de 27% para 38%. O aumento no número de eleitores que dizem não votar no ex-prefeito paulistano de jeito nenhum mostra o equilíbrio da corrida eleitoral.

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A rejeição a Bolsonaro só cresceu entre eleitores com nível de escolaridade até a 4ª série do ensino fundamental (de 42% para 46%) e na região Sul (de 29% para 35%), onde o percentual ainda era baixo comparado com sua média. Até mesmo entre as mulheres, houve uma oscilação negativa (de 52% para 51%), mas com patamar ainda considerado bastante elevado.

Já Haddad tomou um banho de água fria. A estagnação nos 21% de intenções de voto após forte disparada em duas semanas pode preocupar a base petista. A herança de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi total, mas tende a ser suficiente para colocá-lo no segundo turno. A partir daí, o ex-prefeito precisa de mais para sonhar com uma vitória.

Pela atual fotografia, Haddad parece ter ficado com os votos petistas, e não com os lulistas. Conforme mostrou o último Datafolha (26 a 28/09), os que apontam o PT como partido de preferência representam 23% da totalidade do eleitorado. Com os atuais patamares, o ex-prefeito tem 91% desta faixa.

Na última pesquisa Ibope em que era considerado candidato (20/08), Lula tinha 37%, contra 18% de Bolsonaro. O atual patamar de Haddad corresponde a 57% do que tinha seu padrinho político. A rejeição a Lula naquela época era de 30%, 8 p.p. menor que a registrada hoje por seu substituto na corrida presidencial. É claro que seria natural que, se o ex-presidente ainda fosse candidato, sua rejeição crescesse neste momento da disputa.

De acordo com a pesquisa Ibope de ontem, a rejeição ao ex-prefeito cresceu em todos os segmentos da sociedade, superando a de Bolsonaro entre homens (43% x 35%); eleitores com idade entre 45 e 54 anos (42% x 41%) e 55 anos ou mais (39% x 38%); com nível superior (54% x 39%); renda de 2 a 5 salários (46% x 39%) e acima de 5 salários (58% x 33%); evangélicos (43% x 37%); brancos (47% x 37%); e das regiões Sudeste (43% x 38%) e Sul (47% x 35%).

Haddad foi feliz com o apoio petista, que, em uma eleição de baixos patamares, deverá colocá-lo no segundo turno. Mas ainda está muito aquém do desejado entre o eleitorado lulista, que pode optar por alternativas fora do espectro ideológico da esquerda. Para ganhar a eleição, o ex-prefeito terá que andar mais com as próprias pernas a partir de agora.

Do outro lado, conforme observam os analistas da consultoria Arko Advice, a intensificação de ataques contra Bolsonaro não pesaram em seu desempenho eleitoral. Tal efeito lembra o que ocorreu durante as eleições norte-americanas com Donald Trump. Ao ser atacado pelo establishment político local, o republicano reforçou sua imagem anti-sistema.

No segundo turno, além de representar o nome antiestablishment, Bolsonaro poderá fazer campanha com maior intensidade, tendo em vista sua recuperação da facada sofrida, e do igual espaço no rádio e na televisão, sendo que nas redes sociais já conta com vantagem expressiva.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.