Zumbis em Brasília: série faz sátira com candidatos à presidência em apocalipse

"Bolsonaro é o que mais aparece porque, goste-se dele ou não, é quem tem o protagonismo no cenário político atual - além de ser uma fábrica ambulante de bordões e memes"

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em um momento em que o país se divide entre os extremos políticos, é cada vez mais difícil ver as pessoas aceitarem brincadeiras com os candidatos, mas essa, pelo menos por enquanto, é uma conquista que o analista de sistemas André Guedes tem conseguido com seus vídeos da série “Zumbis em Brasília”.

Há três semanas, Guedes, que já fez charges esportivas para o Globo Esporte, lançou em seu Facebook e YouTube o primeiro vídeo em que os principais candidatos à presidência lutam para chegar a Brasília durante um apocalipse zumbi. Roteirizando, dublando, desenhando e animando, o analista brinca com as características de cada presidenciável na luta de cada um para chegar ao Planalto.

“É um momento perigoso de transição. A sensação é mesmo de um Brasil pós-apocalíptico, de instituições sucateadas e desânimo geral”, disse o analista em entrevista ao InfoMoney. “Qualquer um que vencer terá um baita desafio pela frente – a não ser aqueles que se beneficiam desse sucateamento”, afirma.

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Sobre a “transição” do esporte para a política, Guedes diz que foi algo “espontâneo” e lembra que já havia feito uma série de futebol chamada “Zumbis em Campo”. “Alcancei relativo sucesso e a garotada adorava, então decidi adaptar a ideia para a política nesse ano em que a disputa eleitoral está tão sangrenta e os ânimos andam tão acirrados”.

Em seu Youtube existem poucos vídeos, mas o mais antigo tem mais de nove anos. O aumento da audiência, porém, é muito claro: seu vídeo mais visto até então tinha 187 mil visualizações, mas os dois primeiros episódios de “Zumbis em Brasília” já bateram a marca de 1,7 milhão de views cada um.

Segundo ele, não houve nenhuma campanha de divulgação. “A série foi exaustivamente replicada no Facebook e no WhatsApp, mas meu canal no Youtube só sentiu esse efeito de crescimento alguns dias depois. Não houve nenhuma campanha ou impulsionamento, mas alguns influencers divulgaram e isso sempre ajuda”, explica.

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É preciso se posicionar
Com tantas visualizações e muitas piadas, principalmente focadas nos candidatos da esquerda, chega a surpreender a grande quantidade de elogios nos vídeos. Guedes diz que esperava muitas críticas dos eleitores de Marina Silva, Ciro Gomes e de Jair Bolsonaro, mas que não sabe até quando vai conseguir manter esse clima “amistoso”. “Mas eu vou tentar”, diz.

Guedes acredita, porém, que é preciso se posicionar politicamente e que chega a “pegar mal” com o público quem fica sempre neutro. “Me considero um cara de direita e as animações vão flertar sempre com esse viés. Atualmente, minha opção é evitar o PT e as esquerdas – então com essa informação é perfeitamente possível inferir qual é minha preferência eleitoral”, brinca sem falar nominalmente seu candidato.

Talvez por isso, para quem assiste aos vídeos, pode chamar atenção o fato de Bolsonaro ser retratado como um “líder” na luta dos candidatos contra os zumbis. “Bolsonaro é o que mais aparece porque, goste-se dele ou não, é quem tem o protagonismo no cenário político atual – além de ser uma fábrica ambulante de bordões e memes. E acho que as pessoas captam isso”, explica o chargista.

Mesmo com esta avaliação, Guedes diz que, por outro lado, os comentários que mais recebe é sobre Ciro Gomes, que estaria “muito calmo” em suas animações, o que leva algumas pessoas a acreditarem que ele faz apologia ao candidato do PDT. Apesar de negar isso, ele diz que não se sente “comprometido com imparcialidade”.

“Faço as charges pra me divertir e colocar um pouco daquilo que acredito, então não me sinto comprometido com imparcialidade – até mesmo porque não acredito em neutralidade. Todo mundo coloca uma pitada da sua orientação política particular naquilo que faz”, avalia ele.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.