Empatado com Bolsonaro no segundo turno, Haddad é favorito por ter menor rejeição?

Candidatos se distanciam do segundo pelotão e protagonizam cenário mais provável para segundo turno na corrida presidencial

Marcos Mortari

Brasília- DF 27-10-2016 Fernando Haddad (PT/SP) Prefeito de São Paulo durante entrevista no Palácio do PlanaltoFoto Lula Marques/ AGPT

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SÃO PAULO – A última pesquisa Ibope confirmou tendências indicadas por levantamentos anteriores: 1) um provável segundo turno entre o deputado Jair Bolsonaro (PSL) e o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT); 2) um empate entre os dois na simulação de segundo turno, cada um com 40% das intenções de voto. A sondagem, porém, mostrou o petista com uma taxa de rejeição de 29%, 13 pontos percentuais menor do que a do parlamentar, mas em tendência de alta.

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O novo contexto inaugura novas especulações no mercado: quem seria o nome favorito nesta simulação? Por contar hoje com menor índice de rejeição e estar empatado com Bolsonaro na simulação de segundo turno, Haddad teria maiores chances de êxito em outubro?

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Haddad disparou 11 pontos percentuais e chegou aos 19% de intenções de voto com apenas uma semana como candidato oficial do PT. Já Bolsonaro manteve tendência de alta, atingindo os 28%, em um movimento possivelmente beneficiado pelo “voto útil” antecipado, visto que quatro nomes do campo azul – Geraldo Alckmin (PSDB), Álvaro Dias (Podemos), João Amoêdo (Novo) e Henrique Meirelles (MDB) – oscilaram algo entre 1 e 2 pontos percentuais para baixo.

Bolsonaro e Haddad se distanciaram do segundo pelotão enquanto o grupo de brancos, nulos e indecisos minguou 5 pontos percentuais, para 21% – patamar ainda elevado, que faz com que analistas políticos adotem tom de cautela, mas permite o mercado a traçar como cenário base a disputa entre o petista e o parlamentar.

Em disputas de segundo turno, eleitores de candidatos derrotados escolhem a opção que lhes parece melhor ou menos pior. O melhor indicador para isso seria a rejeição a cada um dos candidatos. De acordo com o último Ibope, Bolsonaro lidera este ranking, com 42% dos apontamentos. Haddad, por sua vez, saltou de 16% para 29% em um intervalo de um mês. Este seria um indicativo de favoritismo?

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Pela fotografia, poderia ser. Mas a sequência de pesquisas mostra que, na medida em que Haddad se faz mais conhecido e cresce nas pesquisas com a associação à imagem de Lula, também cresce o grupo dos eleitores que dizem não votar nele de jeito nenhum. Naturalmente, o petista torna-se foco do lulismo e antilulismo. Vale ressaltar que, na última pesquisa Ibope em que sua candidatura foi considerada, realizada entre 17 e 19 de agosto, Lula tinha 30% de rejeição, contra 37% de Bolsonaro.

Pelos gráficos e a disposição dos votos, é possível que Haddad continue crescendo em ritmo mais forte nas próximas pesquisas. Analistas vislumbram a possibilidade de ele superar Bolsonaro nas simulações de segundo turno, mas a rejeição ao petista também deve crescer rapidamente.

“Ainda é cedo [falar em qualquer favoritismo]. O que a pesquisa mostra para o segundo turno é um país rachado. Vale destacar que, ao mesmo tempo em que Haddad agrega o prestígio de Lula, ele também começa a agregar a rejeição”, observa Carlos Eduardo Borenstein, analista político da Arko Advice.

“Agora, é claro que o fato de a rejeição de Bolsonaro neste momento ser maior é uma adversidade que ele terá que lidar. Sem falar que, dado seu quadro de saúde, em eventual segundo turno, ele também tem como desvantagem o fato de estar impossibilitado de dar entrevistas, participar de debates e até mesmo tem limitações para gravar para propaganda eleitoral”, complementa o especialista.

É neste contexto de percepção de adversidades que surge também a narrativa de vitória de Bolsonaro em primeiro turno. O quadro é considerado muito pouco provável pelos analistas políticos, já que, pela fotografia das pesquisas, o deputado teria que conquistar algo entre 64% e 88% dos votos dos adversários localizados no “campo azul”: Alckmin, Meirelles, Amoêdo e Álvaro Dias.

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“Claro que é um desejo de aliados de Bolsonaro, mas um sintoma das dificuldades que ele pode ter em eventual segundo turno. Eles devem estar enxergando isso, em função desses obstáculos com rejeição e o próprio quadro de saúde”, avalia.

Para Borenstein, apesar das dificuldades do deputado, o cenário está muito aberto e indica uma possível disputa apertada entre os dois candidatos, caso ela se confirme em 7 de outubro. O que se espera é que o nome que melhor conseguir marchar em direção ao centro e controlar sua rejeição terá as maiores chances de êxito.

Na avaliação de Christopher Garman, diretor-executivo para Américas da consultoria de risco político Eurasia, o crescimento rápido de Haddad era esperado, mas Bolsonaro é hoje favorito neste cenário. Ele atribui 55% de chance de vitória do parlamentar.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.