Por que as enquetes digitais dão resultados tão diferentes das pesquisas eleitorais?

Cientista político e especialista em pesquisas Renato Dolci explica a falta de credibilidade das pesquisas feitas na internet

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Durante o último Painel WW, apresentado por William Waack na terça-feira (4), um espectador do programa questionou os convidados sobre a diferença dos resultados apresentados entre as enquetes virtuais e as pesquisas eleitorais tradicionais, além de querer saber qual delas merece mais credibilidade.

Segundo Renato Dolci, cientista político e especialista em pesquisas e Big Data, é difícil trabalhar com enquete digital porque na internet existem muitos problemas sobre credibilidade e modelo em que as pesquisas são feitas.

O primeiro ponto que ele levanta é sobre o fato da pessoa poder responder mais de uma vez ao questionário. Mesmo que isso seja “travado”, é possível ir em outro computador (mudar de IP) e responder de novo.

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“Para dar um exemplo, em quase todas as pesquisas eleitorais feitas na internet, o Bolsonaro tinha 70% das intenções de voto. Isso é uma deformação bem grande do ponto de vista dos números das pesquisas tradicionais”, afirma Dolci.

Segundo ele, é difícil “metrificar na internet porque a relação entre volume e frequência não são exatamente iguais aos modelos tradicionais”. “Eu posso ter uma frequência muito alta, ou seja, uma pessoa falando várias vezes, e o volume também é diferente”, explica.

O cientista político diz ainda que o conceito de amostra não fica muito claro nestas enquetes, sendo preciso construir caminhos diferentes para se conseguir fazer este tipo de análise. “É muito difícil se ter credibilidade em pesquisas digitais exatamente pelo fator de que elas são altamente manipuláveis por conta da tecnologia”, conclui.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.