Haddad é Lula nas eleições? 5 indicações do poder de transferência de votos dentro do PT

Em clima de incertezas, crescem as especulações sobre quantos votos Haddad poderá herdar de Lula até 7 de outubro

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A mais recente pesquisa Datafolha, divulgada na manhã desta quarta-feira (22), mostrou um aumento na força do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa que determinará o sucessor do presidente Michel Temer pelos próximos quatro anos. Preso há mais de quatro meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o líder petista aparece com 39% das intenções de voto, mas tem grandes chances de ser barrado no processo pela Lei da Ficha Limpa.

Diante deste cenário-base, crescem as especulações sobre o papel de cabo eleitoral a ser desempenhado por Lula, tendo o nome de Fernando Haddad, atual vice na chapa, como esperado herdeiro político durante a disputa. Se a eleição fosse hoje, o ex-prefeito de São Paulo não teria mais que 4% das intenções de voto, considerando o levantamento realizado de 20 a 21 de agosto. Mas sabe-se que Haddad ainda é um nome desconhecido por boa parte do eleitorado e o PT ainda está em processo de construção do “plano B”. A candidatura de Lula segue como discurso oficial (até quando?).

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A imagem de Haddad já começou a ser mais exposta. Coordenador do programa de governo da candidatura de Lula e vice na chapa encabeçada pelo ex-presidente, ele tem concedido entrevistas à imprensa, aparecido em vídeos do partido e viajado pelo país para divulgar as ideias da campanha. Nesta semana, a agenda é no Nordeste, principal reduto eleitoral petista. Lá, a ideia é difundir a ideia do “vote 13”, mas sem que Haddad seja apresentado como candidato.

No partido, uma das maiores dúvidas hoje recai sobre o timing da migração. Uma ala defende que se estique a corda da candidatura de Lula até o limite, ao passo que outra quer antecipar o processo. De um lado, o bom desempenho do ex-presidente nas pesquisas gera esperança de um quadro ainda mais favorável lá na frente. Do outro, a falta de tempo para realizar a transferência de votos e o risco de consolidação de outro cenário no tabuleiro eleitoral, em que o eleitor busque alternativas, podem pôr em risco o desempenho do PT.

Recuperando as últimas pesquisas Datafolha feitas antes do início do horário de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão (na época, a 45 dias do primeiro turno) nas respectivas eleições de 2002 a 2014, nota-se que Lula hoje pontua melhor do que quando foi eleito pela primeira vez e que Dilma Rousseff na disputa pela reeleição. O melhor desempenho de Lula nessas condições ocorreu em 2006, quando disputava a reeleição. Na ocasião, ele contava com 47% das intenções de voto antes da propaganda começar, 8 pontos percentuais a mais do que o patamar atualmente registrado — 12 anos depois, fora do governo e preso.

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Em meio a tantas dúvidas, uma das poucas certezas é que Haddad não deverá chegar em 7 de outubro com apenas 4% das intenções de voto — ou mesmo os 7% registrados na última pesquisa telefônica realizada pelo Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) por encomenda da XP Investimentos. O desempenho real, contudo, é uma incógnita.

Os últimos levantamentos dão subsídios para especulações sobre o tamanho que poderá ter o candidato petista ao longo do processo. Vamos a alguns deles:

1) Segundo o Datafolha, 48% dos eleitores de Lula não conhecem Haddad, e 26% apenas “ouviram falar” dele. Esta informação revela o desafio de tornar o ex-prefeito nacionalmente conhecido em tão pouco tempo, mas também uma oportunidade para crescer nas pesquisas. Haddad não é conhecido por 27% de todos os entrevistados, ao passo que 59% já ouviram falar dele.

2) O levantamento também mostra que 62% dos eleitores lulistas dizem que escolheriam “com certeza” o candidato por ele apoiado. Isso equivale a 24% de todo o eleitorado, percentual que o colocaria na liderança da corrida presidencial, tecnicamente empatado com o deputado Jair Bolsonaro (PSL). Entre o total de eleitores, 48% afirmam não votar em nenhum candidato indicado por Lula, contra 31% que dizem que com certeza votariam e 18% que talvez votem. A rejeição a Lula é de 34%, e a de Haddad é de 21%.

3) Segundo pesquisa divulgada pelo Ibope dois dias antes, caso Lula seja impedido e declare apoio a Haddad, 13% votariam no ex-prefeito, 14% dizem que poderiam votar nele e 60% não o apoiariam “de jeito nenhum”. Pelo mesmo levantamento, Haddad teria rejeição de apenas 16% — muito em função do elevado desconhecimento da população, embora tenha comandado o ministério da Educação durante boa parte dos governos petistas.

4) De acordo com pesquisa XP/Ipespe da última sexta-feira, Haddad tem 7% das intenções de voto quando é considerado o candidato do PT na corrida presidencial, 4 pontos percentuais acima do último levantamento. Quando seu nome é acompanhado da informação de que ele seria “apoiado por Lula”, há um crescimento para 15%, em condição de empate técnico com Bolsonaro, no limite da margem de erro. Segundo a pesquisa, 26% dos eleitores dizem não conhecer Haddad suficientemente, ao passo que 54% afirmam que não votariam nele e apenas 9% manifestam apoio neste momento.

5) Pesquisa CNT/MDA divulgada na segunda-feira mostrou que hoje há uma migração de 17,3% das intenções de voto em Lula para Haddad, caso o ex-presidente seja impedido de concorrer. Isso equivale a 6,4% dos votos totais. Marina Silva (Rede) vem logo atrás, herdando 11,9% das intenções de voto, acompanhada por Ciro Gomes (PDT), com 9,6% desta fatia, e Bolsonaro, com 6,2%. A pesquisa também mostrou uma queda na rejeição a Lula, de 46,8% em maio, para 41,9% em agosto.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.