Candidatos à presidência ficam pela primeira vez cara a cara; veja o que esperar do debate na Band

Organização do evento estima um total de 64 confrontos entre os 8 presidenciáveis convidados, além de perguntas do público e de jornalistas

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Passado o período das convenções partidárias e a confirmação dos candidatos e das alianças formadas, a corrida presidencial entra em uma nova fase. Nesta quinta-feira (9), a partir das 22h (horário de Brasília), a TV Bandeirantes organiza o primeiro debate entre candidatos ao Planalto. Será a primeira vez, depois de confirmadas as candidaturas, que os presidenciáveis estarão cara a cara para discutir percepções e propostas para o Brasil. A organização do evento estima um total de 64 confrontos entre os convidados, além de perguntas do público e de jornalistas.

Confirmaram presença no encontro os candidatos Álvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede). O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso há quatro meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, não conseguiu autorização judicial para participar. Outros candidatos não foram convidados por não atenderem a critérios estabelecidos de representarem coligações com, no mínimo, 5 congressistas.

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O debate está dividido em cinco blocos. No primeiro, os candidatos responderão às perguntas feitas pelos leitores do jornal Metro. Em seguida, ainda neste bloco, começa a etapa de perguntas e respostas entre os candidatos, com ordem definida por sorteio. Cada candidato poderá ser perguntado até três vezes. No segundo e quarto blocos, jornalistas do Grupo Bandeirantes farão perguntas para todos os candidatos e escolherão quem vai replicar. O questionado terá direito a tréplica. No terceiro bloco, novamente candidato pergunta para candidato, com limite de uma repetição de respondente escolhido. O último bloco será de considerações finais.

Para entender o que esperar deste primeiro debate e quais podem ser as estratégias adotadas pelos candidatos, o InfoMoney ouviu três cientistas políticos: Carlos Eduardo Borenstein, da consultoria Arko Advice; Paulo Moura, especialista em comunicação política; e Ribamar Rambourg, que também é economista Eis um resumo das avaliações sobre como deverão se posicionar os candidatos que melhor aparecem nas pesquisas:

Jair Bolsonaro

Líder nas pesquisas nos cenários que desconsideram a candidatura de Lula, Bolsonaro deve evitar confronto direto com adversários, mas talvez não consiga evitá-lo, dada sua posição de destaque na disputa. “Evitar confronto é complicado, porque seu eleitor é ‘brigão’. O que se pode esperar é contra-ataque, até porque é mais confortável reagir”, afirmou Paulo Moura, especialista em comunicação política.

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Visão similar tem Carlos Eduardo Borenstein, analista da Arko Advice, que acredita em um possível enfrentamento entre o deputado e Geraldo Alckmin, já que o tucano precisa reconquistar apoio de eleitores que hoje estão com Bolsonaro.

Para o cientista político Ribamar Rambourg, Bolsonaro deverá falar para seu próprio público, estratégia já adotada nas últimas entrevistas concedidas à imprensa. “Quanto mais chamar atenção, tanto melhor pra ele”, observou. Com pouca estrutura partidária e tempo de televisão, a estratégia do parlamentar passa por manter o nível de apoio de seus fiéis, em uma tentativa de frustrar os planos de Alckmin.

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Geraldo Alckmin

Patinando nas pesquisas, Alckmin deve dar continuidade a movimentos em busca de eleitores que apoiaram candidatos do PSDB em outras eleições e hoje têm preferência por Bolsonaro, Álvaro Dias ou se declaram indecisos. Para os especialistas ouvidos, é possível que Alckmin provoque o deputado.

“Até pelo fato de a escolha de Ana Amélia [como vice] ter sinalizado interesse em crescer à direita, Alckmin deve buscar o contraditório com Bolsonaro, explorando o que já tem circulado nas redes sociais do PSDB, como um suposto despreparo e radicalismo do deputado em relação a alguns temas”, apostou Borenstein.

“Faz sentido que Alckmin tente provocar algum desgaste [com Bolsonaro]. Mas isso não é fácil, porque parte do desgaste do PSDB em São Paulo vem de um eleitor de direita convicto conservador que votava no partido no momento em que era opção ao PT. A polarização aprisionava esse eleitor”, observou Moura.

Para o especialista em comunicação política, o tucano precisará ser habilidoso para atacar Bolsonaro e evitar contra-ataques efetivos. “O fato de Alckmin ter se aliado a tudo que o eleitor rejeita, na figura do ‘centrão’, complica. Ficou fácil carimbar nele uma aliança com as mesmas pessoas que estiveram com Lula e Michel Temer. Isso cola, porque a percepção popular é essa”, disse.

Dada a cristalização do apoio a Bolsonaro, a estratégia do enfrentamento por um adversário como Alckmin pode não ser suficiente para provocar uma queda em suas intenções de voto. “A menos que apareça algo grave que mostre que Bolsonaro não é o que mostra ao eleitor, acho muito difícil morder em seu núcleo duro. Enquanto não houver decepção nele, é muito difícil converter esses eleitores”, complementou Moura.

Já Ribamar Rambourg acredita que o tucano deve reforçar seu discurso baseado na experiência e na união nacional e evitará entrar em bola dividida com adversários. Por outro lado, ele espera que Alckmin seja alvo de críticas por sua aliança com os partidos do “blocão” (PP, DEM, PR, PRB e Solidariedade).

Marina Silva

Futuramente, Moura acredita que Marina será alvo de intensos ataques do PT, que precisará crescer entre um eleitorado de esquerda que hoje declara apoio à ex-senadora, em uma espécie de reedição do que foi observado em 2014. Contudo, como Lula nem seu possível substituto estarão no debate, ela não deve protagonizar intensos enfrentamentos nesta noite, até mesmo pelo perfil da candidata.

Ciro Gomes

É um candidato de comportamento imprevisível. Na avaliação de Moura, o ex-governador do Ceará ainda tem esperança em se constituir como a alternativa de esquerda nesta eleição. “O jogo dele vai ser para tentar conquistar esse eleitor. Polarizar com Bolsonaro é uma alternativa. Batendo no líder pode crescer. Ciro precisa crescer à esquerda e pode fazer isso com um discurso econômico”, analisou.

Lula

Apesar de não participar deste debate, Lula pode ser assunto em alguns momentos, em função da posição que ocupa na cena política nacional. Na avaliação dos especialistas consultados, porém, os candidatos presentes não devem focar em atacar o ex-presidente. “A lógica, dada a rejeição de Temer, é bater nele e no centrão. Também haverá tentativa de carimbar Temer em Alckmin”, pontuou Moura.

Para Borenstein, enquanto um dos focos do PT nas redes pode ser a crítica aos tucanos, os adversários devem evitar falar sobre Lula. “Claro que Ciro, Alckmin e Bolsonaro farão críticas, mas acho que não vai ser o foco, até porque Lula tem um capital político, 1/3 do eleitorado o acompanha. Se começarem a bater no Lula, é justamente o que o PT quer. Para os adversários até vale a pena não entrar nessa pauta para não dar audiência para ele”, concluiu.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.