Bolsonaro perde força, mas mantém liderança sem Lula; “não voto” soma até 65% dos eleitores, mostra XP/Ipespe

Deputado oscila dentro da margem de erro, mas aponta tendência de baixa e volta a patamares do início da série de levantamentos feitos pelo Ipespe por encomenda da XP Investimentos

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A menos de quatro meses do primeiro turno, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) mantém a liderança na corrida presidencial nas simulações sem o ex-presidente Lula, mas está mais distante de seu melhor desempenho já registrado. É o que mostra pesquisa telefônica realizada pelo Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) entre 11 e 13 de junho, a quarta encomendada pela XP Investimentos em cinco semanas. O InfoMoney teve acesso aos dados com exclusividade.

De acordo com o levantamento, o parlamentar agora tem entre 19% e 22% das intenções de voto, dependendo da situação avaliada. Em todos os casos, o pré-candidato pelo PSL teve oscilação para baixo de 1 ponto percentual em comparação com a semana anterior, movimento dentro da margem de erro de até 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo. O desempenho não freou a tendência de queda observada desde a máxima atingida por Bolsonaro no terceiro levantamento da série, de até 26%, entre 21 e 23 de maio.

O desempenho mostra dificuldade do deputado em conquistar apoio de outras faixas de eleitores fora da extrema-direita. Leia análise completa clicando aqui.

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Na pesquisa espontânea, quando não são apresentados nomes de candidatos aos entrevistados, o deputado voltou aos 13% registrados no primeiro levantamento, após chegar a marcar 18% em sua melhor semana, entre 21 e 23 de maio. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece tecnicamente empatado, com 12% das intenções de voto, em uma oscilação de 2 pontos percentuais para baixo em relação à semana anterior. Outros candidatos não passam de 2% nesta situação enquanto o grupo dos “não voto” (brancos, nulos e indecisos) soma 65%, 3 p.p. a mais que no último levantamento.

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A pesquisa testou quatro situações de primeiro turno. No cenário sem uma candidatura apresentada pelo PT, Bolsonaro tem 22%. Na sequência, aparecem tecnicamente empatados a ex-senadora Marina Silva (Rede), com 13%, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), com 11%, e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), com 8%. O senador Álvaro Dias (Podemos) tem 6%. Manuela D’Ávila (PCdoB) e Henrique Meirelles (MDB) aparecem com 2%. Com 1%, estão Guilherme Boulos (PSOL) e Flávio Rocha (PRB). Brancos, nulos e indecisos somam 34%.

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Na simulação com o PT lançando o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como candidato, Bolsonaro lidera com 21%, seguido por um empate triplo entre Marina Silva (13%), Ciro Gomes (10%) e Geraldo Alckmin (8%). Álvaro Dias aparece com 6%, tecnicamente empatado com Henrique Meirelles, Manuela D’Ávila e Haddad, todos com 2% das intenções de voto. Flávio Rocha e Guilherme Boulos têm 1% cada. Brancos, nulos e indecisos somam 33%.

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No cenário em que sua candidatura é incluída, o ex-presidente Lula lidera com 29% das intenções de voto, seguido por Bolsonaro, com 19%. Em outro pelotão, aparecem tecnicamente empatados Marina Silva (10%), Geraldo Alckmin (7%), Ciro Gomes (6%) e Álvaro Dias (6%). Henrique Meirelles tem 2%, enquanto Manuela D’Ávila e João Amoêdo (Novo) têm 1% cada. Os “não voto” somam 18%.

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A pesquisa também testou pela segunda vez um cenário que simula o poder de transferência de votos de Lula a Fernando Haddad como candidato do PT. Para isso, o nome do ex-prefeito foi apresentado aos entrevistados acompanhado pelo aposto “apoiado por Lula”, o que lhe rendeu um salto nas intenções de voto e a segunda posição na disputa. Nesta situação, Bolsonaro lidera com 20%, seguido por um empate técnico entre cinco candidatos: Haddad (11%), Marina Silva (10%), Ciro Gomes (9%), Geraldo Alckmin (8%) e Álvaro Dias (6%). Henrique Meirelles tem 2%, ao passo que Flávio Rocha e Guilherme Boulos aparecem com 1% cada. Brancos, nulos e indecisos somam 31%.

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* Henrique Meirelles tem 2%, mesmo patamar da semana anterior. Flávio Rocha e Guilherme Boulos seguiram com 1% cada. Manuela D’Ávila, por sua vez, tinha 2% e desta vez não pontuou.

A inclusão do termo “apoiado por Lula” à apresentação do nome de Haddad faz a transferência de votos do ex-presidente ao ex-prefeito saltar de 5% para 39%. Sem esse estímulo, os maiores herdeiros do capital político de Lula são Ciro Gomes e Marina Silva, conquistando algo entre 18% e 20% destas intenções de voto cada. Até mesmo no último cenário testado, com o apoio canalizado a Haddad, a dupla conquista 13% e 12%, respectivamente, dos eleitores de Lula.

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Segundo turno

Foram testadas seis situações de segundo turno na pesquisa XP/Ipespe. Em eventual disputa entre Alckmin e Haddad, o tucano venceria por 20% a 19%, com 46% de brancos, nulos e indecisos. A diferença de 10 pontos percentuais é a mesma registrada na semana anterior, com oscilação de 1 ponto para baixo nas intenções de voto de cada candidato. Na terceira semana de maio, eles chegaram a estar tecnicamente empatados.

Se a disputa fosse entre Lula e Bolsonaro, o petista venceria por 42% a 34%, com 24% de brancos, nulos e indecisos. Uma semana atrás, a vantagem numérica era de 5 pontos, o que configurava empate técnico. No início da série histórica, o deputado aparecia 2 pontos na frente, mas também em situação de empate técnico.

Caso Bolsonaro e Alckmin se enfrentassem, a situação é de empate técnico, com o deputado numericamente à frente por placar de 33% a 31%. Brancos, nulos e indecisos somam 35% das intenções de voto. A diferença de placar neste levantamento é 3 pontos menor do que a registrada na semana anterior.

Em eventual disputa entre Marina Silva e Bolsonaro, o cenário também é de empate técnico, com a ex-senadora liderando por 38% a 34%. Brancos, nulos e indecisos somam 28% das intenções de voto. Uma semana atrás a candidata da Rede aparecia 1 ponto à frente.

Empate técnico também é observado na simulação de disputa entre Alckmin e Ciro, com o tucano numericamente à frente por placar mínimo de 31% a 30%. Brancos, nulos e indecisos somam 39%. Uma semana atrás, o cenário também era de empate técnico, mas com placar favorável ao pedetista por 3 pontos de diferença.

Caso Bolsonaro e Ciro se enfrentassem, o cenário também seria de empate técnico (como na semana anterior), com o parlamentar à frente numericamente com placar de 34% das intenções de voto a 33%. Brancos, nulos e indecisos somam 34%. Nos dois primeiros levantamentos, o deputado vencia a disputa com diferença superior à soma da margem de erro dos candidatos.

Rejeição aos candidatos

A pesquisa também perguntou aos entrevistados sobre os candidatos em que não votariam em nenhum cenário. O líder em rejeição continua sendo Lula, com taxa de 60%, mas agora numericamente empatado com o Geraldo Alckmin, que tinha 53% de reprovação em maio. Tecnicamente empatados com o ex-presidente e o tucano aparecem Marina Silva (57%), Ciro Gomes (56%), Fernando Haddad (57%) e Henrique Meirelles (55%). A trajetória dos principais nomes está na tabela abaixo:

CANDIDATO ENTRE 21/05 E 23/05 ENTRE 04/06 E 06/06 ENTRE 11/06 E 13/06
Lula 60% 60% 60%
Jair Bolsonaro 47% 54% 52%
Marina Silva 55% 60% 57%
Ciro Gomes 53% 58% 56%
Geraldo Alckmin 53% 59% 60%
Álvaro Dias 45% 47% 41%
Fernando Haddad 56% 59% 57%
Manuela D’Ávila 44% 48% 43%
Henrique Meirelles 56% 59% 55%
Guilherme Boulos 40% 44% 41%
João Amoêdo 35% 42% 34%
Flávio Rocha 39% 44% 36%

Fonte: XP/Ipespe

Para acessar a íntegra da pesquisa, clique aqui.

Metodologia

A pesquisa XP/Ipespe foi feita por telefone, entre os dias 11 e 13 de junho, e ouviu 1.000 entrevistados em todas as regiões do país. Os questionários foram aplicados “ao vivo” por entrevistadores (com aleatoriedade na leitura dos nomes dos candidatos nas perguntas estimuladas) e submetidos a fiscalização posterior em 20% dos casos para verificação das respostas. A amostra representa a totalidade dos eleitores brasileiros com acesso à rede telefônica fixa (na residência ou trabalho) e a telefone celular, sob critérios de estratificação por sexo, idade, nível de escolaridade, renda familiar etc.

O intervalo de confiança é de 95,45%, o que significa que, se o questionário fosse aplicado mais de uma vez no mesmo período e sob mesmas condições, esta seria a chance de o resultado se repetir dentro da margem de erro máxima, estabelecida em 3,2 pontos percentuais. O levantamento está registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pelo código BR-07273/2018 e teve custo de R$ 30.000,00. Para ter acesso ao questionário aplicado, clique aqui.

O Ipespe realiza pesquisas telefônicas desde 1993 e foi o primeiro instituto no Brasil a realizar tracking telefônico em campanhas eleitorais. O instituto tem como presidente do conselho científico o sociólogo Antonio Lavareda e na diretoria executiva, Marcela Montenegro.

Em entrevista ao InfoMoney, Lavareda explicou as diferenças de metodologias adotadas pelos institutos de pesquisa e defendeu a validade de levantamentos feitos tanto presencialmente quanto por telefone, desde que em ambos os casos procedimentos metodológicos sejam seguidos rigorosamente, com amostras bem construídas e ponderações bem feitas. Veja as explicações do sociólogo:

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.