Com Lula preso, PT caminha para maior divisão interna de sua história

Cenário pode contaminar até mesmo as alianças estaduais e estratégias do partido para as disputas proporcionais

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Um mês após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT enfrenta duros embates internos. Faltando cinco meses para as eleições, não há indicações de quais serão os caminhos adotados pelo partido, sobretudo na disputa presidencial. Este cenário pode contaminar até mesmo as alianças estaduais e estratégias para disputas proporcionais.

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De um lado, governadores do partido buscam no pragmatismo uma possibilidade de evitar resultados ainda piores em outubro e pedem a discussão mais aberta de planos alternativos à cada vez mais difícil candidatura de seu maior líder, condenado a 12 anos e 1 mês de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Para eles, a tática de insistência em Lula é conveniente a alguns parlamentares, mas não ao partido como um todo.

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Do outro, a cúpula petista fala em manter a candidatura de Lula até as últimas consequências, o que vem associado da narrativa da perseguição política e uma postura política isolacionista. Tal postura, encabeçada pela presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), embora seja útil para a defesa do ex-presidente, prejudica na costura de importantes alianças estaduais.

“O PT, sem Lula, passará por divisão nunca vista na história do partido nessas eleições”, observou a equipe de análise política da XP Investimentos. Até o momento, não há indícios de recomposição entre a burocracia do partido e a ala mais pragmática, atenta às eleições.

A despeito das lutas internas observadas, o ex-presidente Lula voltará a ter posição central nos rumos do partido quando for a hora de decidir sobre candidaturas. Independentemente dos interlocutores nomeados em seu último discurso antes de ser preso, é ele quem detém os votos apresentados nas pesquisas eleitorais. Sendo assim, as expectativas são de uma rodada de afagos a Lula por partidários e outras figuras da esquerda nacional — inclusive, potencialmente o próprio Ciro Gomes.

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Nesse sentido, um caminho que não pode ser descartado é que Lula, de fato, insista em registrar sua própria candidatura. As chances de aceitação pela Justiça Eleitoral são pequenas, mas o fato político poderia garantir ao ex-presidente o controle do processo de escolha de seu sucessor na esquerda.

“Este complexo jogo da esquerda brasileira não será resolvido antes de julho. A guerra no PT deve escalar em maio, e uma solução estará longe e sem ninguém que tenha legitimidade e ascendência para negocia-lá. A guerra petista é mais um ingrediente para a movimentada segunda quinzena de julho que teremos”, projetam os analistas da XP Investimentos.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.