Publicidade
SAO PAULO – Algo está sendo despertado no Brasil, afirma a agência americana Associates Press em artigo sobre o cenário econômico e eleitoral brasileiro.
Afinal, diz a agência, após uma das recessões mais profundas da história moderna, o maior escândalo de corrupção da América Latina e mais de um ano com o País sendo comandado pelo provável presidente mais impopular do mundo, os brasileiros estão desesperados por algo diferente – “tão desesperados que alguns pregam o retorno da ditadura militar”.
Mas não são só aqueles que pregam a volta do regime militar que estão ganhando espaço no discurso político, aponta a agência. “Um punhado de novas organizações está tentando canalizar essa raiva para revigorar a democracia do país ao atrair novos rostos em um cenário político amplamente visto como fechado e não representativo”, afirma a AP.
Continua depois da publicidade
A publicação destaca diversos movimentos, como o Acredito e o Agora!, este último que espera ter 30 candidatos “novatos” nas próximas eleições. “Eles estão pedindo que as pessoas em todo o País ajudem a criar suas plataformas, sugerindo soluções para os problemas mais difíceis do Brasil: desigualdade, crime, má qualidade da educação, além da questão do envelhecimento da população. Seus esforços se concentram em lançar candidaturas para as Assembleias Legislativas estaduais e Câmaras federais”, aponta a agência.
Outra organização é o RenovaBR, criado por empresários para bancar a formação candidatos para as eleições de 2018 e prevê bolsas mensais de para os selecionados.
“Os movimentos estão sendo o sinal de um sistema que tem deixado de representar o povo brasileiro”, aponta a publicação. Essa avaliação é feita porque, segundo a AP, mesmo que a popularidade do presidente Michel Temer tenha mergulhado perto da margem de erro acima de zero, seus aliados no Congresso foram duas vezes capazes de barrar a denúncia feita pelo Ministério Público Federal contra ele, ainda mais levando em conta que esse movimento foi motivado porque vários congressistas também estão sendo acusados de corrupção.
A agência aponta também para os desafios nessa renovação. Para a AP, parte da desconexão entre os políticos e seus eleitores decorre da forma como os brasileiros agora escolhem – ou excluem – os seus candidatos.
Os líderes do partido mantêm um controle estrito sobre quem pode concorrer, bem como sobre a questão do financiamento, tornando quase impossível para os recém-chegados que desafiam o status quo, avalia a publicação. Os políticos costumam “designar” um sucessor – como foi o caso quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu Dilma Rousseff para a presidência. “O sistema partidário bizantino e a corrupção desenfreada também desanimaram os brasileiros mais jovens, deixando o país ainda nas mãos da geração que assumiu o poder quando o Brasil retornou à democracia, na década de 1980”, afirma.
Já o novo sistema de financiamento de campanhas públicas favorece os grandes partidos tradicionais enquanto penaliza os menores e os recém-chegados. E os independentes são proibidos de concorrer. Isso significa que esses novos grupos terão que negociar com os partidos existentes para colocar seus candidatos neófitos na cédula – e a AP ressalta que as conversas já começaram.
A crescente fúria dos políticos tradicionais tem ajudado o deputado Jair Bolsonaro, que enfrenta polêmicas por elogiar o regime militar do país e foi condenado em novembro por tribunais por declarações homofóbicas e racistas. Ele está em segundo lugar nas pesquisas para as eleições presidenciais do próximo ano. E é contra essa tendência que os grupos como Renova BR, Acredito e Agora! estão agindo, avalia a publicação.
Newsletter
Infomorning
Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia
Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.