Como Geraldo Alckmin pode ser “forçado” a ser o novo presidente do PSDB?

Conforme explica o analista Carlos Eduardo Borenstein, em política, um líder pode ser empurrado a assumir determinadas funções mesmo contra sua vontade. É o que pode acontecer com o tucano

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Uma grande confusão paira sobre o ninho tucano neste momento. Em meio a crescentes atritos internos em um processo de autofagia partidária, enquanto não há definição sequer sobre para quem o interino Alberto Goldman deverá entregar o bastão do comando da legenda, tampouco está fechada a candidatura do representante para a próxima disputa pela presidência da República. Os dois pontos caminham juntos e o desfecho pode se dar em torno de um mesmo nome: Geraldo Alckmin. O governador de São Paulo é hoje o nome mais cotado do PSDB para concorrer ao assento no Palácio do Planalto e, nas últimas semanas, passou a ser alternativa para comandar o partido, embora já tenha declarado não ter interesse em assumir tal responsabilidade.

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Mais recentemente, em viagem a Recife, onde buscou acenar para outra ala do PSB — partido com o qual conta para a configuração de uma coalizão em torno de sua candidatura em 2018 — e arrefecer os flertes da legenda com o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, o tucano disse que fará o que puder para pacificar o ninho tucano, mas voltou a tirar o corpo da possibilidade de tomar as rédeas do processo de condução partidária. “Não sou candidato a presidente nacional do PSDB, pois temos bons nomes. Mas no que eu puder ajudar para unir o partido eu o farei, porém não preciso ser presidente [da legenda] para isso”, disse durante palestra a empresários e políticos. Contudo, mesmo com essas declarações, não se pode descartar a possibilidade de o governador assumir o comando do PSDB, à revelia de suas próprias vontades. Foi o que explicou o analista político Carlos Eduardo Borenstein, da consultoria Arko Advice, no programa Conexão Brasília da última sexta-feira (17).

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“O que ocorre em política é que às vezes o líder não tem a vontade de assumir o cargo, a candidatura, mas ele é empurrado para isso. Se o Alckmin for empurrado para essa situação de assumir o PSDB para evitar essa disputa interna, ele fica meio sem ter o que fazer. Mas, mesmo assumindo, ele teria, de um lado, o desafio de gerenciar um partido que está muito fracionado do ponto de vista interno, mas, em compensação, se tiver êxito nisso, terá um partido unido em 2018. Existe a possibilidade de ele assumir a presidência do PSDB. Mas, para Alckmin assumir agora, ele teria que ser empurrado para essa situação. É um risco grande. Ele precisa reunir força interna para chegar lá”, observou o especialista. Caso tal cenário se confirme, Alckmin estará em uma situação complexa: de um lado, ganha a máquina partidária para articular sua candidatura; do outro, tem a quase impossível missão de unificar uma legenda profundamente dividida às vésperas das eleições. E um eventual fracasso pode esfriar sua candidatura, evidenciando uma incapacidade de “cuidar da própria casa”.

Para Borenstein, por mais que o governador seja hoje o nome mais cotado para representar o partido na próxima disputa presidencial, a eleição interna tucana poderá provocar mudanças na disposição das peças no tabuleiro. “A questão interna do PSDB está em aberto hoje. Tasso [Jereissati] está muito alinhado com [Geraldo] Alckmin e Fernando Henrique [Cardoso] dentro dessa tese do partido entregar os cargos e votar as reformas que o país precisa. De outro lado, está Aécio [Neves], que está com Marconi Perillo, e advoga uma manutenção do PSDB mais alinhado ao Temer. Mesmo que ele tenha falado que o PSDB está próximo de sair, eu creio que, se o grupo do Marconi e do Aécio ganhar essa disputa interna, vai haver um alinhamento maior do PSDB com o PMDB e cresceriam as chances de [João] Doria se viabilizar como candidato dentro do PSDB. De outro lado, se Tasso ganhar ou mesmo que Alckmin assuma a presidência do partido e evite a disputa interna, creio que Alckmin, com a máquina do PSDB na mão, é pouco provável que Doria tenha força para enfrentá-lo”, explicou.

Até a eleição interna marcada para 9 de dezembro, o cenário para o PSDB continuará nebuloso, inclusive em relação à postura do partido sobre o apoio ou não ao governo Michel Temer. Só nos resta aguardar.

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O programa Conexão Brasília é transmitido ao vivo, às sextas-feiras, a partir das 14h45 (horário de Brasília), pela InfoMoneyTV, sempre com especialistas convidados para debater os temas que marcaram a semana na política nacional.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.