Como o triunfo de Michel Temer afeta os planos de Geraldo Alckmin para 2018?

Governador de São Paulo perde a oportunidade de se reaproximar do Palácio do Planalto e corre risco de perder apoio dos peemedebistas na corrida presidencial

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A despeito da tentativa recente de reconstruir pontes com o Palácio do Planalto, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não tem muitos motivos para comemorar o resultado da votação sobre a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer no plenário da Câmara dos Deputados. Por 251 votos favoráveis ao relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que recomendava a rejeição da peça apresentada pela PGR (Procuradoria Geral da República), a 233 contrários, o governo conseguiu dissipar o fantasma contra o presidente e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral). O placar mais magro do que muitos projetaram foi suficiente para a continuidade da atual gestão. [Leia análise completa aqui]

Contudo, mais uma vez o PSDB manifestou profunda divisão interna sobre o assunto, entre os chamados “cabeças brancas” (deputados mais velhos) e os “cabeças pretas” (ala mais jovem do partido). Do ponto de vista do governismo, a votação de ontem mostrou uma defecção ainda maior do tucanato. Se na primeira denúncia, o partido entregou 21 votos e 4 ausências ao presidente, contra 21 votos pelo recebimento da peça, desta vez, 20 deputados manifestaram apoio ao governo e 3 se ausentaram. Os votos contrários ao presidente e seus ministros cresceram para 23 entre a bancada do PSDB. Curiosamente, o estado de São Paulo voltou a ser destaque como reduto de opositores.

Na primeira votação, quando se atribui a Geraldo Alckmin uma operação de bastidores contra o peemedebista, os tucanos paulistas apresentaram 12 votos contrários ao relatório de seu correligionário Paulo Abi-Ackel (MG) e apenas 1 favorável. Desta vez, foram 11 votos contrários, 1 favorável e 1 ausência. O governador chegou a cogitar exonerar dois secretários estaduais para votarem pela rejeição da denúncia, mas acabou deixando a ideia de lado. Um dia antes da votação, afirmou que esperava que o peemedebista se mantivesse no cargo e manifestou apoio ao presidente para “não fragilizar a economia”. Seu principal interlocutor na Câmara, o deputado Silvio Torres (SP) manteve voto contrário a Temer.

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Veja como votou cada um dos tucanos paulistas nas duas denúncias contra Michel Temer:

DEPUTADO(A) 1ª DENÚNCIA 2ª DENÚNCIA
Bruna Furlan A favor A favor
Carlos Sampaio Contra Contra
Eduardo Cury Contra Contra
Izaque Silva Contra Contra
João Paulo Papa Contra Contra
Lobbe Neto Contra Contra
Mara Gabrilli Contra Ausente
Miguel Haddad Contra Contra
Ricardo Tripoli Contra Contra
Silvio Torres Contra Contra
Vanderlei Macris Contra Contra
Vitor Lippi Contra Contra

Fonte: Câmara dos Deputados

“Alckmin não ganhou nada com o gesto pró-governo. Pelo contrário, projetou uma imagem de desespero para neutralizar [João] Doria. Quem resolveu a conta tucana foi mesmo o aecismo”, observou o analista político Leopoldo Vieira, que organiza o ciclo de lightning talks Idealpolitik-Análise de Cenários. Os dois principais nomes que disputam o direito de representar o PSDB nas próximas eleições presidenciais tem adotado estratégias distintas quanto à aproximação com o governo federal. Enquanto Alckmin optou pelo afastamento, receoso da toxicidade da impopularidade de Temer, o prefeito João Doria escolheu a aproximação na construção de pontes importantes com o PMDB.

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O incômodo com a repetição da manifestação opositora da bancada paulista dos tucanos já foi verbalizado por importantes aliados de Michel Temer. Um dos principais defensores do governo, o deputado Carlos Marun, vice-líder do PMDB na Câmara, disse que seu partido não pode apoiar eventual candidatura de Alckmin à presidência da República. “Não vejo nenhuma possibilidade de o governador Geraldo Alckmin ser apoiado pelo PMDB nas próximas eleições presidenciais depois da quase unanimidade da bancada paulista ter votado contra o presidente”, afirmou o deputado logo após a segunda denúncia ser rejeitada pelo plenário.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.