Gilmar Mendes diz que cassação de Temer levaria Brasil a um quadro de incógnita

Em entrevista à Folha, ele também afirmou que absolveria Dilma se ela fosse presidente: "como a absolvi, pois se ação fosse julgada procedente, ela ficaria inelegível por oito anos", afirmou

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em entrevista à Folha de S. Paulo, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Gilmar Mendes, defendeu a decisão do Tribunal Eleitoral de absolver Dilma Rousseff e Michel Temer da acusação de abuso de poder econômico, mantendo o atual presidente no cargo.

Ele afirmou que o papel dos juízes é “muitas vezes decidir de forma contramajoritária e desagradar tanto a chamada ‘vox populi’ quanto a voz da mídia”. Caso contrário, diz, seria melhor acabar com a Justiça “e criar um sistema ‘Big Brother'” para ouvir o povo e a imprensa, disse ele

Mendes ainda afirmou que, se Dilma Rousseff ainda fosse presidente, teria votado da mesma maneira. “Da mesma forma. Eu absolveria a Dilma. Como a absolvi, pois se ação fosse julgada procedente, ela ficaria inelegível por oito anos. Recentemente eu fui voto minerva na 2ª Turma [do Supremo Tribunal Federal] decidindo um habeas corpus em favor de José Dirceu [para que ele fosse libertado]. E também sofri críticas imensas, de todos os lados. Podem me imputar vários problemas, mas não vão me imputar simpatia por José Dirceu, não é?”.

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Ao ser questionado sobre as críticas de que teria lado, Gilmar Mendes afirmou: “essa é uma lenda urbana. Eu tenho relacionamento com todos os partidos. Dialoguei muito, e tranquilamente, com o então presidente Lula. A despeito das diferenças, tínhamos até uma relação de frequência, de amizade. Dizem ‘ah, esteve cinco ou seis vezes com o Temer’. Eu recebi outro dia o pessoal do PC do B. E perguntei ‘como vai o nosso partido’? Eu sou um comensal do PC do B, toda hora me reúno com eles”.

De acordo com ele, no caso do julgamento do TSE, foi bem decidido “não envolver a Justiça num processo de natureza estritamente política. Na Alemanha, no modelo parlamentar, há o voto de desconfiança construtivo: só se derruba um governo para colocar outro no lugar. Isso que é uma lei da política também é um critério de análise de consequência no âmbito jurídico-político. Queriam que o tribunal decidisse essa questão política, lançando o país em um quadro de incógnita”.

 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.