Temer pode contar com Justiça para barrar últimos gastos de Dilma – mas mais medidas virão

Em relatório, consultoria de risco política Eurasia fala sobre medidas anunciadas por Dilma no 1º de Maio de Dilma - elas devem ter pouco impacto para Temer, mas anúncios devem ser um lembrete para o vice

Lara Rizério

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SÃO PAULO – No último domingo (1º), a presidente Dilma Rousseff anunciou uma série de medidas para ampliar os programas existentes, como reajuste de 9% do Bolsa Família, proposta de correção da tabela do Imposto de Renda em 5% a partir de 2017, expansão do “Minha Casa Minha Vida”, entre outras medidas. 

Conforme destaca a consultoria de risco político Eurasia, de impacto fiscal modesto, as medidas visam reduzir a margem de manobra fiscal do vice-presidente Michel Temer, que tem grandes chances de assumir a presidência na próxima semana com a admissibilidade do processo de impeachment de Dilma pelo Senado. Contudo, as medidas devem ter pouco impacto sobre o vice, avalia a consultoria, uma vez que ele ainda terá uma boa janela de oportunidades para garantir reformas fundamentais no início de seu mandato.

De acordo com a maior parte das estimativas, o custo do pacote pode chegar a até R$ 7 bilhões, embora a maior parte (R$ 6 bilhões) se refira à correção da tabela do IR,  que requer a aprovação do Congresso.

“Na prática, o anúncio de 1º de maio teve mais como objetivo dificultar a vida da administração Temer do que melhorar a imagem de Dilma. Ela está forçando o (provável) próximo presidente a tomar posição sobre questões controversas imediatamente após assumir a presidência, em 12 de maio. Embora o impacto fiscal do ‘pacote de bondades’ de Dilma seja pequeno, a provável decisão de Temer de atenuar ou revogar algumas das medidas iria ao encontro da estratégia do PT e de Dilma”, afirmam os analistas políticos da consultoria.

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Do ponto de vista da opinião pública, Temer não poderá fazer muito. Se as medidas fiscais o colocarão diante de um cenário desafiador, ele terá ainda menos espaço para anunciar suas próprias medidas depois que assumir. “Na verdade, Dilma reajustou o Bolsa Família precisamente porque Temer estava sugerindo fazê-lo como sinal de seu compromisso com o programa. Porém, nos próximos dias, Temer poderá contar com o auxílio da Justiça para barrar a farra de gastos de última hora de Dilma. Ontem, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal suspendeu o pedido do governo (Medida Provisória 722) para um crédito adicional de R$ 100 milhões para financiar atividades oficiais de publicidade”, destaca a consultoria.

No entanto, a Eurasia espera que mais medidas sejam anunciadas no decorrer da semana. Além de aumentar os benefícios de alguns programas de educação e para a Agricultura, Dilma também pode fazer alterações no plano de banda larga.

“Com o tempo se esgotando, as opções de Dilma estão diminuindo. A presidente, por exemplo, está sinalizando que poderá enviar ao Congresso uma proposta de novas eleições a serem realizadas em outubro deste ano. É improvável que isso prospere dado um número de obstáculos políticos e legais. A idéia, no entanto, é uma tentativa de última hora para conquistar a opinião pública, com a proposta provavelmente implicando a resignação de Dilma e lançando Temer como problema”, afirma a consultoria.

Enquanto isso, a “lua-de-mel” de Temer, caso assuma, deve ser curta, devendo durar entre maio e agosto. Durante este tempo, o risco-chave para a sua administração continuará sendo a Lava Jato. “Dito isto, o anúncio do dia 1º de maio de Dilma serve como um lembrete de que o PT será uma importante fonte de incômodo para Temer, tanto no Congresso quanto nas ruas”, conclui a Eurasia.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.