“Esperem que viveremos momentos de muito combate democrático”, diz Lula

Em evento em São Paulo, ex-presidente compara atual momento ao golpe de 1964

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Sem voz para seu pronunciamento no seminário da Aliança Progressista “Democracia e Justiça Social”, realizado no Hotel Maksoud Plaza, o ex-presidente Lula teve o discurso lido pelo diretor do Instituto Lula, Luiz Dulci. Em sua participação, o líder petista voltou a mostrar preocupação com o processo em curso no Brasil e a defender o mandato de sua sucessora Dilma Rousseff.

“O que está em jogo em nosso país é mais do que o mandato legítimo da presidenta Dilma Rousseff. É o voto soberano de 54 milhões de mulheres e homens, que a escolheram livremente para governar o país. O que está em jogo é o risco de interromper um processo histórico, que passou pela conquista da democracia e nos levou a avanços extraordinários do ponto de vista social, político e econômico. Um processo histórico que levou à eleição de governos democráticos e populares na ampla maioria dos países da América Latina. O que está em jogo é a continuidade do processo democrático no Brasil e em toda a região”, afirmou Lula em texto lido por Dulci.

No discurso, o ex-presidente falou sobre os efeitos da crise econômica mundial, reconheceu erros cometidos pelo atual governo, mas enalteceu conquistas obtidas nos últimos anos de gestão petista. “O Brasil é maior que a mentira e a manipulação”, afirmou. “O combate à corrupção e à impunidade é essencial ao processo democrático. E a sociedade brasileira sabe que nenhum outro governo fez mais do que o nosso para combater esses males em nosso País. Foram os governos do PT que tomaram a iniciativa de propor, no Congresso, as leis de combate ao crime organizado, à lavagem de dinheiro, ao tráfico de influência, à corrupção empresarial. Foram os governos do PT que reconheceram, na prática, a autonomia do Ministério Público e fortaleceram a Polícia Federal, livrando estas instituições do mandonismo político”, disse Dulci em leitura do discurso de Lula.

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Continuou o líder petista criticando a articulação da oposição e comparou o atual movimento àquele ocorrido em 1964, que culminou na construção de uma ditadura civil-militar no Brasil. “Tirar Dilma é apenas um gesto. Tirar Dilma do jeito que querem é a maior ilegalidade desde o golpe militar”, afirmou o ex-presidente. Na avaliação dele, quem defendeu o país contra os anos de opressão e hoje apoia o impeachment pode estar cometendo “o mesmo crime ou até pior do que foram vítimas”, uma vez que antes “era um gesto de força militar, enquanto hoje é um gesto de livre vontade da direita”.

“Estou convencido que vai ter muita luta no Brasil. Esperem que viveremos momentos de muito combate democrático, porque não é possível aceitar que um canal de televisão ou um jornal governe o país”, afirmou o ex-presidente. “A sociedade brasileira está reagindo com vigor ao golpe do impeachment. Não são apenas os militantes do PT e nossos aliados. É a consciência democrática que se manifesta nas ruas e nas redes sociais, num amplo movimento de repúdio à quebra da ordem democrática. É um movimento crescente de indignação, que abarca inclusive os que não votaram em Dilma e os que têm críticas ao governo, mas não aceitam o ódio, a intolerância e nem as mentiras do golpismo”, complementou.

Na segunda metade de seu discurso, Lula fez uma comparação entre os manifestantes que foram as ruas em defesa do impeachment e aqueles que se posicionaram de modo contrário. Para ele, o primeiro grupo representam aqueles que negam a política, ao passo que o outro enxerga a saída na política. “Do nosso lado, há uma juventude ávida para discutir política. Do outro é a turma que nega política e nem lembram o voto da última eleição”, afirmou o ex-presidente.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.