Istoé: Dilma e Lula tentaram interferir na Lava Jato, diz Delcídio; senador não confirma conteúdo

De acordo com a revista, a presidente conversou com auxiliares e nomeou ministros para tribunais superiores

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A presidente Dilma Rousseff tentou interferir na Operação Lava Jato, segundo delação do senador Delcídio do Amaral, publicada pela revista Isto É desta quinta-feira (3). Lula também foi citado por tentativa de interferir na Operação.

De acordo com a revista, a presidente conversou com auxiliares e nomeou ministros para tribunais superiores – principalmente o STJ (Superior Tribunal de Justiça) – favoráveis às teses das defesas de acusados, em uma tentativa de ajudar empreiteiras e políticos alvos da Operação, segundo o senador.

Em nota enviada nesta tarde, o senador disse que  “não confirma” o conteúdo da matéria da revista IstoÉ. “Não conhecemos a origem, tão pouco reconhecemos a autenticidade dos documentos que vão acostados ao texto” diz a nota assinada pelo senador e por seu advogado, Antonio Augusto Figueiredo Basto, acrescentando que não foram contatados pela jornalista autora da reportagem para se manifestar sobre a fidedignidade dos fatos relatados.

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Na reportagem, a revista afirmou ainda que “a solução” passava pela nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o STJ. “Tal nomeação seria relevante para o governo”, pois o nomeado cuidaria dos “habeas corpus e recursos da Lava Jato no STJ”. O senador afirmou aos procuradores que a estratégia foi discutida com Dilma no Palácio da Alvorada e que sua tarefa era conversar “com o desembargador Marcelo Navarro, a fim de que ele confirmasse o compromisso de soltura de Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo”, da Andrade Gutierrez. Delcídio afirmou ter se reunido com Navarro no próprio Palácio do Planalto, no andar térreo, em uma pequena sala de espera: no STJ, ele cumpriu a orientação, mas foi vencido.

Delcídio foi preso na Operação Lava Jato em 25 de novembro de 2015 e solto há menos de um mês, mas antes prestou depoimento a PF (Polícia Federal).

O ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva também foi citado. Lula teria sido responsável por marcar uma conversa entre o senador e o filho de Nestor Cerveró, Bernardo, que acabou culminando na prisão do senador no âmbito da Lava Jato. Lula teria sido o mandante do pagamento de dinheiro para comprar o silêncio das testemunhas.

De acordo com a revista, o senador afirmou que o ex-presidente tinha conhecimento do esquema de corrupção da Petrobras e agiu direta e pessoalmente para barrar as investigações.

Conforme informa o jornal O Estado de S. Paulo, Delcídio decidiu fazer acordo de delação premiada, citando vários nomes, como o de Lula, e detalhando os bastidores  compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, entre outros assuntos. Segundo a Istoé, o senador afirmou que Dilma sabia de todo o processo de compra de Pasadena. Desde que saiu da prisão, Delcídio nega ter feito delação premiada.

Nos próximos dias, o ministro Teori Zavascki decidirá se homologa ou não a delação. Segundo a Istoé, o acordo só não foi sacramentado até agora por conta de uma cláusula de confidencialidade de seis meses exigida pelo senador. A condição, apesar de avalizada por procuradores da Lava Jato, não foi aceita por Zavascki, que devolveu o processo à PGR (Procuradoria-Geral da República) e concedeu um prazo até a próxima semana para exclusão da exigência. Para o senador, os seis meses eram o tempo necessário para ele conseguir escapar de um processo de cassação no Conselho de Ética do Senado.

O Instituto Lula afirmou, por sua vez, que o ex-presidente ” jamais participou, direta ou indiretamente, de qualquer ilegalidade, seja nos fatos investigados pela operação Lava Jato, ou em qualquer outro, antes, durante ou depois de seu governo”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.